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O poder do factor humano

O poder do factor humano

Presente no mercado português há dez anos, onde opera ao nível do recrutamento especializado, a Hays conduziu no ano passado ao mercado de trabalho cerca de 80 mil pessoas em recrutamento permanente e 300 mil em interim management em todo o mundo.

06.05.2010 | Por Cátia Mateus


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Para a líder da equipa portuguesa, Paula Baptista, o sector do recrutamento e selecção enfrenta grandes desafios e falta-lhe, por cá, uma legislação que ajude.

O trabalho certo pode mudar a vida de uma pessoa e a pessoa certa pode transformar um negócio. É esta a fórmula mágica que norteia a liderança de Paula Baptista à frente dos destinos da Hays em Portugal. A empresa soma uma década de actividade em território luso e a sua managing director assegura que “apesar da conjuntura económica adversa, a Hays está em contra-ciclo e tem vindo a registar um crescimento efectivo”. Mas para combater o desemprego que afecta o país, a especialista afiança que não bastam as empresas. O Governo teria de arrojar e investir na flexibilização.

O mercado de trabalho está em mudança e muito já se alterou nos últimos anos. “Quando lançámos a operação em Portugal detectámos que, apesar de já existirem várias empresas a operar no mercado, o recrutamento era desenvolvido de forma muito generalista. O mesmo consultor tutelava processos de recrutamento em diferentes áreas, sem qualquer especialização e uma das coisas que trouxemos para Portugal foi precisamente essa segmentação”, relembra Paula Baptista. A especialista relembra que as três áreas de especialização inicial, deram lugar às 17 que hoje a empresa abarca e os seis consultores que partiram à conquista do mercado português abriram caminho ao que é hoje uma equipa de 70 elementos.

Mudanças vitais para a construção da empresa, mas sobretudo para o acompanhamento eficiente de um mercado cada vez mais competitivo e exigente. A empresa direcciona-se, sobretudo, ao recrutamento e selecção de quadros médios e superiores abarcando três segmentos de negócio específicos: recrutamento e selecção, interim management (recrutamento especializado na colocação temporária de quadros médios e superiores especializados) e, desde há dois anos, o executive search . Uma postura que, segundo afiança, “permitiu que a Hays atingisse a nível mundial a liderança de mercado na área onde opera”. Razão para Paula Baptista não ter medo de arriscar e ter a capacidade de ver a longo-prazo .

A especialista não nega que o mercado do recrutamento atravessa mudanças para as quais empresas e candidatos devem saber posicionar-se. Mas de fora desta equação não deixa o Governo: “num contexto adverso como o que enfrentamos, a questão da flexibilização é fundamental em matéria de incentivo ao emprego. Pode parecer contraditório, mas enquanto não dermos os primeiros passos nesta flexibilização quer em termos de contratação quer de desvínculo, vamos ter grandes dificuldades em ultrapassar esta conjuntura”. Paula Baptista reconhece que, “em termos iniciais poderemos ter um ligeiro aumento do desemprego, mas a retoma que vamos ter a seguir será substancial” e conclui: “por vezes é necessário dar um passo atrás, mas ganharmos vários passos em frente”.

Uma postura que é válida também para os candidatos. “Há muitos profissionais no activo totalmente insatisfeitos, mas que por estarem ocupados não procuram de forma proactiva novas oportunidades. Só quando são confrontados com uma situação de desemprego é que o pânico se instala”, frisa a especialista. Em conjunturas adversas onde a concorrência e competitividade no mercado é ampliada, é fundamental manter uma política activa de abordagem ao mercado de trabalho. “Qualquer candidato que queira acautelar eventuais situações de desemprego deverá ter consciência da importância do marketing pessoal nos tempos que correm”, enfatiza. Estar constantemente a criar o seu marketing pessoal mesmo se estiver empregado, investir na rede de networking criando e alimentando contactos, dando a conhecer o seu percurso, o seu trabalho, os projectos em que está envolvido, as suas actividades e gostos são, nos dias que correm, estratégia obrigatória para qualquer profissional em qualquer sector de actividade.

Mas para Paula Baptista não são só os candidatos que devem adequar-se ao mercado. Quem contrata também. As empresas de recrutamento e selecção devem igualmente estar conscientes do importante papel que as redes sociais têm vindo a assumir enquanto complemento aos processos de recrutamento. “Recrutar exclusivamente por esta via não me parece que seja o caminho, mas há que reconhecer que as redes sociais são cada vez mais um importante aliado no processo de pré-selecção de candidatos e de divulgação de oportunidades de emprego. É impossível fechar os olhos a isto”, explica.

Outro factor de mudança na última década tem a ver com a necessidade de operar no mercado de forma socialmente responsável. A última década marcou o hastear desta bandeira que as empresas abraçaram como causa prioritária.

Na Hays Portugal, o projecto do momento é apoiar a Fundação do Gil. “A nível mundial já abraçámos grandes causas. Estivemos envolvidos com a UNICEF no projecto de ajuda ao Haiti e em vários outros projectos. Por cá, e para comemorarmos os dez anos da Hays, decidimos apoiar a Fundação do Gil e durante o mês de Maio, todos os clientes que registarem um processo de recrutamento com a Hays que seja concluído com sucesso até 31 de Outubro, estarão a doar 100 euros a esta fundação, sem terem que realizar um esforço financeiro nesse sentido”.

Mas para lá de todas estas mudanças, o grande desafio organizacional da actualidade é para Paula Baptista levar as empresas portuguesas a reconhecerem o poder e potencial real da comunicação interna e da transparência, no relacionamento com o mercado e com os colaboradores. A responsável da Hays acredita que, neste campo, “há ainda muito a fazer”. Paula Baptista argumenta que a comunicação interna é um ponto fundamental na construção do sucesso de qualquer empresa, “mas, infelizmente, ainda há muitas organizações que insistem em alimentar burburinhos de corredor e delimitar de forma muito vincada a barreira entre chefia e colaboradores”. Um erro que diz ser crasso e com elevados custos sob o ponto de vista da motivação e produtividade. Um erro que é fundamental corrigir.

Hays em números

. 7000 colaboradores;
. Presença em 28 países e uma aliança estratégica nos E.U.A
. 345 escritórios espalhados pelo mundo;
. Actua em 17 áreas de especialização, desde a banca às telecomunicações, educação ou TI, entre outras;
. Em 2009, os consultores da Hays colocaram 80 mil pessoas no mercado de trabalho permanente e 300 mil no emprego temporário;
. Mensalmente, a Hays analisa 150 mil currículos;
. A empresa está cotada em Bolsa no FTSE250, em Londres;



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