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A estratégia da responsabilidade social

As empresas de todo o mundo já perceberam que as boas práticas, sejam estas ambientais ou sociais, são mais do que compensatórias. Ajudam a aumentar a facturação e até funcionam como ‘íman’ para atrair novos talentos
15.02.2008


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Marisa Antunes

Fazer o bem é altamente rentável. Um estudo realizado pela IBM concluiu que as empresas socialmente responsáveis pretendem ir muito além da filantropia e que essas acções revelam uma visão muito mais estratégica e objectiva.

“Cerca de 68% utilizam a responsabilidade social empresarial (RSE) como uma oportunidade e uma plataforma de crescimento sustentado e 54% acreditam convictamente que a RSE traz importantes vantagens competitivas. Mais: essa postura ajuda ainda a atrair e a reter talentos”, conclui o estudo coordenado por George Pohle e Jeff Hittner, dois responsáveis da IBM Institute for Business Value, que analisaram as respostas de 250 empresários e executivos de topo de 160 países de todo o mundo.

De acordo com os investigadores, estes resultados vêm confirmar a crescente influência dos consumidores que, graças à sua capacidade de investigação e partilha de informação na Internet, tornaram-se ‘especialistas' numa ampla gama de questões como as alterações climáticas, segurança dos produtos, práticas de trabalho ou a responsabilidade financeira das empresas. Basta dizer que 71% das empresas que participaram neste estudo, intitulado ‘Responsabilidade a 360o: Criar uma Estratégia Integrada para o Crescimento Sustentável'. declararam fornecer, agora mais do nunca, dados sobre os seus negócios.

Isto porque, na actual sociedade das tecnologias de informação, onde a «web» permite efectivamente materializar a noção de aldeia global, todos os dados circulam, tornando as companhias mais transparentes do que nunca. Toda esta visibilidade obriga a que, por exigência dos próprios consumidores e accionistas, as empresas mantenham a sua actividade dentro do que é considerado ética e socialmente correcto.

Os autores do estudo lembram que desde 1990, a Net criou mais de 100 mil novos grupos de cidadãos empenhados política e socialmente. “Eles supervisionam e fazem circular informações que podem levar uma empresa a perder facilmente o controlo da sua marca e da sua reputação empresarial. Ou pelo contrário, através da responsabilidade social, conseguir a diferenciação pela positiva ou a permissão de entrada em novos mercados”, sublinham ainda.

“Quanto mais abrangente for a informação a que os «stakeholders» — clientes, accionistas, empregados, governo, parceiros de negócios e grupos de advocacia — acedem, mais quererão saber e mais partilharão. É precisamente esta corrente de conhecimento que está a fundamentar as suas decisões sobre o que comprar, para quem trabalhar, com quem desenvolver parcerias, onde investir, e de que forma querem a indústria regulamentada”, reforça também Conceição Zagalo, directora de comunicação e programas Externos da IBM Portugal.

Para esta responsável, “é essencial que as empresas integrem políticas de responsabilidade social nos seus modelos de negócio e implementem estratégias de informação transparentes, que promovam a cooperação com todos os «stakeholders» e, principalmente, que possibilitem uma melhor compreensão das expectativas e dos requisitos dos seus clientes no que se refere a cidadania corporativa”.

O estudo conclui ainda que as empresas só ganham em interagir com todos os seus parceiros no processo: “Tal colaboração pode conduzir a melhorias substanciais no desempenho operacional, desde novos métodos de redução ou reutilização dos resíduos, até ideias para o aperfeiçoamento de produtos e serviços existentes”.

A Timberland é um dos exemplos citados de boas práticas a este nível. A companhia disponibiliza vários pormenores informativos na produção do seu calçado, como a quantidade de energia dispendida durante o processo produtivo, a percentagem utilizada de energias renováveis ou até o número de horas concedidas aos trabalhadores que querem participar em acções solidárias junto da comunidade.

Outra conclusão do relatório realça ainda a capacidade de atrair e reter talentos por parte das empresas socialmente responsáveis. “Há vários estudos que sugerem que as novas gerações de profissionais não só se sentem atraídos por estas organizações empresariais como querem ser parte activa desse movimento cujo objectivo é contribuir para um mundo melhor”, enfatizam os autores.

O trabalho, que avaliou a forma como as empresas gerem as expectativas da responsabilidade social, descreve ainda as etapas ao longo da chamada ‘curva de valor' que as organizações devem seguir para alinharem os seus objectivos de RSE com as suas estratégias de negócio.

De acordo com o relatório, “o máximo benefício das oportunidades de RSE ocorre quando todas as actividades da curva de valor — o cumprimento legal, a filantropia estratégica, a auto-regulação, a eficiência e o crescimento — estão integradas numa única estratégia com liderança de topo e o total empenho dos funcionários, parceiros de negócios e clientes”.

A IBM falou com executivos de 250 empresas pertencentes ao sector bancário e indústrias de produtos químicos e petróleo, bens de consumo, produtos electrónicos, energia e serviços públicos, comércio e automóvel. 30% dos participantes pertenciam à América do Norte, 30% à Ásia e Pacífico, 20% são oriundos da Europa Ocidental, 7% da Europa Oriental, 6% da América Latina, e 4% do Médio Oriente e África.





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