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Há emprego no calçado

Há emprego no calçado

É um dos setores mais dinâmicos do país, exporta 95% e cresceu nos últimos cinco anos, o triplo da média da economia nacional. A indústria do calçado gera emprego, mas não há quem lá queira trabalhar. Nos próximos meses, em pleno pico de produção do setor, o número de vagas por preencher pode chegar às mil.
16.12.2010 | Por Cátia Mateus


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A fileira do calçado emprega em Portugal cerca de 44 mil profissionais. É um dos setores com melhor desempenho na economia nacional nas últimas décadas chegando a crescer, nos últimos cinco anos, o triplo da média da economia portuguesa. Mas apesar de todo o potencial ligado a esta indústria, mesmo em contexto de adversidade económica, a fileira do calçado sofre de um mal: falta de trabalhadores. Irónico no atual contexto do país? Sim. Mas a verdade é que o setor do calçado tem cerca de 500 vagas por preencher. Um número que pode chegar aos mil postos de trabalho nos primeiros meses de janeiro com o aproximar do pico produtivo na indústria do calçado.

Se tem do setor do calçado uma imagem antiquada, desengane-se. Esta indústria conquista cada vez mais mercado, exporta atualmente 95% do que produz, cria cada vez mais postos de trabalho e reforça a sua carteira de clientes a cada dia. O cenário parece idílico e em contra ciclo com o atual contexto económico, mas a realidade é que para alcançar este patamar o setor do calçado modernizou-se. Investiu em tecnologia, qualificou-se no design e tornou-se comercialmente mais aguerrido.
Paulo Gonçalves, porta-voz da Apiccaps - Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos, “está é hoje uma indústria relativamente jovem, moderna, que alia a tradição e o saber fazer acumulado às mais avançadas tecnologias e, por essa via, é o setor mais internacionalizado da economia portuguesa”.

Mas para completar esta fórmula de sucesso faltam-lhe recursos humanos qualificados. Segundo Paulo Gonçalves, “a fileira do calçado como um todo (calçado, componentes e artigos em pele) emprega cerca de 44 mil profissionais e assegura perspetivas de carreira muito interessantes, seja na área da produção ou no design, marketing, gestão, logística ou novas tecnologias”. Surpreendentemente, o setor assume ter dificuldades em recrutar os recursos qualificados necessários para dar resposta aos desafios atuais e futuros do setor.

Este ano, e até finais de setembro, o setor terá recrutado, segundo dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional, 4500 profissionais. Diz Paulo Gonçalves que “nos últimos meses, via centro de emprego, terão chegado ao setor 600 pessoas, mas havia em outubro, pelo menos, 500 vagas por preencher”. Um número que deverá crescer nos próximos meses. “Estamos a aproximar-nos do principal trimestre produtivo do setor, que são os meses de janeiro até março, pelo que é natural que a necessidade de recursos humanos aumente e estas vagas por preencher possam com facilidade chegar às mil”, afirma o porta-voz da Apiccaps adiantando ainda que “há várias empresas de Guimarães, felgueiras, Santa Maria da Feira, São João da Madeira e Oliveira de Azeméis com necessidade de recrutarem novos colaboradores para responder a um boom de encomendas muito significativo”.


Esta dificuldade em recrutar mão-de-obra qualificada para um dos setores promissores do país, é um dos maiores entraves à expansão nacional e internacional da indústria do calçado. E a necessidade das cerca de 1300 empresas do setor em Portugal, é manifesta. Segundo dados da Apiccaps, de janeiro a setembro de 2010, o número de empresas que apostaram em recrutar pessoal e criar postos de trabalho é muito superior às que decidiram dispensar os seus quadros.


Para Paulo Gonçalves, “esta dificuldade em recrutar é, fundamentalmente, um problema de comunicação e imagem que se estende a todo o setor industrial português”. Para o especialista, “não se trata de um problema exclusivo ao setor do calçado. A questão de fundo é que, simplesmente, deixou de estar na moda trabalhar na indústria. Temos grandes dificuldades em perceber qual o motivo da existência de uma taxa de desemprego tão elevada quando existem empresas com tanta dificuldade em recrutar novos colaboradores”.

Talvez por isso a associação, e o setor em si, tenham apostado na renovação e modernização como um dos grandes atrativos de recrutamento. “O nosso desafio passa por apresentar um setor moderno, voltado para o futuro, gerador de riqueza e de boas oportunidades de emprego”, assume Paulo Gonçalves. Paralelamente, diz o responsável, “há que atenuar o défice de imagem, do setor e do próprio país, que permite que ainda exista uma diferença substancial entre a qualidade intrínseca do calçado português e a qualidade percebida pelo consumidor”. Para tal, a associação tem em curso uma forte campanha de promoção desta indústria em mais de 30 países designada The sexiest industry in Europe que se traduzirá uma presença de mais de 150 empresas em fóruns internacionais da especialidade e um investimento de 120 milhões de euros para reforçar a imagem e modernização desta indústria.

O porta-voz da Apiccaps não tem dúvidas de que “este é o setor com melhor desempenho relativo na economia portuguesa nas últimas décadas. Nos últimos cinco anos, por exemplo, cresceu o triplo da média da economia portuguesa e acreditamos que tem um futuro promissor e continuará a ser não só decisivo na economia nacional, como também uma das grandes referências a nível mundial”.


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