O inglês e o espanhol continuam a ser algumas das línguas mais procuradas nos cursos livres das universidades portuguesas, abertos a alunos destas instituições de ensino e comunidade em geral. Mas há cada vez mais interessados em conhecer a fundo determinados aspetos linguísticos de um idioma e optam assim por uma formação à medida das suas necessidades.
Conversação em inglês, francês jurídico, inglês para fins académicos, alemão jurídico e inglês para fins empresariais, são alguns dos cursos especiais e intensivos previstos pelo Centro de Línguas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (CL/FLUC) para o presente ano letivo. “A maior parte das formações específicas resulta de um pedido por parte dos alunos e algumas foram sugeridas por profissionais da área. Ainda que o interesse se registe sobretudo na aprendizagem da língua para fins comunicativos, as áreas em causa, possuem um léxico especializado cujo domínio é absolutamente obrigatório” , explica Joana Vieira dos Santos, diretora do CL/FLUC.
A criação de cursos especiais e intensivos começou há dois anos e podem sempre ser organizados outros a pedido, desde que exista um mínimo de 15 interessados. Fora desta formação mais específica, o inglês, seguido do espanhol e alemão, são as línguas mais procuradas dentro da oferta de cursos livres desta universidade que abarca também idiomas menos falados como o neerlandês, japonês e russo.
“Há uma crescente procura de profissionais multilingues e os alunos têm consciência disso” , salienta Joana Vieira dos Santos. Só no primeiro semestre deste ano o centro registou a inscrição de 900 pessoas, distribuídas por 25 cursos. A diretora do CL/FLUC acredita mesmo que “o nosso crescimento demonstra que os alunos se consciencializaram da necessidade de serem poliglotas e procuram-nos com esse objetivo” .
Embora sendo apostas ainda a título experimental, o Centro de Línguas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (CLFLUL) realizou formações de tradução de alemão jurídico, alemão para medicina e inglês jurídico. Cláudia Fischer, diretora deste centro conta que “sabendo que em determinados contextos profissionais um curso de língua geral não vai ao encontro das necessidades, organizamos estas formações que proporcionam estratégias para o uso de língua estrangeira num contexto específico” . Está ainda previsto um curso de abordagem do texto jurídico alemão para juristas ou estudantes de direito sem quaisquer conhecimentos da língua. Cláudia Fischer acredita que “há um interesse crescente nestes cursos, porém a necessidade de requererem uma presença assídua nas aulas torna-os por vezes incompatíveis com uma vida profissional absorvente” , Daí que a formação de tradução de alemão jurídico se tenha realizado na modalidade de b-learning , com uma componente presencial e outra online.
Para além destes cursos livres específicos, o CLFLUL oferece desde os idiomas mais procuradas como o inglês, alemão e espanhol, até às mais alternativas como o basco, catalão, árabe, grego moderno, romeno, etc. Cláudia Fischer explica que “há apetência para travar conhecimento com outras línguas mais minoritárias em Portugal, o que traz sempre consigo a vantagem da possível aplicabilidade no mundo do trabalho” .
Na perspetiva de Secundino Vigón Artos, coordenador de línguas estrangeiras do BabeliUM – Centro de Línguas da Universidade do Minho, “uma pessoa que seja capaz de comunicar em vários idiomas terá sem dúvida mais oportunidades laborais e os estudantes estão cada vez mais conscientes disso” . Para além do ensino das línguas mais procuradas – inglês, espanhol, francês e alemão - este centro ensina árabe, checo, italiano, japonês, turco e polaco. Aposta também em formações para fins específicos. “Temos propostas de alemão para engenheiros, de espanhol para os negócios ou de italiano para os serviços turísticos. Estes cursos cobrem necessidades específicas dos nossos formandos dentro de um setor determinado e são concebidos com finalidades específicas para o mundo profissional” , acrescenta Secundino Vigón Artos. O responsável pelo BabeliUM acredita que os alunos destes e de outros cursos de línguas estão preocupados em valorizar o seu currículo e diferenciarem-se no mercado de trabalho.