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Novos rumos

Novos rumos

Cerca de um milhão de portugueses já foi abrangido pelo programa Novas Oportunidades. Vidas que tomaram novo rumo.
15.04.2010 | Por Marisa Antunes


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Uma legião de portugueses está a pegar nos livros e a voltar à escola. São aos milhares os que passaram da vontade à prática e concretizaram um sonho cuja bandeira ganhou o nome de Novas Oportunidades. Neste programa e em outros de formação de adultos, o Governo está efectivamente a abrir portas e a criar oportunidades para quem já se tinha resignado aos seus limites. Oportunidade para orientar a sua vida em novas direcções, mudar de área de trabalho ou ascender profissionalmente. O ExpressoEmprego foi procurar os rostos de algumas destas histórias. Pessoas como João Silva ou Nadine Gulama, Vera Santos ou Sílvio Martins, cujas vidas mudaram para bem melhor.

Rui Fiolhais é o gestor do Programa Operacional de Potencial Humano (POPH) que concretiza a agenda inscrita no QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional) para a qualificação dos portugueses. Isto inclui não só a iniciativa Novas Oportunidades mas muitas outras que visam, por exemplo, o combate ao insucesso escolar, a formação técnico-profissional de jovens ou a inserção de pessoas com trajectórias de exclusão social.

São 8,8 mil milhões de euros - dos quais 6,1 mil milhões comparticipados pelo Fundo Social Europeu (FSE), sendo o restante do Orçamento de Estado -, que começaram a ser geridos em 2007 e com data-limite fixada em 2013. Até agora, cerca de 60% desse valor já foi aplicado.

De entre os programas integrados no POPH, as Novas Iniciativas têm merecido um grande destaque. “A grande aposta deste programa a nível estratégico é inverter o problema que temos com a qualificação da nossa sociedade: três quartos da nossa população não têm o 12º ano. Mas desde 2007 e até agora, o programa Novas Oportunidades já abrangeu um milhão e 100 mil portugueses. Estas alterações dos níveis de qualificação não são perceptíveis a curto prazo. Mas olhando mais longe, em 2020, por exemplo, teremos, certamente, uma sociedade mais qualificada”. Ainda no mês passado, foi fechado mais um concurso de formação de adultos e de dupla certificação, envolvendo 400 milhões de euros e 80 mil destinatários.

Geração Novas Oportunidades

João Silva, 57 anos, faz parte da geração Novas Oportunidades. Administrativo da área da Metalomecânica, com o antigo curso comercial completo (e equivalente ao 9º ano), resolveu fazer a certificação que lhe conferiu o diploma do 12º. Este percurso de formação mais recente, efectuado no Centro de Novas Oportunidades da Escola Intercultural das Profissões e do Desporto da Amadora, tem ainda mais particularidades.

Quando efectuou a sua formação, João estava já em processo de pré-reforma da empresa da área onde trabalhou 30 anos, porque queria abraçar um sonho antigo: viver única e exclusivamente da música e das artes plásticas.

Após a conclusão da formação na escola intercultural na Amadora, surgiu a oportunidade de reforçar ainda mais as suas competências, tendo obtido o certificado de aptidões pedagógicas para poder dar aulas formativas aos alunos.

Hoje é um homem realizado profissionalmente. Coordena o ateliê de artes plásticas e de percussão no chamado projecto DozeQuinze, implementado neste estabelecimento e que abrange os jovens desta faixa etária, com muitos problemas de integração social, a maior parte deles oriundos da Cova da Moura. “É muito gratificante e faz muito sentido para mim pois sempre quis dar aulas com sentido de missão”, diz João Silva, que como baterista ainda se desdobra em alguns projectos musicais (como o “Sons da Gente” e o “Lindu Mona”) ou na vertente da pintura, nas suas exposições de peças em acrílico.

Também com o 12º das Novas Oportunidades (NO) obtido na mesma escola, Sílvio Martins, 32 anos, tinha outras ambições que íam além do 10º ano que só lhe foi possível fazer por contingências da vida, deixando para trás a vontade de tirar um curso superior.

“Neste momento, na GNR, sou formador na área dos transportes e para obter o grau de instrutor era necessário o 12º ano”, conta Sílvio. Esforçado, foi um dos quatro resistentes que completaram a formação das NO, de uma turma inicial de 20 alunos. “Apesar de ser pouco tempo – no meu caso foi cerca de quatro meses – eram dois dias por semana, em horário pós-laboral com alguns trabalhos e acompanhamento permanente por parte dos técnicos e formadores. Foi intenso, mas valeu a pena”, reforça ainda.

Dedicação e empenho são qualidades que não faltam também a Vera Santos, 31 anos e Nadine Gulama, 19 anos. A primeira está a tirar o curso de Educação e Formação de Adultos de Cabeleireiro e a segunda, o de Massagista e Estética, com a duração de dois anos e aulas diárias.

Ambas foram mães recentemente - Nadine tem um bebé com 16 meses e o de Vera tem oito - mas a Escola Intercultural da Amadora arranjou instalações apropriadas para acolher as crianças enquanto as progenitoras estão em formação. “Conseguir conciliar tudo, com o meu bebé, é óptimo. E além disso, o curso garante-me ainda um estágio no final da formação”, diz Nadine, que só tinha estudado até ao 6º ano e recupera agora a possibilidade desta dupla certificação.

Também Vera Santos lembra que nunca deixaria passar esta oportunidade. “Com a formação vou conseguir obter a carteira profissional de cabeleireira. Este tipo de cursos são bastante caros fora daqui e por isso nem pensei duas vezes. Até porque ao inscrever-me irei ficar com a equivalência ao 9º ano e poder deixar o Rodrigo aqui na creche, enquanto estudo, é ‘ouro sobre azul'”, salienta Vera.

Histórias entre milhares que Rui Fiolhais, o gestor do POPH, conhece bem e que dão um sentido mais profundo à sua missão. “Se juntarmos às Novas Oportunidades, todas as outras formações e pessoas que abrangemos, entre jovens e adultos, estamos a falar de dois milhões de portas que já foram abertas aos portugueses”. E para quem sempre quis dar um salto em frente ainda vai a tempo. O programa só termina em 2013.



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