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Alemanha cativa especialistas portugueses

Alemanha cativa especialistas portugueses

A Alemanha figura na lista dos países estrangeiros que mais recrutam em Portugal. À semelhança de outros congéneres europeus, o país é presença assídua em missões de recrutamento dinamizadas sobretudo junto das universidades. Na mira das empresas alemãs estão os perfis ligados à área da engenharia, tecnologias de informação e hotelaria, mas o número de portugueses especializados na área da saúde também está a crescer na Alemanha.
26.04.2013 | Por Cátia Mateus


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Os dados mais recentes do Instituto Alemão de Estatística revelam que entre janeiro e setembro de 2012 entraram na Alemanha cerca de 9914 portugueses. Segundo o organismo, não é possível identificar com clareza o objetivo destas entradas, uma vez que aos profissionais portugueses não é exigido qualquer visto de trabalho para desempenharem funções na Alemanha. Contudo, é possível perceber que o número representa um crescimento contínuo da chegada de portugueses ao país (9038 em 2011 e 7257 em 2010), e uma elevada percentagem destas entradas terá objetivos profissionais. O país tem milhares de vagas disponíveis em diversas áreas de atividade e carência de profissionais em inúmeras especialidades. Oportunidades que um número crescente de portugueses não tem deixado escapar. No sítio online do Bundesagentur für Arbeit, o correspondente do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) na Alemanha, há cerca de 700 mil oportunidades em aberto. A entidade confirma ao Expresso Emprego que “atualmente, a Alemanha identifica falta de quadros profissionais em áreas como a enfermagem e prestação de cuidados a doentes e idosos, engenharia de máquinas, construção automóvel, eletrotecnia e telecomunicações” e reconhece que “há outras áreas que também carecem de profissionais, como as tecnologias de informação (TI) e o turismo, nas vertentes de hotelaria e restauração”. O Bundesagentur für Arbeit (BA) tem mediado sobretudo a contratação de enfermeiros e prestadores de cuidados a doentes e idosos, bem como engenheiros e profissionais do turismo. O organismo alemão que tutela a área da integração profissional esclarece que a Alemanha recruta em toda a Europa e os empregadores locais “valorizam mais as qualificações do que a origem dos trabalhadores”. Ainda assim, o BA reconhece que há sectores onde as empresas prestam especial atenção a Portugal na hora de recrutar, como é o caso da construção automóvel e de máquinas, tecnologias de informação, empresas de hard e software e instituições prestadoras de cuidados de saúde, uma tendência que se deverá manter nos próximos anos. Hans-Joachim Böhmer, diretor executivo da Câmara de Comércio e Indústria Luso Alemã (CCILA), confirma a tendência. “As empresas alemãs têm revelado muito interesse em contratar recursos humanos em Portugal. Se há alguns anos se verificavam apenas episódios esporádicos, atualmente há iniciativas organizadas entre a BA e o IEFP em Portugal, com programas específicos para diferentes finalidades”, explica o diretor executivo, que cita como exemplos os programas “The Job of My Life” dinamizado para formandos, ou o “Welcome to Germany Tour”, cujo enfoque é recrutamento de especialistas e profissionais altamente qualificados em áreas como os cuidados de saúde (médicos, enfermeiros e outros perfis), engenharias, TI, hotelaria, gastronomia e profissões especializadas. Segundo o responsável, o domínio do idioma é um requisito básico para trabalhar no país e a profundidade de conhecimentos da língua alemã é maior ou menor consoante a exigência das funções. Para quem quer trabalhar em contacto direto com o público, falar inglês não serve. “Para a maioria dos empregos disponíveis são imprescindíveis os conhecimentos de alemão”, explica Hans-Joachim Böhmer, acrescentando que “para as profissões que implicam contacto direto com o público é necessário possuir um conhecimento do alemão ao nível da conversação. Consoante o cargo pode também ser necessário um conhecimento técnico da língua”. Para motoristas e alguns profissionais ligados a funções específicas no sector das tecnologias de informação, podem ser admitidos só com conhecimentos de inglês. Os organismos públicos alemães não fazem estimativas do número de oportunidades de emprego que o país pode vir a criar nos próximos anos, nem da necessidade de recrutar no estrangeiro para suprir a sua falta de profissionais em áreas-chave, como a saúde. Contudo, parece ser de consenso global que a Alemanha continuará a ser uma janela de oportunidade para um número crescente de profissionais europeus (onde os portugueses têm papel de destaque), que procuram no país oportunidades de trabalho que a austeridade económica lhes limita dentro de portas. Para estes profissionais, a CCILA aconselha uma preparação prévia antes de rumarem ao país de modo a evitar que as suas expectativas saiam defraudadas. Partir sem trabalho assegurado nunca é uma boa opção, mas há outros cuidados a ter na hora de preparar a partida (ver caixa). “Sempre que receberem uma proposta, os candidatos devem procurar saber o máximo de informação sobre o futuro empregador através de pesquisas online ou contactando outros portugueses que já lá estejam”, aconselha o diretor executivo, chamando ainda a atenção para a necessidade de “assegurarem sempre a existência de um contrato de trabalho e submeter esse contrato a uma verificação por parte de um advogado ou outro profissional com conhecimentos na área do direito laboral alemão”. Dicas para emigrantes principiantes Antes de partir para a Alemanha, deve certificar-se de que está preparado para o que o espera no país de destino e que tem consigo todos os documentos de que necessita. As oportunidades existem no país, mas a Alemanha é bastante rigorosa com o reconhecimento profissional. Há aspetos que devem previamente acautelar. Os cidadãos de países da União Europeia não necessitam de visto de trabalho para o mercado alemão, com exceção dos cidadãos de Malta e do Chipre. Aos portugueses não está imposta nenhuma restrição, a não ser o domínio do idioma oral e escrito (sobretudo se se candidata a funções que impliquem contacto direto com o público) e a certificação oficial das suas habilitações se pretender exercer na Alemanha uma das 60 profissões que carecem de reconhecimento antes de poderem ser exercidas por cidadãos com formação no estrangeiro. A lista destas 60 atividades é pública e pode ser consultada em www.anbin.de. Se está enquadrado em qualquer uma destas profissões, deve dirigir-se ao serviço público ou à associação profissional competente e solicitar o reconhecimento obrigatório da sua qualificação para exercer a atividade. Na sua busca por um emprego, tenha em atenção que os empregadores alemães valorizam a carta de apresentação e um currículo com foto que não deve exceder as duas páginas. Em muitos casos, dependendo da natureza das funções, podem-lhe ser solicitados exemplos do seu trabalho anterior. Com salários médios que rondam os 3500 euros brutos para empregos a tempo inteiro, a Alemanha pratica remunerações acima deste valor para inúmeras funções onde se incluem, por exemplo, os engenheiros recrutados em cada vez maior número em Portugal. Tal como em Portugal, deve apenas candidatar-se a colocações que estejam em conformidade com as suas habilitações. Lembre-se que os empregadores alemães não têm conhecimento de todos os cursos e qualificações existentes em Portugal e por isso, pode ser útil que solicite uma avaliação de certificado (Zeugnisbewertung) à Central de Ensino no Estrangeiro que realiza este serviço desde 2010 para particulares licenciados no estrangeiro.


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