Foi este ano considerada a empresa mais empreendedora do ano pelo European Institute for Business Administration. Mas não é só no empreendedorismo que a
farmacêutica Bluepharma se destaca. Os medicamentos genéricos produzidos no seu laboratório de Coimbra, outrora propriedade da Bayer, estão à venda em 30
países e Paulo Barradas Rebelo, presidente executivo (CEO) da Bluepharma, não tem dúvidas de que a expansão da marca - que este ano já entrou em Moçambique
- não ficará por aqui. De olhos postos no mercado chinês, onde poderá entrar também já no próximo ano, Paulo Barradas Rebelo espera conseguir duplicar, até
2015, a faturação anual da empresa. Para viabilizar esta estratégia de expansão global, a farmacêutica que se especializou no mercado dos genéricos
continua a investir forte na sua área de investigação e desenvolvimento (I&D) e no reforço do seu número de colaboradores. Está em marcha o
recrutamento de 80 novos quadros para a empresa.
A Bluepharma é a terceira farmacêutica nacional que mais investe em I&D, segundo dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. A
empresa tem concentrado os seus esforços em áreas emergentes de cariz biotecnológico, desenvolvendo um conjunto de projetos em parceria com alguns dos
centros de I&D de maior relevância nacional e internacional. Mas no momento de recrutar, esta não é a única área na qual a empresa investe. Nas vagas
agora em aberto, há também oportunidades na área da produção, embalagem e controlo de qualidade. “Pese embora o contexto económico, a Bluepharma tem
aumentado o seu volume de negócios e, consequentemente, as necessidades de recursos humanos”, explica Paulo Barradas Rebelo acrescentando que “os processos
de recrutamento que têm vindo a decorrer resultam diretamente do aumento das exportações”.
Engenharia, saúde e farmácia
A Bluepharma emprega neste momento 244 colaboradores. Em média a empresa recruta dez colaboradores a cada ano, com exceção de 2011, altura em que, agindo
em contra ciclo, a empresa contratou 38 novos elementos e este ano, em que já chegaram à empresa 68 reforços.
Os perfis são, regra geral, sempre ligados à indústria farmacêutica. A empresa dá prioridade a licenciados com formação na área da Engenharia (diversos
ramos), Ciências da Saúde e, especialmente, na área das Ciências Farmacêuticas, Química e Bioquímica. Além da formação, explica o CEO, “privilegiamos
experiência profissional de um ano na área, conhecimentos de informática na ótica do utilizador, bons conhecimentos de inglês e, preferencialmente,
conhecimentos de SAP”.
Atualmente, a percentagem de colaboradores da empresa com formação superior ultrapassa os cinquenta por cento, mas entre os requisitos que a empresa exige
a quem queira integrar a sua equipa estão também “um forte espírito empreendedor, de inovação e de rigor”, enfatiza Paulo Barradas Rebelo que faz questão
de reforçar: “a qualidade é um dos pilares da estratégia da Bluepharma e a sua equipa tem de ser, por isso, o seu reflexo”.
A empresa aposta fortemente na formação de novos talentos, possibilitando-lhes um primeiro contacto com o contexto empresarial. Cerca de 23% dos
colaboradores da Bluepharma foram admitidos em contexto de estágio, 19% dos quais ao abrigo de estágios do IEFP. “É de salientar que a empresa tem uma
política responsável na abertura de estágios, já que os entende como um período de experiência no qual a empresa e o candidato poderão avaliar se vão de
encontro às expectativas um do outro, o que tem resultado na admissão de 90% dos estagiários”, explica o CEO.
Desde a sua constituição, a Bluepharma mantém uma ligação estreita com a Universidade de Coimbra que permite a criação de estágios, a partilha de
laboratórios e, sobretudo, a partilha de conhecimento. Mas, nos últimos anos a empresa alargou esta parceria a outars instituições de ensino e tem vindo a
fomentar a criação de novas empresas de base tecnológica, com investigadores de excelência.
Dos 244 colaboradores que a Bluepharma emprega, 40 estão afetos ao seu laboratório de I&D. A empresa cresceu nos últimos dois anos mais de 70%,
posicionando-se como uma organização de referência no seu sector. A sua visão estratégica, forte sentido de responsabilidade social e capacidade de
antecipar as tendências do mercado têm viabilizado a sua expansão contínua e tem colocado a empresa entre os casos de sucesso nacional além-fronteiras.
De olhos na inovação e na internacionalização
Quando em 2001 Paulo Barradas Rebelo liderou o grupo de profissionais que formou a Bluepharma – Indústria Farmacêutica, sabia que o mercado dos genéricos
tinha um imenso potencial, mas talvez não imaginasse que a empresa se destacaria na expansão e nas contratações em pleno período de adversidade nacional.
Desde que foi criada a Bluepharma tem vindo a conquistar terreno nacional e internacional. Os genéricos produzidos no laboratório farmacêutico de Coimbra
já são comercializados em cerca de 30 países e a empresa inaugurou este ano a sua primeira filial internacional, em Maputo (Moçambique). Angola pode também
estar na mira desta empresa que no próximo ano poderá ver também um medicamento seu entrar no mercado chinês, depois de um longo processo de registo que se
iniciou em 2009 e só este ano deverá estar concluído.
O segredo desta expansão é para Paulo Barradas Rebelo, o investimento contínuo em investigação e desenvolvimento (I&D). A inovação e investigação, são
para o CEO fatores chave numa organização que foi este ano considerada a empresa mais empreendedora pelo European Institute for Business Administration. Em
2010, o empresário foi um dos impulsionadores da constituição da A2B SGPS, SA, uma sociedade de business angels focada em apoiar projetos de base
tecnológica, internacionalizáveis, em fases de seed e start-up, onde é atualmente presidente do Conselho de Administração. Em 2011, a Bluepharma, em
conjunto com a InovCapital, adquiriu uma participação social na Biocant Ventures que se dedica ao financiamento de projetos seed capital e sartup na área
da saúde e das ciências da vida. Uma aposta de uma empresa que assume a investigação como motor de expansão.