Cerca de 9% dos trabalhadores por conta de outrem não auferem mais do que o salário mínimo nacional. A informação é avançada pelo estudo Salário, Políticas Macroeconómicas e Desigualdades, da CGTP. O mesmo documento revela que desde 2006, o número de trabalhadores abrangidos pela remuneração mínima duplicou.
Em 3,8 milhões de funcionários por conta de outrem, há 342 que não levam para casa mais de 475 euros mensais, segundo a CGTP que considera que o actual estado do mercado laboral aponta para um reforço da tendência da baixa de salários. Na verdade, em Abril de 2009, dados dos quadros de pessoal do Ministério do Trabalho, referentes apenas ao sector privado, davam conta que a percentagem de trabalhadores abrangida pelo salário mínimo já somava, à data, os 8,2% num total aproximado de 311 mil trabalhadores.
Para a CGTP, este nível remuneratório está longe de se resumir à já designada “geração 500 euros”, com empregos na área dos call-centers ou centros comerciais. Este patamar remuneratório é expressivo nas indústrias transformadoras, onde já abrange 41% dos trabalhadores, sendo que no sector têxtil, vestuário e calçado há 73,3% de trabalhadores a serem remunerados nesta fasquia salarial. Mas há outros sectores representativos do salário mínimo como o alojamento e restauração, onde metade dos salários são abaixo dos 500 euros mensais e o do mobiliário, onde 60% dos colaboradores recebem o salário mínimo nacional.
Até nas ofertas de trabalho disponíveis no Instituto de Emprego e Formação Profissional, os valores médios são condicentes com esta tendência. Segundo a CGTP, os dados de Fevereiro dos centros de emprego apontavam para um vencimento médio que rondava os 523 euros. Dados que continuam a fazer de Portugal um dos países da União Europeia com mais baixo salário mínimo.