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270 mil portugueses querem mais horas de trabalho

270 mil portugueses querem mais horas de trabalho

É uma forma suave de desemprego e afeta um número crescente de trabalhadores em Portugal. A par com as negras estatísticas que deixam sem atividade milhares de profissionais em Portugal, está a aumentar o número de trabalhadores a “tempo parcial” que gostariam de alargar o seu horário de trabalho trabalhar, mas não encontram no mercado essa possibilidade. Em muitos casos, a sua ocupação não chega às 20 horas semanais, estão formalmente empregados e fora das estatísticas oficiais do desemprego, mas com realidades remuneratórias e laborais instáveis. Grande parte são jovens, altamente qualificados.

23.08.2013 | Por Cátia Mateus


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Os especialistas classificam esta tendência como “desemprego sombra” ou subemprego. Nela está integrado um grupo de profissionais que apenas exercem a sua atividade a tempo parcial, não alcançando muitas vezes as 20 horas semanais, com vínculos laborais frágeis e níveis remuneratórios insuficientes. No segundo trimestre deste ano, o Instituto Nacional de Estatística (INE) dava conta da existência de 270,4 mil portugueses nestas condições. O número é o mais elevado desde que o fenómeno começou a ser contabilizado em 1998 e registou um aumento de 12,5 mil casos entre março e junho deste ano.

De abril a junho de 2013, 270 mil profissionais portugueses entre os 15 e os 74 anos, declararam ambicionar um alargamento do seu horário de trabalho, estando disponíveis para começar a trabalhar a full-time num período quase imediato, ou no prazo de duas. O número representa um aumento de 9,4% face ao mesmo trimestre do ano anterior e além de espelhar a dura realidade da economia nacional e das sucessivas subidas do desemprego num país onde, em junho, 12 mil casais tinham ambos os cônjuges em situação de desemprego (um aumento de 45% face ao mesmo mês de 2012), permite antever números mais graves para a taxa de desemprego nacional. Portugal figura entre os países da União Europeia com os piores índices de desemprego sombra, nomeadamente ao nível do subemprego. Ao estarem parcialmente ativos, estes profissionais ficam de fora das estatísticas de desemprego oficiais e contam como portugueses empregados.

Os dados preocupam a União Europeia, tanto mais que as camadas mais jovens e qualificadas da população estarão a engrossar estas estatísticas. Com o desemprego jovem a manter a sua escalada ascendente, a muitos dos que escolheram ficar em Portugal não tem restado outra solução senão aceitar empregos a tempo parcial e com remunerações abaixo da média. Segundo o INE, estes índices de subemprego são também resultado direto da sazonalidade, e do aumento dos empregos temporários típicos nesta altura do ano, ainda que as estatísticas confirmem aquilo que os principais intervenientes do mercado de recrutamento temporário há muito vêm defendendo: a linha entre trabalho temporário e permanente é cada vez menor.

Mas a crise e austeridade em que Portugal está mergulhado, tem causado outras preocupações às instâncias europeias e outros alarmes estatísticos. A disparidade salarial entre os sexos é uma das faces (ver caixa), mas merece também atenção a crescente apatia entre o grupo de inativos que, estando desempregados, se desmotivaram de procurar emprego por entenderem que as oportunidades existentes são poucas ou nulas. Esta franja de desempregados aumentou cerca de 25% face ao segundo trimestre de 2012 e 4,1% face aos primeiros três meses deste ano.

Segundo a União Europeia, mais de 20 milhões de profissionais em toda a UE estão subempregados e vivem numa zona cinzenta entre o desemprego e inatividade. Cerca de 9 milhões de europeus trabalham apenas quatro horas diárias.

Crise agrava disparidade salarial
A luta pela igualdade de oportunidades na vida profissional travou-se a pulso em Portugal. O país ostenta hoje uma das elevadas taxas de emprego feminino entre mulheres com filhos pequenos na União Europeia, mas crise nacional pode estar novamente a dificultar a vida às profissionais portuguesas. Segundo um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, as desigualdades salariais entre homens e mulheres nas empresas portuguesas são uma realidade e as últimas recebem em média menos 20% no final de cada mês.

Mas a disparidade salarial tem outros contornos que não apenas o sexo. Os dados da fundação revelam que em 2009, 20% dos trabalhadores melhor remunerados auferiam vencimentos cinco vezes mais elevados dos que os 20% mais mal pagos. Segundo a Fundação Francisco Manuel dos Santos “nos últimos 25 anos, a distribuição do ganho salarial caracterizou-se por uma crescente assimetria”. O facto de as mulheres terem maiores qualificações conduziu a aumentos salariais, mas segundo a fundação à limitações das profissionais femininas no acesso ao topo da carreira, onde se praticam os salários mais elevados. Apesar desta realidade, Portugal não está entre os piores da Europa, mantendo-se abaixo do padrão europeu em matéria de desigualdade salarial.



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