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Como as universidades detetam os estudantes empreendedores

Como as universidades detetam os estudantes empreendedores

Diz-se que o empreendedorismo nasce nas universidades e Portugal ostenta bons exemplos que sustentam esta teoria. No país somam-se os casos de sucesso de projetos nascidos nos bancos das universidades que ganharam escala e dimensão global, levando a marca made in Portugal a conquistar o respeito das empresas e mercados internacionais. É também vasto o número de incubadoras de empresas que crescem agregadas às instituições de ensino superior, servindo de rampa de lançamento para um número crescente de negócios com espírito académico. Mas como detetam as universidades o talento empresarial e o que distingue um estudante empreendedor dos demais?

23.08.2013 | Por Cátia Mateus


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Exigentes e ambiciosos, mais tolerantes ao risco e ao falhanço face à generalidade dos colegas, os estudantes empreendedores são, maioritariamente homens, têm mais de 26 anos e frequentam cursos com “maiores habilitações académicas”. É este o perfil do estudante empreendedor traçado pela Universidade de Coimbra (UC), através da sua Divisão de Inovação e Transferências do Saber, tendo com base um inquérito realizado no último ano letivo junto de 1700 estudantes do ensino superior - o Inquérito ao Espírito Empreendedor dos Estudantes. A pesquisa levou a instituição a traçar um perfil detalhado dos potenciais empreendedor, dando a conhecer como se deteta afinal este talento empresarial e quais as apetências e interesses destes estudantes.

Belmiro de Azevedo, Rui Nabeiro e Soares dos Santos inspiram toda uma nova geração de empreendedores, cujo principal motor para criar um negócio próprio é a realização pessoal ou a vontade de prosseguir um negócio familiar. Segundo o inquérito realizado pela UC, “a situação laboral preferida para o estudante empreendedor é trabalhar por conta própria (71%)”. Cerca de 47% dos estudantes ouvidos aspiram criar a sua própria empresa, no entanto a instituição admite que já uma percentagem de cerca de 29% que embora tenha um perfil tipicamente empreendedor, confessa preferir trabalhar por conta de outrem.

São maioritariamente os estudantes do sexo masculino que assumem esta predisposição para empreender demonstrando, segundo a instituição, níveis superiores de tolerância ao risco e ao falhanço em relação à generalidade dos seus colegas”. A radiografia alcançada com este inquérito demonstra também que o típico estudante empreendedor “apresenta maior apetência para trabalhar nas férias de verão, praticar atividades culturais e/ou fazer parte de órgãos de gestão associativos”. Deste perfil fazem ainda parte características como “menor receio na criação do próprio emprego do que a média dos estudantes” e menores preocupações com a insegurança na empregabilidade, possibilidades de fracasso profissional ou de falência da empresas e ausência de medo de assumir responsabilidades.

Negócios inspiracionais
À semelhança dos mentores que apontam como gurus, os estudantes inquiridos pela UC sentem-se inspirados por empresas como a Sonae e a EDP, quando o tema de conversa é empreendedorismo. Deste estudo coordenado por Miguel Dias Gonçalves, marta Costa e Silva e Jorge Figueira ressaltam ainda outras conclusões. Ainda que na generalidade dos casos, os estudantes com perfil de líder empresarial sejam destemidos e pouco dados a grandes receios, o inquérito revela que mais de 10% dos estudantes admite alguma preocupação em não encontrar os sócios certos para lançar o seu projeto e também receios pela incerteza de rendimentos (62%) e pela atual conjuntura económica (61%).

Com redes sociais ricas em empresários, os estudantes empreendedores sentem particular apetência pela inovação tecnológica, são a favor de um modelo de ensino que partilha os conceitos básicos do empreendedorismo em fases mais preliminares do percurso estudantil e “são mais exigentes com as entidades de ensino que frequentam, no que toca ao fomento de uma cultura empreendedora”.

O inquérito realizado pela Universidade de Coimbra envolveu 1764 estudantes da Universidade de Coimbra, Instituto Politécnico de Coimbra e Instituto Politécnico de Leiria, numa população estimada de 47603 alunos, e foi viabilizado ao abrigo do InovC (Programa Estratégico para a consolidação do Ecossistema de Inovação da Região Centro). A pesquisa contou com o financiamento do QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional), no âmbito do Programa Operacional Regional do Centro “Mais Centro”.

A meta do estudo era, segundo a instituição “entender a posição dos estudantes perante a temática do empreendedorismo, analisar a sua perceção face às iniciativas de estímulo ao empreendedorismo e inovação desenvolvidas pelas entidades de ensino superior e descobrir o perfil do estudante empreendedor”. Com este trabalho a UC pretende dar suporte à tomada de decisão, naquilo que são as ações de estímulo ao Empreendedorismo & Inovação a desenvolver pelas instituições de ensino superior, de modo a maximizar o impacto de cada uma delas, em sintonia com as expectativas dos alunos e com as melhores práticas mundiais neste domínio.



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