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Ser gestor de topo custa 800 euros às mulheres

Em Portugal as mulheres ainda sofrem de discriminação salarial. Uma gestora de topo ganha por mês menos 800 euros do que ganharia se tivesse nascido homem.
29.12.2010 | Por Cátia Mateus


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Com 2011 à porta, discriminação ainda contínua a ser a palavra dominante em matéria salarial no panorama nacional português. De acordo com um estudo agora divulgado pelo Ministério do Trabalho, as mulheres portuguesas ganham menos do que os homens em todos os níveis profissionais e de qualificação. Uma diferença que se agrava, sobretudo, nos quadros de topo.

Segundo os técnicos do Ministério do Trabalho que conduziram o estudo-síntese, “o salário bruto total médio dos homens em Portugal contínua a ser, em todos os níveis de qualificação, superior ao das mulheres”. Segundo o relatório, “o maior afastamento a nível remuneratório regista-se nos quadros superiores onde as mulheres recebem, em média, menos 29,5% do que os homens em termos de ganho total”. Em termos concretos, segundo o estudo, uma mulher que ocupe um cargo de topo em Portugal, não verá o seu salário mensal ir muito além dos 2000 euros brutos. Por oposição, um homem nas mesmas funções ganha cerca de 800 euros mais por mês.

Contudo, o estudo frisa que a aproximação destes dois valores é evidente e tem vindo a acontecer uma aproximação gradual de salários para ambos os sexos. Ainda assim, numa análise global transversal a todos os setores de atividade, cargos e qualificações, em Portugal a média salarial das mulheres ronda os 900 euros e a dos homens os 1140 euros mensais. Para esta divergência pode contribuir o facto de só 44,2% das mulheres trabalharem a tempo inteiro e 70% dos part-time existentes no país serem preenchidos por mulheres.

Mas além de analisar as divergências salariais, o estudo passou também em revista o impacto da crise que se iniciou em 2007 na remuneração dos portugueses. As conclusões não podiam desanimar mais. É que segundo o estudo, os profissionais mais qualificados foram os mais prejudicados com o fantasma da recessão. Entre 2007 e 2009, os salários dos profissionais por conta de outrem e com qualificação superior, entre os quais se destacam professores, engenheiros, arquitetos, advogados, e outros, viram o seu vencimento melhorar apenas 0,8%.

Segundo o Ministério do Trabalho, embora a economia continue interessa em recrutar estes perfis, a realidade é que as empresas do setor público pagam cada vez pior, atualizando os ordenados bastante abaixo da média nacional. Os números dos quadros de pessoal do setor publico e privado, divulgados pelo organismo estatal entre 2007 e 2009, apontam para uma atualização média salarial de 1,9%, em termos nominais, entre os profissionais altamente qualificados. Os quadros médios assistiram a subidas na ordem dos 0,33% e os quadros superiores 0,9%. Já o salário bruto dos gestores de topo subiu entre 2008 e 2009, cerca de 1,7%.

Para os especialistas este fenómeno da desvalorização salarial é relativamente simples de justificar com duas questões decorrentes da crise: a reforma da administração pública e a tentativa de conter custos para controlar o défice. Por um lado contratam-se profissionais técnicos muito qualificados com salários mas baixos e condições mais precárias, como avenças. Por outro, o tecido produtivo está em mudança e absorve cada vez mais pessoas jovens, com contratos de trabalho menos rígidos em termos remuneratórios. “ parcela correspondente à remuneração variável tem vindo a assumir uma parcela mais significativa do que tinha nos contratos mais antigos”, conclui o estudo.



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