Os contratos de trabalho temporários aumentaram, no primeiro trimestre do ano, cerca de 4% segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), agora divulgados. Um crescimento que foi superado também pelos contratos a termo que aumentaram cerca de 10%.Os dados do INE mostram ainda o retrato de um país onde o fosso entre os salários elevados e o salário mínimo é cada vez mais acentuado.
Numa altura em que o desemprego bateu todos os records , Portugal assiste a uma nova realidade em matéria de desigualdade salarial. De acordo com os dados do INE, o número de portugueses que recebem salários superiores a três mil euros líquidos cresceu 23% só durante o primeiro semestre do corrente ano. O relatório do INE aponta para a existência de cerca de 28,6 mil pessoas com rendimentos salariais neste escalão. Numa fasquia inferior, mas ainda assim significativa, cresceu também o número de trabalhadores com remuneração superior a 2500 euros em 17%, face a igual período de 2009. Números que contrastam com uma taxa de desemprego que é a mais alta de sempre em Portugal e que atinge 10,6% da população activa, ou 592.200 portugueses, se quisermos falar em números reais. Na verdade, desde que se começou a falar de crise, Portugal já viu extinguir mais de 219 mil empregos e os jovens são os mais sacrificados.
O INE fala de reduções de emprego na ordem dos 11% para a fasquia dos 15 aos 24 anos, seguindo-se o patamar dos que têm entre 25 e 34 anos, onde os cortes de postos de trabalho cresceram mais 2,5% face a igual período de 2009. Mais a salvo parece estar o grupo dos 45 anos em diante que conseguiu manter níveis estáveis de empregabilidade.
O desemprego entre os licenciados aumentou 8,5%, somando actualmente 54,6 mil casos. As mulheres continuam a ser as que mais sofrem com a falta de trabalho, já que mais de 51% dos desempregados é do sexo feminino. O desemprego de longa duração apresenta também dados alarmantes, registando uma subida de 42% face ao primeiro trimestre de 2009. Neste momento, Portugal tem 305 mil pessoas desempregadas há mais de um ano e o número de trabalhadores inactivos desencorajados na procura de emprego aumentou mais de 39%.