Cátia Mateus e Maribela Freitas
Na sociedade actual a imagem e a atitude ditam as regras. Esta realidade é válida também no universo laboral. Apenas alguns segundos é de quanto precisamos para formar uma impressão sobre alguém. E se há alguns anos um bom profissional se media essencialmente pela sua formação e percurso profissional, hoje para vencer no mundo do trabalho é necessário que se preocupe também com a sua aparência e postura. Ambos podem ser o seu passaporte para o sucesso.
A conjuntura actual posiciona o «marketing» pessoal como uma ferramenta de gestão determinante para o sucesso e evolução profissional. Simples mudanças de atitude podem garantir-lhe a progressão na carreira ou a conquista do tão ambicionado emprego. E os trabalhadores portugueses já compreenderam a importância da sua imagem.
Segundo Luís Filipe Pinto, especialista em marketing da empresa de «executive search» MRI Worldwide, «fruto de um mercado mais competitivo, o posicionamento dos profissionais ao nível da construção da sua carreira passa cada vez mais pela conjugação de factores que visem a melhoria da sua imagem pessoal e da sua adequação às organizações que servem».
O responsável acredita mesmo que «a ausência deste tipo de posicionamento, denota não só uma curva de evolução profissional atípica consubstanciada pela estagnação prematura, mas também a própria rejeição do mercado perante estes perfis». Um bom projecto de «marketing» pessoal deve levar os outros a reconhecer as qualidades de determinado profissional. Mas para tal, é necessário que o indivíduo saiba reconhecer as suas características mais competitivas e aprender a realçá-las, minimizando as suas fraquezas.
Há no entanto profissionais que optam por ficar à margem do «marketing» pessoal, acreditando que toda a organização conhece as suas capacidades. Um erro de palmatória, já que muitas vezes bons profissionais não evoluem na carreira devido ao seu «low-profile». «A imagem é um valor acrescentado para as pessoas e existem casos de trabalhadores tecnicamente muito bons que não chegam longe profissionalmente por causa da sua imagem», refere Maria Duarte Bello, professora universitária que já há alguns anos trabalha em «coaching» e gestão da imagem.
A actividade que desenvolve define-a como «um aliar do ‘coaching' que é um treino de competências profissionais e pessoais, à gestão da imagem que pode ser trabalhada e melhorada». No seu dia-a-dia são várias as pessoas que a procuram por se sentirem insatisfeitas com a sua imagem ou porque querem trabalhá-la com vista a obter determinados objectivos, como por exemplo, alcançar um posto mais elevado na sua hierarquia profissional. «Interessa que o profissional transmita uma imagem de credibilidade e confiança», salienta Maria Duarte Bello.
Deve ainda coadunar-se com a função que desempenha e com a cultura da organização na qual se insere. Gestores de topo e políticos são alguns dos profissionais que têm procurado os conselhos desta especialista. Na prática e para este trabalho funcionar «o interessado deve saber o que quer, estabelecer um plano e cumpri-lo». Até aqui o «feedback» dos seus clientes tem sido positivo e a mudança operada leva-os a atingir os seus objectivos.
Mas estas questões não são apenas importantes para quem já está a exercer uma actividade. «Numa situação de entrevista a imagem do candidato pode ser determinante para a sua escolha», acrescenta Maria Duarte Bello. Uma vez dentro da organização, Luís Filipe Pinto refere que há factores que indiciam uma má imagem do profissional. «Os baixos índices de interacção e relacionamento pessoal, a baixa taxa de responsabilização por insucessos pessoais e profissionais justificados por contextos adversos e os baixos índices de compromisso com os projectos da empresa», são indício de uma má gestão da imagem.
Verena Santos, psicóloga, professora universitária e formadora na área comportamental, explica que «a imagem como um todo reflecte os nossos princípios, valores e é um espelho do nosso desempenho». Na sua opinião e nas organizações esta é muito importante e a imagem a cultivar deve ser a da verdade. «Quando não se é verdadeiro e projectamos algo que não somos, a realidade acaba sempre por sobressair. Questões como a afirmação pessoal e a coerência são importantes por exemplo em termos de liderança. Um líder que exige aquilo que não faz, passa uma imagem de incoerência e dificilmente será seguido», explica a psicóloga.
Uma questão de atitude
NO seu emprego, a sua postura e atitude valem tanto como a sua formação e capacidade de trabalho. Partindo deste pressuposto, damos-lhe alguns conselhos que o ajudarão a gerir melhor a sua imagem junto dos seus colegas e chefias. Tome nota:
.Compreenda as distâncias hierárquicas e saiba adaptar-se;
. Evite cortar relações, mas saiba dizer «basta!» quando necessário;
.Critique apenas actos e não pessoas;
. Aprenda a calar-se, mas não seja submisso;
. Tenha espírito de equipa;
. Não contrarie o seu patrão em público. Se não concorda com ele, discuta o assunto em privado; . Saiba exprimir-se em público;
. Não tolere assédio sexual ou moral, desprezo pelos seus direitos ou ingratidão sistemática. Exija factos;
. Seja de confiança . Quando o criticarem justificadamente, assuma o erro e entenda-o como lição de futuro;
. Arranje um guru dentro da empresa que o possa ir aconselhando e não tenha receio de colocar questões