Nunca como hoje existiram tantos licenciados e jovens universitários a trabalhar em regime de trabalho temporário (TT). Com o aumento do desemprego – neste momento existem mais de 44 mil diplomados sem trabalho, entre licenciados, bacharéis, mestres e doutores - esta é, na maioria das vezes, a única alternativa para quem está a tentar entrar no mercado de trabalho. Uma situação que apesar de tudo, acaba por elevar as competências na prestação destes serviços, contribuindo para a qualidade das organizações.
A necessidade, cada vez mais sentida por um crescente número de empresas, de reduzir custos fixos das suas estruturas e de adequarem a produção aos picos e retracções da procura dos mercados foi a mola impulsionadora, mas a progressiva melhoria da qualificação das pessoas que aderem a esta forma de emprego, bem como a formação específica proporcionada pelas próprias empresas de TT veio solidificar o papel do trabalho temporário no processo de desenvolvimento económico e na adequação deste à crise.
Já para as milhares de pessoas que vão engrossando as fileiras de mão-de-obra disponível para aceitar trabalhar temporariamente, a questão essencial é descobrir a melhor maneira de aproveitar a experiência a prazo para se valorizar profissionalmente, tendo em vista abrir caminho a um lugar ao sol menos provisório no mercado laboral.
Para rentabilizar ao máximo a passagem pelo trabalho temporário, existem regras que são pressupostos básicos, enquanto outras só poderão ser aplicadas já no decurso do cumprimento da função, dependendo muito da vontade e determinação de cada trabalhador em deixar uma marca no local onde presta serviço.
Desde logo, sobretudo para quem se está a iniciar no mercado de trabalho, é essencial ter uma mentalidade aberta, atenta e curiosa q.b, pois o excessivo recato é inimigo da obtenção de ferramentas importantes para o futuro. Nomeadamente, permitirá ir percebendo os modos de funcionamento de determinada empresa, a sua relação com o sector em questão, as dificuldades e as oportunidades. Quanto mais conhecer o meio onde está, mais facilmente poderá mostrar que sabe e daí talvez surja uma proposta para assumir uma nova responsabilidade de trabalho. Se achar que é capaz e que tem condições suficientes para tal, não hesite em aceitar o desafio.
Mas, se é verdade que aprender um pouco de tudo pode ser um excelente trunfo, a jogar no momento ou mais tarde, não é menos certo que essa postura não deverá, nunca, prejudicar o desempenho principal para que foi contratado. Fazer bem o que se espera que faça, independentemente de se tratar de um trabalho temporário, é premissa crucial sem a qual dificilmente haverá esperança de progressão. E se juntar entusiasmo a uma boa “performance” então terá ouro sobre azul, capaz até de fazer esquecer qualquer erro numa fase inicial.
Na verdade, errar é humano e – desde que sem exagero comprometedor - ninguém gosta de ter um robot como companheiro de trabalho ou mesmo subordinado. Naturalmente, as falhas devem ser evitadas a todo o custo. Para prevenir a sua ocorrência, em caso de dúvida, poderá ser mais aconselhável fazer perguntas e expor dúvidas do que ter medo de questionar e, por via disso, colocar em causa o êxito do desempenho. Da primeira forma, será valorizado por mostrar vontade de aprender e por querer fazer a tarefa o mais correctamente possível, enquanto que a segunda opção, além do risco de um mau trabalho, poderá dar ao supervisor a ideia de que não tem perfil para ir mais além.
Não estar parado é outra regra universal. Não é suposto suceder, mas pode verificar-se ocasionalmente, fruto do tipo de função desenvolvida ou por algum outro factor. Nessas alturas, porque não manifestar interesse em ajudar um colega? O supervisor ficará, certamente, agradado, independentemente de aproveitar ou não a oferta “extra”. E se daí surgir a oportunidade de ir “dar uma mãozinha” numa área que lhe traz novos conhecimentos, melhor ainda.
Estar disponível a ajudar é meio caminho andado para ganhar amizades e contactos dentro da empresa. Mas talvez não chegue se, fora essas alturas, andar carrancudo e mostrar ser pouco sociável. Não é preciso – nada recomendável mesmo! – ter um sorriso colado na cara o tempo todo, muito menos confundir camaradagem com bisbilhotice. Bastará uma genuína vontade de se relacionar com o maior número possível de pessoas, de diversificadas funções e origens, o que é, aliás, ou deveria ser, a postura mais normal num local de trabalho. Nunca se sabe quando um desses contactos poderá significar, directamente ou por sugestão, uma boa oportunidade de mudar para melhor…
Mandamentos para vencer
Como em tudo na vida, o bom-senso deverá ser sempre o melhor regulador do mercado do trabalho temporário, pautando o desempenho de quem procura esta forma de emprego. O exagero em mostrar qualidades pode desvirtuá-las quase tanto como a falta de motivação. Tendo isso em conta, aqui ficam, em resumo, alguns bons conselhos:
- Mentalidade aberta e curiosa
- Aceitar novas responsabilidades
- Fazer bem a tarefa para a qual foi contratado (a)
- Não ter medo de perguntar em caso de dúvida
- Mostrar vontade de aprender mais
- Em vez de ficar parado, oferecer ajuda
- Relacionar-se com o maior número de pessoas de diferentes funções
- Reforçar a “networking”