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Adaptação, a palavra de ordem que veio para ficar

Adaptação, a palavra de ordem que veio para ficar

Crescimento - A guerra, a inflação e as taxas de juro a subirem fizeram esquecer a pandemia relativamente depressa, mas para as empresas o que aprenderam nessa altura foi tão valioso que foi aplicado em 2022 e continuará a sê-lo em 2023

08.02.2023 | Por Ana Baptista


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Medicamentos para animais; vasos; transportes de mercadorias; construção, vinho; plásticos... as atividades das vencedoras dos prémios Expresso PME são, como sempre, variadas, mas todas cresceram em 2021, ainda um ano de pandemia, em que adaptação foi a palavra de ordem. Estas são as histórias de algumas delas que justificam, em parte, terem recebido este prémio.

AGRICULTURA

É provável que o nome Sociedade Agrícola Dom Diniz não lhe diga muito, mas é aí que é produzido o Monte da Ravasqueira, uma marca de vinho que “nasceu, faz este ano, duas décadas”, conta o CEO, Filipe de Mello, e que em 2021 viu a sua faturação dar um salto de €13,9 milhões em 2020 para €18,4 milhões em 2021. “Foi um ano desafiante que nos obrigou a encarar o mercado com um olhar mais pragmático, algo que é a mais valiosa aprendizagem da pandemia”, diz. Tiveram de se adaptar aos restaurantes fechados e ao aumento do consumo nas lojas: “Ultrapassar esses constrangimentos deu-nos uma enorme confiança.” Contudo, não nega que hoje “o cenário é muito complexo e imprevisível, com os custos a aumentarem semanalmente” e com a empresa a ter de tomar decisões difíceis como “deixar de vender para a Rússia que era um mercado relevante e em grande crescimento”.

GROSSISTA

Propecuária. O nome engana, mas explica-se porque esta distribuidora de medicamentos e produtos para animais de companhia começou pela explorações pecuárias. E para a atual CEO, Alexandra Freitas — a filha de Pedro Freitas que fundou a empresa há 44 anos — o legado é importante. Aliás, foi ainda sob a gestão do pai que descontinuaram a pecuária, e que, em 2014, criaram uma marca de suplementos, a Wepharm, que opera em Portugal e exporta para 20 países. Mas foi já sob a liderança de Alexandra, CEO desde 2016, que as duas empresas, a Propecuária e a Wepharm, tiveram de ultrapassar as “adversidades da pandemia”. E fizeram-no sendo “criativos nas soluções”, o que correu bem, porque a faturação cresceu de €41 milhões em 2020 para mais de €48 milhões em 2021. Aliás, até deu frutos para 2022, com o volume de negócios a passar os €54 milhões, e dará para 2023. “Este negócio tem uma forte componente emocional. Os animais de companhia não são objetos, pelo que acreditamos que o sector será resiliente, apesar de reconhecermos as dificuldades que se avizinham”, diz.

TRANSPORTES

A história da Spedy Cargo começa com a compra de uma empresa de transitários que “faturava cerca de €2,5 milhões e tinha oito funcionários”, conta o CEO Artur Moutinho. Estávamos em 2008 e daí para a frente, foi sempre a crescer, mas foi de 2020 para 2021 — o período avaliado nesta edição dos prémios PME — que a Spedy Cargo mais cresceu: o número de clientes passou de 773 para 902 e a faturação subiu de cerca de €14 milhões para pouco mais de €24 milhões. Como? Com uma grande capacidade de resposta rápida. Na altura, os aviões “eram muito escassos” e os barcos “estavam permanentemente lotados”, mas era preciso continuar a transportar as mercadorias. Então, “fomos à procura de novas rotas, novos locais de transbordo, usando o serviço barco-camião” e na “via aérea, utilizámos cargo charters, usando um ponto de ligação por camião no centro da Europa”, conta. “Esta flexibilidade impressionou os clientes” e trouxe outros de tal forma que os resultados de janeiro de 2023 “apontam para um crescimento de 15% face a janeiro de 2022”.

