Imagine uma pessoa que perdeu o emprego e chegou a uma situação tal de dificuldade financeira que até precisa recorrer a ajuda alimentar. Terá esta pessoa acesso fácil à Net, veículo fundamental nos dias de hoje para quem se quer manter ligado ao mundo? Aumentando as suas possibilidades de regressar à vida ativa?
Foi a pensar nestas pessoas e em todos aqueles que são infoexcluídos, que a FNAC resolveu criar espaços muito especiais, devidamente equipados e integrados nos centros Porta Amiga da AMI, abrindo portas a novas oportunidades para estes utentes mais desfavorecidos. Este projeto, batizado de “Infotecas contra a infoexclusão”, vai inaugurar já no final do mês um novo centro no Funchal, mais precisamente no dia 30. Esta será a quarta infoteca da FNAC nos centros AMI, depois de Vila Nova de Gaia, aberto há três anos, Porto, desde 2008 e Cascais, em 2009.
“A FNAC tem sido solicitada ao longo dos anos por várias ONG's. Quando nos lançámos nesta iniciativa, achávamos que estava na hora de fazer algo organizado e a nível nacional. Existe uma nova forma de exclusão social - a infoexclusão -, um fenómeno revelado nos dados da Eurostat onde se aponta para que mais de metade (56%) da população tenha dificuldade de acesso aos computadores, uma situação transversal a todas as classes etárias e até sociais. Sendo a FNAC um player no mercado ao nível das novas tecnologias, fazia sentido envolvermo-nos em ações que combatessem esta iliteracia digital”, realça Viriato Filipe, diretor de marketing da empresa.
Assim, e para contrariar esse ciclo, a nova infoteca do Funchal à semelhança das outras três que já em funcionamento, vai formar em Tecnologias da Informação e Comunicação, crianças, jovens, adultos e seniores. Nestas formações gratuitas, para além da iniciação à informática onde se aprende por exemplo a utilizar e-mail ou a pesquisar oportunidades de trabalho na Net, é ainda possível frequentar cursos de Office 2010 com iniciação ao Word, Excel, Power Point, Photoshop e weeb design.
Ferramentas que poderão ajudar à inclusão social e à integração profissional. “Formamos, em média, cerca de 50 pessoas por semestre, 100 por ano, em cada infoteca”, sublinha o responsável de marketing da FNAC. Como explica Viriato Filipe, de entre os Centros Porta Amiga existentes a nível nacional, foram selecionados estas quatro infotecas que reuniam as condições ideais em termos de ao nível da tipologia e condições físicas dos espaços, das necessidades das comunidades envolventes e ainda das atividades desenvolvidas em cada Centro.
Feitas as contas, e segundo o balanço de atividades das infotecas durante este ano, constata-se que a maioria tem entre 40 e os 49 anos (20%) e entre os 30 e os 39 anos (19%). Verifica-se que a maior parte se encontra em plena idade ativa (73%), não exercendo qualquer atividade profissional (89%) ou o fazem de forma precária (11%). Dados que revelam bem o impacto que a formação conferida nas infotecas FNAC/AMI pode ter na vida profissional destes “alunos”.
Ações possíveis de realizar também graças à parceria de instituições como a HP e escolas de formação como a Galileu e ainda a APEL, Atlântico e Colombo, no Funchal. Esta iniciativa de responsabilidade social da FNAC portuguesa está a tornar-se num “case study” a nível interno da multinacional francesa, estando prevista a abertura de mais uma nova infoteca no próximo ano.