Um terço dos alunos portugueses não chega a concluir o ensino secundário. O alerta vem do Conselho Nacional da Educação (CNE), no seu relatório “Estado da Educação 2010”. O documento refere ainda que as qualificações dos portugueses permanecem muito abaixo da média europeia, apesar do país ter feito um esforço de aproximação.
Em Portugal, sete em cada dez trabalhadores tem baixo nível de qualificações e nesta estatística o país excede em larga escala a média Europeia, revelando que Portugal ainda não conseguiu recuperar do seu atraso em matéria de qualificações. Segundo o CNE, o estudo permite concluir que 17% da população activa possuiu qualificações médias e 13,2% atingem altas qualificações, mas um terço ainda deixa o secundário por concluir. Em 1994, entraram para a primeira classe 109233 alunos e desses, apenas 29% deixou o sistema de ensino com o 12º ano concluído.
O relatório recentemente divulgado vai mais longe e adianta que 24% das pessoas empregadas não tem concluído o ensino básico. E se este cenário já de si não animador para um país que há muito se debate com o problema da baixa qualificação da sua população quando comparada com outros países, a verdade é que o CNE defende a necessidade de apoiar os jovens ao longo de todo o seu processo escolar e intervir ao primeiro sinal de dificuldade. De acordo com os dados agora divulgados, 21% dos alunos portugueses reprovam ou abandonam o sistema de ensino e só 58,6% conclui o 12º no tempo normal, sem nunca ter reprovado. Acresce ainda o facto das escolas com taxas de transição mais elevadas estarem integradas na rede de escolas privadas, deixando claro a necessidade de apoio e acompanhamento permanente nas escolas públicas.
Números podem vir a agravar-se com os cortes previstos no Orçamento para o próximo ano. Para o CNE, os maiores progressos nacionais no domínio da qualificação registam-se no ensino secundário. E se esta evolução é importante, é também necessário não esquecer o ensino secundário e apoiar a escolas de modo a viabilizar a diminuição das taxas de insucesso e permitir que mesmo os alunos com menos recursos consigam ter acesso à qualificação.