CONSTRUÇÃO E IMOBILIÁRIO

Na gíria do sector a Construções Corte Recto é conhecida por CCR. Fundada em 2005 para fazer “trabalhos de alvenaria de tijolo”, rapidamente passou a empreiteiro geral e cresceu de um colaborador para 180. Foi, contudo, em 2021, que o crescimento foi mais evidente, “com um aumento de 110% da faturação face a 2020, para cerca de €33 milhões”, conta o CEO, Fernando Gonçalves. Parte disso deveu-se a um mais baixo nível de restrições no sector durante a pandemia e à consequente continuidade das obras já decididas. Ainda assim, “o mercado mudou”, e foi preciso adotar uma nova estratégia que passou pelas obras de reabilitação urbana do sector público, “que, na altura, representaram cerca de 70% da atividade”, e também pelas “obras particulares”. Aliás, é neste último mercado que a CCR está a apostar para 2023, ano em que antecipa um “crescimento do volume de negócios superior a 20%”.

INDÚSTRIA

A Isolago e a Componit fazem parte da mesma empresa, mas ganharam dois prémios porque produzem plásticos diferentes. A Isolago, criada em 2001 pelo pai João Barros, fabrica grãos de plástico que são depois usados para fazer sacos ou etiquetas, por exemplo. A Componit, criada em 2013 pelo filho Rodrigo Barros, faz compostos termoplásticos usados, por exemplo, em cabos elétricos. Negócios afetados pela pandemia “sobretudo pela rutura das cadeias de abastecimento”, diz Rodrigo Barros, CEO das duas empresas. Mas que, com uma “rápida adaptação” e com o facto de a Isolago exportar para 15 geografias e a Componit para 20, conseguiram manter a produção e, em 2021, a faturação da Isolago cresceu de €36 milhões para €46,6 milhões e a da Componit, de €25 milhões para €38,3 milhões. Adaptação foi, também, a palavra de ordem em 2022 quando, perante uma nova quebra das cadeias de abastecimento por causa da guerra, decidiram fazer stock de materiais para garantir a produção e o preço. O plástico é também o negócio da Artevasi para o fabrico de vasos. Fundada em 2006, em Argoncilhe (Santa Maria da Feira), hoje exporta para mais de 50 países vasos de plástico, cerâmica e terracota. Foi, aliás, esta presença que os ajudou a superar a pandemia e a subir a faturação de €19 milhões em 2020 para €29,4 milhões em 2021, sempre mantendo os fornecedores “90% nacionais”, diz o CFO, Joaquim Ferreira.

 

PRÉMIOS ECONOMIA
Os Prémios Expresso PME — Caixa TOP distinguem as Pequenas e Médias Empresas que mais se desenvolveram em Portugal em 2022. Nesta 5ª edição dos galardões, que resultam de uma parceria entre o Expresso e a Caixa Geral de Depósitos, com o apoio da Informa DB e da Deloitte, foram premiadas 24 PME em oito categorias.

Os vencedores

LISTA DOS PREMIADOS

AGRICULTURA E
OUTROS RECURSOS NATURAIS
- Soc. Agrícola Dom Diniz (produção vinho Monte Ravasqueira)
- JMPC (criação e venda de carnes)
- Suinimoura (criação e venda de leitões)
INDÚSTRIAS
- Isolago (fabrico plásticos)
- Componit (fabrico plásticos)
- Artevasi (fabrico vasos)
CONSTRUÇÃO E IMOBILIÁRIO
- Construções Corte Recto
- Ecoarea (construção)
- Atlântinível (construção)
TRANSPORTES
- Spedy Cargo Transitários
- Portugalenses
- Orey Comércio e Navegação
RETALHO
- Motorbus (peças para pesados)
- Petroalva (distribuição de combustíveis)
- Castro Eletrónica
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
- iStore (representante Apple)
- Suprides XXI (produtos e consultoria)
- Boost It (consultoria)
GROSSISTA
- BioPortugal (farmacêutica)
- Propecuária (farmacêutica veterinária)
- DPP — Distribuição Produtos Petrolíferos
SERVIÇOS
- I-SETE (eficiência energética)
- Avelab (análises clínicas)
- Medicapilar (transplante capilar)

 

 

 

Textos Ana Baptista
Fotos Rui Oliveira



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