Exigentes e ambiciosos, mais tolerantes ao risco e ao falhanço face à generalidade dos colegas, os estudantes empreendedores são, maioritariamente homens, têm mais de 26 anos e frequentam cursos com “maiores habilitações académicas”. É este o perfil do estudante empreendedor traçado pela Universidade de Coimbra (UC), através da sua Divisão de Inovação e Transferências do Saber, tendo com base um inquérito realizado no último ano letivo junto de 1700 estudantes do ensino superior - o Inquérito ao Espírito Empreendedor dos Estudantes. A pesquisa levou a instituição a traçar um perfil detalhado dos potenciais empreendedor, dando a conhecer como se deteta afinal este talento empresarial e quais as apetências e interesses destes estudantes.
Belmiro de Azevedo, Rui Nabeiro e Soares dos Santos inspiram toda uma nova geração de empreendedores, cujo principal motor para criar um negócio próprio é a realização pessoal ou a vontade de prosseguir um negócio familiar. Segundo o inquérito realizado pela UC, “a situação laboral preferida para o estudante empreendedor é trabalhar por conta própria (71%)”. Cerca de 47% dos estudantes ouvidos aspiram criar a sua própria empresa, no entanto a instituição admite que já uma percentagem de cerca de 29% que embora tenha um perfil tipicamente empreendedor, confessa preferir trabalhar por conta de outrem.
São maioritariamente os estudantes do sexo masculino que assumem esta predisposição para empreender demonstrando, segundo a instituição, níveis superiores de tolerância ao risco e ao falhanço em relação à generalidade dos seus colegas”. A radiografia alcançada com este inquérito demonstra também que o típico estudante empreendedor “apresenta maior apetência para trabalhar nas férias de verão, praticar atividades culturais e/ou fazer parte de órgãos de gestão associativos”. Deste perfil fazem ainda parte características como “menor receio na criação do próprio emprego do que a média dos estudantes” e menores preocupações com a insegurança na empregabilidade, possibilidades de fracasso profissional ou de falência da empresas e ausência de medo de assumir responsabilidades.
Negócios inspiracionais
À semelhança dos mentores que apontam como gurus, os estudantes inquiridos pela UC sentem-se inspirados por empresas como a Sonae e a EDP, quando o tema de conversa é empreendedorismo. Deste estudo coordenado por Miguel Dias Gonçalves, marta Costa e Silva e Jorge Figueira ressaltam ainda outras conclusões. Ainda que na generalidade dos casos, os estudantes com perfil de líder empresarial sejam destemidos e pouco dados a grandes receios, o inquérito revela que mais de 10% dos estudantes admite alguma preocupação em não encontrar os sócios certos para lançar o seu projeto e também receios pela incerteza de rendimentos (62%) e pela atual conjuntura económica (61%).
Com redes sociais ricas em empresários, os estudantes empreendedores sentem particular apetência pela inovação tecnológica, são a favor de um modelo de ensino que partilha os conceitos básicos do empreendedorismo em fases mais preliminares do percurso estudantil e “são mais exigentes com as entidades de ensino que frequentam, no que toca ao fomento de uma cultura empreendedora”.
O inquérito realizado pela Universidade de Coimbra envolveu 1764 estudantes da Universidade de Coimbra, Instituto Politécnico de Coimbra e Instituto Politécnico de Leiria, numa população estimada de 47603 alunos, e foi viabilizado ao abrigo do InovC (Programa Estratégico para a consolidação do Ecossistema de Inovação da Região Centro). A pesquisa contou com o financiamento do QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional), no âmbito do Programa Operacional Regional do Centro “Mais Centro”.
A meta do estudo era, segundo a instituição “entender a posição dos estudantes perante a temática do empreendedorismo, analisar a sua perceção face às iniciativas de estímulo ao empreendedorismo e inovação desenvolvidas pelas entidades de ensino superior e descobrir o perfil do estudante empreendedor”. Com este trabalho a UC pretende dar suporte à tomada de decisão, naquilo que são as ações de estímulo ao Empreendedorismo & Inovação a desenvolver pelas instituições de ensino superior, de modo a maximizar o impacto de cada uma delas, em sintonia com as expectativas dos alunos e com as melhores práticas mundiais neste domínio.