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Portugueses à conquista do mundo

Conhecidos pela sua capacidade de adaptação cultural e linguística e, mais recentemente, pela qualidade da sua formação técnica, os portugueses estão a tornar-se um alvo apetecível para as empresas de todo o mundo. São cada vez mais as organizações que vem a Portugal recrutar profissionais altamente qualificados para os seus quadros.
06.10.2011 | Por Cátia Mateus


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Em comum têm o facto de serem economias emergentes com graves lacunas ao nível da qualificação profissional. Angola, Moçambique, Alemanha, Holanda, Austrália, Espanha, Reino Unido, Índia, Turquia, China, países de Leste e, mais recentemente, o Brasil, estão de olho nos profissionais portugueses. Esta onda de contratações à escala internacional é transversal a vários setores de atividade, desde as engenharias à saúde, passando pela arquitetura, comunicação, gestão, economia, aviação e tecnologias de informação. A alimentar esta procura está uma crescente abertura dos profissionais portugueses, a oportunidades de carreira internacional e uma diminuição cada vez maior do seu medo de arriscar mudanças. Mas, o que torna afinal os profissionais portugueses tão apetecíveis aos olhos das economias mundiais? Numa primeira instância, a sua capacidade de adaptação linguística e cultural, a sua produtividade, a capacidade de trabalho, a inovação, a ambição de triunfo, a aptidão de trabalho em equipa, a capacidade de resolução de problemas e, o facto de esta ser a mais qualificada de todas as gerações de emigrantes que o país já conheceu. Uma mistura de sucesso que atrai cada vez mais as empresas estrangeiras. Empresas como a Qatar Airways que anunciou recentemente a intenção de recrutar pilotos em Portugal. Paul Prenzler, o diretor de recrutamento da companhia aérea, esteve no país para aliciar os profissionais portugueses a mudarem-se para Doha. O objetivo da empresa é responder ao crescimento da frota e alargamento de destinos previsto para os próximos cinco anos. Prenzler tem ordem para recrutar 300 novos pilotos por ano. A Oracle, por sua vez tem a decorrer uma mega operação de recrutamento para preencher 1700 novas vagas. A empresa está a recrutar em todos os países da região da Europa, Médio Oriente e África (EMEA), Portugal incluído. As novas contratações da Oracle resultam do crescimento continuado de todas as suas áreas de negócio e incluem todo o tipo de cargos e funções, desde licenciados a consultores seniores de vendas e pré-venda, bem como cargos na Oracle Direct. A multinacional alemã Tüv Rheinland também tem na mira os engenheiros made in Portugal. A empresa especializada na prestação de serviços de inspeção e certificação, tem em curso um processo de recrutamento internacional que prevê a contratação de 1400 engenheiros até 2013. Portugal está convidado a apresentar os seus candidatos. E na Alemanha não é só a Tüv que tem Portugal na mira. O país precisa de técnicos qualificados e os engenheiros licenciados em Portugal estão entre os perfis preferenciais. Os serviços públicos de emprego daquele país, em colaboração com a rede Eures (www.eures.europa.eu), que incentiva a mobilidade laboral na Europa tem vindo a divulgar em Portugal cada vez mais oportunidades de emprego na Alemanha e Walter Von Plettenberg, porta-voz da Câmara de Comércio Alemã para Espanha, assegurou recentemente a intenção de realizar jornadas de recrutamento em Portugal, à semelhança do que já foi feito no país vizinho, para informar os engenheiros portugueses das oportunidades existentes na Alemanha. Von Plettenberg esclareceu ainda que “o país não procura apenas engenheiros, mas também profissionais com grau não universitário, como soldadores, fresadores, pessoal sanitário, profissionais da área de hotelaria ou professores”. E entre o painel de profissionais portugueses mais procurados no mercado internacional, os engenheiros estão em clara vantagem. A Alemanha precisa deles, mas Moçambique, Angola e o Brasil também. Com um crescimento económico estrondoso nos últimos anos, Angola e Moçambique abriram os seus mercados aos profissionais