É uma das áreas menos afetadas pela crise, mas nem por isso os profissionais do sector das Tecnologias de Informação (TI) têm um “livre trânsito” no acesso ao emprego. A contratação nesta área faz-se a uma escala global, em competição com talentos de todo o mundo, ou não fossem os principais recrutadores empresas com forte posicionamento internacional. Para ser bem-sucedido neste mercado, manter uma rota ascendente na carreira e garantir um lugar e um salário aliciantes, é preciso eliminar uma concorrência feroz, onde o primeiro crivo pode mesmo ser o nome da universidade que frequentou.
O último estudo da consultora Hays sobre as intenções de contratação das empresas de TI a operar em Portugal não deixa grandes dúvidas: 86% das empresas com operações em Portugal têm planos de recrutamento para este ano. A tendência é confirmada pela Comissão Europeia que recentemente estimou a necessidade dos países europeus recrutarem, até 2015, cerca de 900 profissionais do sector. Se dúvidas existissem, bastaria consultar o site do Expresso Emprego (www.expressoemprego.pt) e analisar o volume de ofertas da área ou percorrer as páginas das várias tecnológicas nacionais e avaliar as suas ofertas de carreira. São muitas.
Nesta mesma edição mostramos-lhe que a Primavera BSS quer integrar 40 novos colaboradores até ao final do ano, fazendo crescer a sua equipa nacional, mas há outras oportunidades. A consultora tecnológica Mind Source anunciou recentemente a sua intenção de integrar 50 novos talentos, licenciados em Informática ou áreas equivalentes, com competências sólidas em .NET e Java, experiência em bases de dados SQL Server ou Oracle, Sybase ASE (T-SQL) e Power Builder. Ainda no cenário nacional, a IBM anunciou recentemente a criação, através da sua empresa SoftInsa, de um centro de Inovação e Tecnologia, em Tomar. A nova estrutura, a sexta da empresa na Península Ibérica, tem como missão “tornar-se um polo de prestação de serviços e de manutenção de aplicações de software altamente qualificado”, explica António Raposo Lima, presidente da IBM Portugal. O líder da IBM nacional estima que o novo centro, “a inaugurar no último trimestre deste ano”, viabilizará a criação de 200 novos postos de trabalho, quando estiver em pleno funcionamento.
A empresa já anunciou a intenção de privilegiar a contratação de recém-licenciados e licenciados do Instituto Politécnico de Tomar, com particular enfoque nas áreas das tecnologias de informação, engenharias e gestão. Perfil semelhante procura a Compta. A tecnológica emprega atualmente 200 colaboradores, maioritariamente jovens, tem presença em mercados como Cabo Verde e Angola, estando agora em expansão para o Brasil. A dinâmica do negócio está a levar a liderança da empresa a contratar 20 novos profissionais. O processo de seleção está em curso e a Compta quer perfis aptos a exercer funções ligadas ao suporte de sistemas de grande porte, gestão e operação remota, mas também tem oportunidades nas áreas de desenvolvimento e consultoria. Formação em TI, capacidade de trabalhar sob pressão, bons conhecimentos de plataformas de virtualização, nomeadamente, em soluções de VMWare e Microsoft Hiper-Ve em bases de dados (MySQL, Oracle, DB2, Sybase ou Informix), são requisitos base.
A par destas, muitas outras oportunidades existem num sector onde os especialista de recrutamento e seleção, chegam a dar conta de carência de profissionais altamente qualificados em algumas áreas. Segundo inquérito da Hays, os programadores (42%), os analistas-programadores (34%) e consultores profissionais (16%), são os perfis mais procurados pelas empresas. Cerca de78% dos empregadores de TI inquiridos no estudo admitem que há escassez de profissionais altamente qualificados nesta área. Programadores, analistas-programadores, arquitetos de soluções, gestores de projeto, administradores de bases de dados e administradores de sistemas são apontados como os perfis mais difíceis de encontrar atualmente. Na base desta dificuldade estará, principalmente, a falta de experiência dos profissionais disponíveis no mercado.
A verdade é que se por um lado as empresas procuram, de forma célere e eficiente, reforçar as suas equipas para não perderem terreno num sector com esta dinâmica, por outro, a forte concorrência exigiu novas regras e exigências no momento de recrutar (ver caixa).O atual cenário macroeconómico obriga as empresas a um rigor redobrado na forma de gerir os seus recursos financeiros e humanos. É cada vez maior o recurso a empresas de executive search para liderar recrutamentos para posições de topo, como forma de garantir uma contratação certeira, e são cada vez mais valorizadas questões até aqui menos relevantes, como a postura e atividades nas redes sociais. Ter uma licenciatura nas áreas das tecnologias de informação é importante, mas apesar da dinâmica do mercado de recrutamento, os empregadores exigem currículos exemplares em instituições de referência, competências de relacionamento interpessoal e outras softskills e agilidade. Muita agilidade para acompanhar tecnicamente a velocidade deste mercado.
Currículos sólidos geram oportunidades
As tecnologias de informação continuam a praticar bons salários, apesar da conjuntura, mas estão mais exigentes no recrutamento e nos níveis de progressão na carreira. Experiência internacional, formação técnica muito sólida, preferencialmente adquirida em universidades reconhecidas internacionalmente, e soft skills atualmente determinantes como a capacidade de comunicação, bom relacionamento interpessoal, agilidade, mobilidade, flexibilidade e capacidade de trabalhar sob stress, são competências que podem fazer um profissional das TI destacar-se perante um recrutador e eliminar a concorrência de outros candidatos. Mas cada vez mais, o que de facto conta para triunfar neste sector é a solidez dos currículos, sendo certo que na área das TI, um profissional qualificado necessita de estar em constante processo de formação e certificação das suas competências.
Nunca tanto quanto agora a questão das certificações foi tão importante para os empregadores. Com a dinâmica atual do sector das TI ao nível da tecnologia, dos processos e da própria importância dos sistemas de informação dentro das organizações, aos profissionais não resta senão conseguir atualizar as suas competências académicas base de forma rápida, ágil e, sobretudo, constante. Os recrutadores do sector atribuem particular importância à valorização da formação, através das certificações. E em muitas empresas, a possibilidade de obter certificações pagas pela organização, funciona mesmo com um aliciante no momento de contratar. A certificação em áreas muito específicas, ligadas a soluções das principais empresas de TI, como a Microsoft, Cisco, SAP e Oracle, são hoje exigência chave em qualquer processo de recrutamento. Aos profissionais resta acompanhar as exigências do mercado e investir na qualificação constante, sob pena de perderem o comboio.