Ensino profissional garante empregabilidade acima dos 80%
Em Portugal há escolas onde os finalistas não temem o desemprego. São escolas profissionais onde a empregabilidade ronda os 80% e onde os cursos são pensados à medida das necessidades do mercado e com forte componente prática. Talvez essas sejam as suas mais-valias quando a meta é promover a integração, num mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Olhando para as necessidades do país o Governo apontou recentemente a indústria, agricultura e pescas como áreas prioritárias para a formação profissional futura.
31.05.2012 | Por Maribela Freitas
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O ministério da Educação e da Ciência prevê 16 áreas prioritárias na oferta de ensino profissional, pelas escolas secundárias públicas, para o próximo ano letivo. Entre elas contam-se metalurgia e metalomecânica, eletricidade e energia, eletrónica e automação, tecnologia dos processos químicos, produção agrícola e animal, pescas, turismo e lazer, proteção do ambiente, entre outras. São essencialmente áreas ligadas a setores de bens e serviços ou geradores de emprego, numa altura em que os números do desemprego são alarmantes. Olhando para entidades que possuem cursos nestas e noutras áreas, verifica-se que de norte a sul de Portugal, há escolas e centros de formação profissional com taxas elevadas de empregabilidade e onde o desemprego parece ficar de fora.
A Escola Tecnológica do Litoral Alentejano (ETLA) é um desses exemplos. Fica em Sines, foi criada em 1990 e tem como entidades associadas os municípios de Santiago do Cacém e Sines, bem como várias empresas da região. Atualmente a sua formação centra-se em cursos de nível IV (que dão equivalência ao secundário), nas áreas da eletrónica, automação e instrumentação; mecatrónica, química industrial; análise laboratorial; informática de gestão e higiene e segurança do trabalho e ambiente. Tem ainda cursos de nível V e formação especializada. Aqui, a empregabilidade supera, seguramente, os 80%.
“É difícil avançar com um número detalhado, mas a nossa taxa de empregabilidade a nível global andará acima dos 85%”, explica Jorge do Carmo, diretor da ETLA. Os cursos com mais procura são os de eletrónica, automação e instrumentação; mecatrónica e química. “Mais de 15% dos nossos diplomados concluem num futuro, a curto ou médio prazo, um curso superior”, acrescenta o diretor da escola que tem protocolos de colaboração com a quase totalidade das empresas locais para a realização da formação em contexto de trabalho que é parte integrante do curriculum escolar.
“Em alguns casos estes estágios são a porta de entrada para o primeiro emprego. Mantemos ainda com estas empresas uma relação próxima que as leva a procurar-nos sempre que fazem recrutamento”, releva Jorge Carmo. Na sua perspetiva, quem sai de uma escola profissional está preparado para exercer uma profissão e entrar no mercado de trabalho.
Uma ideia que é partilhada por João Miguel Gonçalves, subdiretor da Epamac – Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Marco de Canaveses. “As pessoas têm necessidade de desenvolver competências profissionais logo no nível secundário de educação, sob pena de terminarem este ensino sem conseguirem competir na entrada para o mercado de trabalho”, explica. Para o responsável, os jovens encaram cada vez mais o ensino profissional como uma saída de futuro. Uma afirmação que justifica com a procura acrescida nos últimos tempos pela formação da Epamac.
Tendo como público-alvo alunos que procuram aprender uma profissão, esta escola possui três cursos de nível IV, nomeadamente: técnico de produção agrária, de turismo ambiental e rural e gestão equina. Tem ainda cursos de Nível V, ou seja, pós-secundário de gestão da animação turística em espaço rural e cuidados veterinários. Para a conclusão do nono ano de escolaridade ministra o curso de jardinagem e espaços verdes. “Recebemos regularmente ofertas de emprego, contactamos os diplomados e acompanhamo-los no processo de seleção e, após a sua entrada nas empresas, continuamos a proceder a contactos regulares de forma a perceber como se processa a sua integração no mercado de trabalho e até que ponto a formação recebida corresponde às reais necessidades de desempenho no posto de trabalho”, salienta o subdiretor da Epamac. Acrescenta ainda que “60% dos nossos diplomados dos três últimos ciclos de formação estão empregados e 15% estão a estudar. Apenas 25% estão desempregados”.
A Solisform, escola do grupo Randstad é mais um exemplo de empregabilidade. Possui um protocolo com o IEFP em curso de aprendizagem que são de dupla certificação, o que significa que os jovens além de uma profissão terão concluído o nono ou o 12.º ano de escolaridade. Tem ainda formações para desempregados e trabalhadores que investem em cursos de soldadura de curta duração ou de iniciação para principiantes ou com experiência que procuram uma certificação. Faz ainda formação à medida para empresas.
De acordo com Sónia Leal, coordenadora da Solisform, a taxa de emprego é de 80% nos cursos de aprendizagem ou Educação e Formação de Adultos. “São cursos de dupla certificação essencialmente práticos e que permitem formação em contexto real de trabalho. Em 40% dos casos ficam a trabalhar nas empresas onde são acolhidos para estágio. Nos restantes casos são absorvidos por empresas que necessitam desta mão-de-obra qualificada e orientada para o mercado”, refere a coordenadora da Solisform. Os cursos com mais procura no mercado são os de soldadura e de técnico de manutenção industrial. No campeonato Nacional das Profissões, promovido pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional, realizado em Faro entre 7 a 11 de maio, Hugo Silva, aluno desta escola foi o vencedor em soldadura e irá representar Portugal na especialidade a nível europeu e mundial.
Sónia Leal conta que são cada vez mais os jovens quem procura a Solisform. “Querem investir o seu tempo numa formação que lhes permita o acesso a uma profissão e ao mesmo tempo a habilitações curriculares”, salienta. Acredita que os cursos profissionais estão mais ajustados ao mercado de trabalho e que oferecem uma via para o emprego.
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