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Engenharia: currículos certificados e pontes internacionais

Engenharia: currículos certificados e pontes internacionais

Aproximar os engenheiros portugueses dos recrutadores de excelência, nacionais e internacionais, ampliando o seu potencial de empregabilidade tem sido a grande batalha das instituições de ensino nacionais e da Ordem dos Engenheiros. Está em marcha a criação do “Cartão Europeu do Engenheiro” e o modelo de “Perfil Curricular”, criado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova (FCT-Nova) para alavancar a carreira dos seus engenheiros até já foi reconhecido como um exemplo de boa prática pelo World Engineering Education Forum.

16.10.2015 | Por Cátia Mateus


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Os engenheiros formados em Portugal são reconhecidos internacionalmente pela qualidade da sua formação técnica e pela excelência do seu desempenho em contextos de trabalho multiculturais. Uma combinação de competências técnicas e comportamentais (hard e soft skills) que representa um excelente cartão de visita no mercado de trabalho, mas que não tornou os engenheiros portugueses imunes a situações de desemprego, sobretudo no contexto nacional. A certificação foi o trunfo encontrado para minimizar o impacto da austeridade financeira dos últimos anos e alavançar a empregabilidade dos profissionais portugueses.?

Para Fernando de Almeida Santos, presidente da Ordem dos Engenheiros - Região Norte (OERN), falar da evolução do mercado de trabalho no sector da engenharia, implica dissociar dois quadros de evolução distintos: “um foco positivo registado na área das novas tecnologias e um foco negativo concentrado nas ditas engenharias tradicionais e fruto, sobretudo, da crise no sector da construção a que assistimos nos últimos anos”. O presidente da OERN enfatiza que na definição de medidas de promoção da empregabilidade para o sector, “é importante encarar as mudanças que a inovação permanente e a criação de uma sociedade predominantemente tecnológica impõem às engenharias no seu todo”.?Foi a pensar nestes contextos e de olhos postos no alerta emitido pela própria Comissão Europeia, que avança um défice de 200 mil engenheiros na Europa em 2020, que a OERN desenvolveu tem vindo a firmar parcerias com vários países (ver caixa) no sentido de permitir a plena integração de profissionais portugueses no estrangeiro.

Nesta vertente de internacionalização e mobilidade profissional, explica Fernando Almeida Santos, foi também criado o “Cartão europeu do Engenheiro”, “um projeto que está a ser desenvolvido pela Federação Europeia das Associações Nacionais de Engenharia, atualmente presidida por Portugal, e com especial envolvimento da Ordem dos Engenheiros portuguesa”. O objetivo é, segundo o presidente, facilitar a circulação de engenheiros a nível europeu e possibilitar a criação de um quadro de reconhecimento mútuo das qualificações dos engenheiros que lhes permita exercer a profissão noutros países com uma garantia imediata das suas competências”.?Em paralelo, a OERN tem em fase final de desenvolvimento o Valori - Sistema Curricular de desenvolvimento profissional “que visa atestar e registar as competências dos engenheiros, de acordo com a sua experiência e formação, num Curriculum Vitae Certificado, único e capaz de simplificar as exigências dos concursos públicos”, realça o presidente acrescentado que a iniciativa incluirá, numa primeira fase, além de Portugal, três associações galegas já associadas ao projeto. A criação de uma base curricular desta natureza permitirá, segundo o responsável da OERN, gerar “um factor de credibilização e valorização dos profissionais, um futuro meio facilitador da procura de engenheiros por parte das empresas e do Estado”. Nenhuma das duas medidas - o “Cartão Europeu do Engenheiro” e o “Valori” está ainda em aplicação no terreno, embora o presidente da OERN estime a sua implantação a curto prazo.?

Onde já é possível medir impactos é no “Perfil Currícular FCT”, criado pela FCT-Nova e implementado há três anos letivos em todos os cursos de licenciatura, mestrado e mestrado integrado da instituição. Segundo Fernando Santana, diretor da FCT-NOVA, a faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova, o Perfil Curricular “incide numa população escolar na ordem dos sete mil estudantes e permitiu que o sucesso escolar aumentasse em 10%”, uma percentagem que o diretor considera “muito significativa”. Mas o que trabalha afinal este “Perfil Curricular” que foi recentemente considerado uma boa prática pelo World Engineering Education Forum? As condições de inserção no mercado de trabalho.?

“A FCT-Nova tem uma preocupação constante com a empregabilidade futura dos seus estudantes e por isso privilegia uma dinâmica de adaptação de condições à integração profissional dos seus alunos”, realça Fernando Santana. Nessa medida, a instituição criou uma abordagem de execução pedagógica que encara a avaliação de conhecimentos como contínua, permitindo despender menos tempo com exames e passando a dispor de um período do calendário escolar, entre semestres, para outro tipo de formação. “Ou seja, embora mantendo a existente transmissão de competências de base e de especialidade, reforçou-se a formação que atualmente é ministrada com competências complementares, preparando melhor os estudantes, através de novas unidades curriculares obrigatórias”. Entre este leque destacam-se as designadas soft skills, competências transversais para Ciências e Tecnologia, como sejam técnicas de apresentação pessoal, preparação do curriculum vitae, comunicação, gestão do tempo e outras. A vantagem, garante, é ter engenheiros “mais bem preparados para o mercado de trabalho, além de possuírem excelentes competências na sua área de especialidade”.

Mais perto do Brasil
Um dos resultados das várias parcerias estabelecidas pela Ordem dos Engenheiros com outras congéneres é o recente acordo de reconhecimento profissional assinado com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia do Brasil (Confea). O acordo põe fim ao impasse que se se manteve durante anos envolvendo o reconhecimento dos profissionais de engenharia em ambos os países e torna possível a um engenheiro português o reconhecimento profissional no brasil e o exercício pleno da sua atividade naquele país.?

O “Termo de Reciprocidade”, como é designado o documento, prevê a mobilidade de profissionais entre ambos os países tendo em consideração as competências profissionais reconhecidas pelas duas associações profissionais (OE e Confea). O documento final do acordo será ratificado em Lisboa no próximo dia 28 deste mês, pelo bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Matias, e pelo líder da Confea, José Tadeu da Silva.



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