Portugal soma e segue em matéria de inovação. O ranking European Innovation Scoreboard , divulgado esta semana pela União Europeia (EU) coloca o país na 15ª posição na lista de países mais inovadores da Europa a 27. Portugal conseguiu subir um degrau face aos resultados do último ranking e pontuou, sobretudo, nas despesas realizadas em Investigação e Desenvolvimento (I&D), aproximando-se cada vez mais da média europeia. Mas apesar dos bons resultados alcançados, o país continua a ser um dos que menos benefícios económicos retira deste avanço na inovação.
Foi dos países que mais cresceu nas despesas com I&D, com um aumento bem acima da média europeia neste parâmetro, mas ainda assim Portugal recolhe poucos lucros do investimento que faz. É se o país conquistou terreno em matéria de inovação, a verdade é que permanece praticamente na cauda da Europa (23ª posição) no que toca aos efeitos económicos das medidas tomadas neste campo.
Suécia, Dinamarca e Finlândia lideram o ranking divulgado esta semana pela União Europeia onde Portugal regista uma taxa de crescimento quase dez vezes superior à média europeia, num período de cinco anos. Na verdade, os dados parecem comprovar que o país foi que mais progrediu no conjunto dos 27 estados membros. Quase todos os indicadores nacionais sofreram uma evolução favorável.
Analisando a performance nacional é possível verificar que, por exemplo, ao nível dos novos doutorados por cada mil habitantes com idades entre os 25 e os 34 anos, o país atinge o terceiro valor mais elevado de todos os países avaliados. O mesmo acontece no que toca às Pequenas e Médias Empresas (PME) que inovaram no produto ou serviço. Ainda no campo das PME, Portugal assume também a oitava posição quando a análise incide sobre as empresas que introduziram inovação organizacional ou no marketing e é mesmo o primeiro classificado no crescimento de empresas inovadoras que colaboram com outras empresas, em percentagem do total de PME's.
À luz do relatório agora divulgado, Portugal assume-se como o país que mais cresceu em termos de despesas efetuadas em I&D, em percentagem do PIB, estando agora muito perto da média europeia e também marca pontos como aquele em que mais jovens com idades entre os 20 e os 24 anos têm o ensino secundário completo. Está ainda em segundo lugar no ranking dos países que mais aumentaram a despesa pública em investigação e dos que mais patentes registaram em áreas consideradas como um desafio para as sociedades (ver caixa).
O Plano Tecnológico terá contribuído para a evolução favorável dos indicadores nacionais, mas a realidade é que também se registaram quebras nalguns áreas. O capital de risco e a despesa das empresas em I&D ainda ficam aquém da Europa, bem como os recursos humanos em setores que exigem elevada qualificação, o volume de exportações de bens de média e alta tecnologia ou a venda de bens resultantes de inovações que ainda apresentam desempenhos muito abaixo da média europeia.
Os resultados do European Innovation Scoreboard são sustentados pela análise de 24 indicadores, agregados em oito categorias: recursos humanos, sistemas de investigação abertos e atrativos, recursos financeiros e infraestruturas, investimento das empresas, parcerias e empresas, patentes, empresas inovadoras e efeitos económicos. Comparativamente ao ranking publicado em 2009 Portugal subiu apenas uma posição (do 16º para o 15º lugar), mas numa análise num período alargado de cinco anos é possível perceber que o país conquistou sete posições nesta lista. Em 2006 estava classificado em 22º lugar e hoje lidera o grupo dos moderadamente inovadores, deixando para trás a vizinha Espanha e a Itália e sendo considerado pela UE como o país que mais progressos fez rumo à inovação.
Onde mora a inovação?
Numa entrevista recente ao Expresso, Joaquim Goes, administrador do BES, referiu que segundo os indicadores económicos europeus “se até 2020 o investimento em I&D atingir 3% do PIB da União Europeia serão criados 3,7 milhões de postos de trabalho”. Um número para o qual parece contar cada vez mais o esforço português. O país posicionou-se bem neste último Ranking Europeu da Inovação, para o qual muito terá contribuído o papel das universidades, mas também das empresas.
Durante o primeiro semestre de 2010, foram 440 os inventores que deram entrada com pedidos de patentes ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). As universidades também demonstram um papel ativo solicitando 52 pedidos de patente. No que toca às instituições mais ativas em matéria de investigação, a bússola do INPI aponta claramente para norte: Universidade do Porto, Universidade do Minho (a que mais patentes tem registadas em Portugal) e Universidade de Aveiro.
Da parte das empresas há vários casos que merecem destaque quando o que está em causa é a proteção das inovações made in Portugal. Bial, Cipan, Hovione Ws Energia e Biodevices SA surgem como exemplos de empresas ativas no que toca a inovar. Segundo dados do INPI, no ano passado, deram entrada 654 pedidos de patentes.