Notícias

Empresas familiares lutam contra a mortalidade

Preparar correctamente a sucessão pode ser o passaporte para a sobrevivência de muitas empresas familiares. Ainda assim, são poucos os empresários que apostam na preparação eficiente da sua saída
15.02.2008


  PARTILHAR



Cátia Mateus

“Cerca de 50% das empresas familiares desaparecem na segunda geração e apenas 15% sobrevivem à terceira”. O alerta parte de Roberto Morales, o especialista em empresas familiares que esta semana esteve em Braga, a convite do BIC Minho-Oficina da Inovação, para falar de empresas familiares e processos de sucessão. Morales, que defende uma planeamento atempado da sucessão nas empresas como forma de evitar a sua mortalidade, partilhou com uma plateia de empresários da região as suas dicas e estratégias para uma longa vida empresarial.

As empresas familiares representam cerca de 90% do tecido empresarial da região do Minho. Uma realidade que enfatiza a importância do tema da sucessão e da sua relação directa com a taxa de mortalidade empresarial. Para Roberto Morales, “é importante encarar o processo de sucessão com naturalidade, planeando-o atempadamente e de forma profissional”. Um cuidado que nenhum dos cerca de 20 empresários presentes neste seminário confessou ter sendo notória a ausência de qualquer processo de transmissão geracional em curso. Uma situação que para o especialista deixa claro o carácter de desconforto que a situação ainda assume nos meandros das empresas familiares.

Morales defendeu neste evento a necessidade de se elaborarem protocolos familiares que ordenem o processo de sucessão internamente, bem como a gestão de desavenças, a profissionalização ou a simples definição de uma estratégia empresarial. O especialista adiantou ainda que “o processo de sucessão assenta em três áreas-chave: planeamento, comunicação e profissionalização”. Factores que considera “fundamentais para garantir uma transmissão tranquila, transparente, equilibrada e essencialmente vocacionada para o interesse da empresa, contribuindo dessa forma para a estabilidade e continuidade destas organizações”.

A necessidade de reduzir esta taxa de mortalidade empresarial e mudar mentalidades no domínio da planificação de sucessões está na mira do BIC Minho que tem vindo a apostar em «workshops» e seminários de sensibilização sobre a matéria que culminaram já com o lançamento do estudo ‘Gestão e Sucessão de Empresas Familiares'. Este trabalho, assente em estudos de caso, tem por meta fornecer aos empresário orientações e esclarecimentos sobre a competitividade e sobrevivência das suas empresas no mercado.

Uma lacuna em matéria de informação que pode contribuir para vitimar muitas empresas. Razão pela qual, Leonardo Silva, presidente do BIC Minho, enfatiza a intervenção no organismo que lidera no domínio da sucessão nas empresas familiares. “A preocupação pelas problemáticas que envolvem as empresas familiares, nomeadamente ao nível da sucessão, de falta de clareza nos processos, de confusão entre os laços de afecto e os contratuais, de receios quanto a possíveis alienações a novos proprietários e de grande resistência à mudança, são um dos principais eixos de intervenção do BIC Minho”, explica o responsável. Para o presidente do BIC Minho, “as empresas familiares detêm um triplo valor: são fundamentais para a coesão social, para gerar emprego e apresentam maior capacidade para aderir à inovação”.





DEIXE O SEU COMENTÁRIO





ÚLTIMOS EMPREGOS