altamente qualificados. Ambos os países carecem de profissionais qualificados e em troca dessa qualificação oferecem salários bem acima dos praticados em território nacional e um vasto leque de outros atrativos que parecem ser suficientes para a nova geração de emigrantes portugueses. Uma geração composta maioritariamente jovens profissionais altamente qualificados, com ambições de carreira internacional que encontram nas economias em desenvolvimento uma oportunidade para enriquecer o seu currículo. Engenheiros, arquitetos, advogados, enfermeiros, gestores e financeiros, entre inúmeros outros profissionais rumam anualmente a Angola e a Moçambique. O consulado português em Angola tem registados 91.900 portugueses, mas ninguém sabe ao certo quantos trabalham naquele país, muito embora entre 2009 e 2010, os registos consultares indiquem um crescimento de 17.300 portugueses no território. O Brasil figura também no ranking dos países cuja mira está voltada para as universidades portuguesas e os profissionais que formam. O fenómeno da emigração portuguesa para o país irmão estagnou na década de 60 mas ganhou agora nova dinâmica com as empresas brasileiras a apostar claramente na contratação de jovens quadros portugueses altamente qualificados para fazer face a uma abissal falta de mão-de-obra qualificada que o Brasil não deverá conseguir suprir a curto prazo. Só este ano, o Brasil deverá gerar 1,9 milhões de novos empregos tornando-se assim uma autêntica esponja de quadros. Entre as áreas que mais profissionais necessitam estão a engenharia e a arquitetura. Anualmente, aquele país forma 32 mil engenheiros e necessitaria de pelo menos 60 mil para dar resposta às suas necessidades. Não é por isso de estranhar a existência de 1500 engenheiros portugueses a trabalhar no Brasil, de acordo com o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Um número que vai crescer, até porque segundo um relatório oficial, em 2012 o Brasil terá um défice de 150 mil engenheiros, em muito devido à crescente dinâmica do setor da construção, gerada pelo Mundial de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. De forma global, o Governo Brasileiro estima que até 2020 sejam criados três milhões de novos postos de trabalho, só no setor do turismo. Mas há também carências nas áreas da gestão, saúde, farmácia, clínica geral, comunicação e profissões técnicas. Segundo Sandrine Veríssimo, Sénior manager da Hays Portugal, “Espanha tem procurado muito perfis na área de controlo de gestão, até porque há muitas empresas a sediarem a sua estrutura ibérica no país e procuram portugueses que possam fazer a interligação com a sucursal em Portugal”. Já no Reino Unido, explica a especialista, “são os cuidados primários de saúde que têm dado mais oportunidades a enfermeiros e médicos portugueses”. Sandrine Verissímo não tem dúvidas de que “a formação nestas áreas em Portugal é claramente reconhecida e, por essa razão, os países como Inglaterra procuram atrair candidatos com ou sem experiência”. Nuno Troni, Executive Manager de Comercial e Marketing da Michael Page reforça o crescente reconhecimento da formação nacional e o impacto que esta tem nos mercados internacionais e acrescenta que em matéria de perfil, “as licenciaturas mais valorizadas são a Gestão e as Engenharias, sendo que o MBA é sempre uma mais valia”. No que toca às profissões, diz o especialista, que as maiores oportunidades surgem para “diretores gerais, diretores de unidades de negócio, diretores comerciais e de marketing e direções técnicas”. Quem recruta, acrescenta Nuno Troni, valoriza sobretudo a experiência em contextos multidisciplinares, a familiaridade com hábitos e ferramentas de gestão similares e a capacidade de adaptação, produtividade, inovação e capacidade de trabalho”. E são cada vez mais os portugueses decididos a aproveitar estas oportunidades. Com aspirações de carreira cada vez mais globais, os portugueses entraram definitivamente na Era do mercado de trabalho global. Segundo um estudo da GfK – o International Employee Engagement Survey – três em cada dez portugueses estão dispostos a trabalhar noutro país.


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