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Fotógrafa de afectos

Fotógrafa de afectos

Trabalhou com lobos, cães e golfinhos como investigadora. Chegou a trocar Portugal pela Polónia durante três anos para trabalhar. Mas aquilo que Raquel Brinca nunca trocou por nada, foi a sua paixão pela fotografia. Um hobby incutido pelo pai que motivou a criação da empresa HUG e do seu mais recente projecto Baby Art .
22.04.2010 | Por Cátia Mateus


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Diz com gargalhada fácil que é capaz de “comer mato à dentada” para concretizar aquilo em que acredita e para chegar onde acha que tem de chegar. Aos 33 anos, Raquel Brinca é o exemplo de uma empreendedora de afectos que ganha a vida a perpetuar emoções e momentos que marcam a diferença. Nunca teve medo de mudanças e agradece ao pai, que é afinal o seu grande guru e a sua fonte de inspiração, a vida que hoje tem. Foi graças a ele que ainda pequena descobriu a fotografia e se apaixonou por esta forma de olhar com o coração. Não é fotógrafa de formação, embora coleccione uma extensa lista de cursos e especializações na área. Trabalhou como investigadora em Portugal e no estrangeiro, chegou a ser decoradora mas a realização encontrou-a no seu projecto pessoal: a criação da empresa HUG. Aqui fotografam-se famílias e materializam-se em papel fotográfico histórias de bebés felizes, desde o dia em que chegam ao mundo.

Era ainda bem pequena quando o pai “caiu no erro” de lhe dar para brincar uma das suas câmeras fotografias antigas e desde então toda a sua semanada era gasta em rolos e revelações. Seguiu um percurso académico distinto, mas nunca deixou de parte a fotografia. Licenciou-se em Engenharia da Produção, tirou mestrado em Etologia, estudo do comportamento mas já somava vários estágios no seu currículo. “Primeiro trabalhei com Golfinhos no Zoo de Lisboa, depois fui para a Polónia trabalhar com lobos durante três anos e quando regressei a Portugal fui trabalhar para um projecto que havia na altura que era o Grupo Lobo, onde se investigavam métodos de protecção alternativos para a preservação do Lobo Ibérico em Portugal”, relembra. Confrontada com as dificuldades de viver da investigação em Portugal, mudou de rumo. Foi trabalhar para um atelier de decoração. Foi nessa altura que começou a investir mais na sua formação enquanto fotógrafa. “Fazia todo o sentido nesta área profissional apostar na componente técnica e comecei a frequentas cursos, workshops, especializações”, relembra.

Apesar da estabilidade deste emprego Raquel fazia contas à vida e decidiu dar um salto mais arriscado. “Sempre tive um pai fantástico que me incentivou a fazer o que achasse certo na altura devida, por isso apesar de ter uma estabilidade profissional invejável era mãe há pouco tempo e trabalhava sobretudo fora de horas que era quando as pessoas chegavam a casa. Tinha pouco tempo para a minha filha e aquilo começou a mexer muito com o meu lado emocional. Sai”, refere. Foi ai que o projecto de criação da HUG ( www.hug.pt ) ganhou forma, “em muito motivado pela senhora do centro de emprego que me disse que talvez a melhor solução fosse criar a minha empresa”. Depois de um rigoroso business plan a Hug entrou no mercado em Março de 2009.

“A Hug nasceu da paixão pelo universo da família e da fotografia e do desejo de reunir num mesmo espaço um conjunto de serviços que permitissem acompanhar momentos especiais, cultivar emoções, ver crescer histórias e vidas”, explica a empreendedora. Além das produções fotográficas com grávidas, bebés e famílias (onde cabem até os animais de estimação), a Hug regista também momentos especiais como despedidas de solteiro e outros momentos que é importante perpetuar, bem como “ego sessions”, um mimo para as mulheres que querem sentir-se modelos por um dia. Paralelamente a esta componente, a empresa tem uma outra vertente que são as designadas experiências únicas, pensadas para estreitas os laços entre as mães e os seus rebentos. Na sede da Hug, em Linda-a-Velha, é possível encontrar aulas de preparação para o parto, yoguilates para grávidas, recuperação pós-parto, mummy & baby gym, Dunstan Baby Language, babyoga e um infindável leque de actividades.

Um reflexo do crescimento que a empresa tem tido no último ano de actividade e da vontade contínua que Raquel Brinca tem em inovar. Foi aliás esta vontade que a levou no final do ano passado a rumar aos Estados Unidos para um curso vocacionado em Baby Art, o grande “ai-jesus” e investimento da fotógrafa neste momento. Desde Janeiro que a Raquel alargou o leque de actividades da Hug à fotografia artística de recém-nascidos (entre dois e vinte dias) e assegura que “este é um serviço que muita gente já procurava, mas não havia oferta em Portugal de forma personalizada”.

Uma produção fotográfica na Hug para quatro pessoas custa 190 euros. Já as sessões de Baby Art ascendem aos 300 euros e são realizadas em casa do cliente, num local com óptima luz natural e capacidade de aquecimento do espaço a 40º trópicos “pois vamos trabalhar com bebés muito pequeninos”. Para quem não tem grandes condições de espaço, a fotógrafa assegura que a sua casa é o melhor dos palcos para estas sessões.

Organizada e muito metódica, Raquel Brinca acredita que o sucesso do seu projecto empresarial se deve ao investimento humano que faz na empresa. Trabalha feriados e fins-de-semana com dedicação total e diz sem hesitações que “qualquer projecto deve ser abraçado de alma e coração e não somente por questões financeiras. É o afecto que se coloca nas coisas que marca a diferença”. E é com esta crença que conta as suas histórias de pequenas vidas, impressas com arte num papel que persiste ao tempo.

BI Empresarial  

Nome: HUG
Promotores: Raquel Brinca, 33 anos
Data de criação: Março de 2009
Área de Actividade: Produções fotográficas familiares, baby art e experiências únicas.
Investimento inicial: Cerca de 20 mil euros aplicados essencialmente em equipamento.
Ferramenta de gestão: Uma organização rigorosa e quotidiana.
Dica para criar um negócio: Identificação com o projecto e que não seja apenas ir atrás da moda.
Sítio: www.hug.pt



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