57% dos portugueses vão trabalhar nas férias
Em tempo de adversidade, já nem as férias são como antes. A tradicional “silly season” em que metade de Portugal parava é coisa do passado. Nas empresas o verão já é uma estação como outra qualquer, sem direito a paragens ou quebras de produtividade.
27.07.2012 | Por Cátia Mateus
PARTILHAR
E entre os profissionais, há um número cada vez maior a admitir que as férias vão ser a trabalhar. A crise está a testar a dedicação profissional e para os especialistas, o fenómeno é preocupante.
À distancia de um telefonema. Assim vão estar 57% dos profissionais portugueses este verão. Segundo o último inquérito da Regus, realizado a 16 mil profissionais, são cada vez menos os profissionais que conseguem separa-se do trabalho durante as férias. Com a adversidade a ditar as regras no mundo dos negócios, às empresas nacionais não resta senão continuar a produção em ciclo contínuo, até porque os mercados internacionais não param. Longe vão os tempos em que Portugal, de norte a sul, ia a banhos em julho e agosto. Hoje os profissionais tiram metade das férias e trabalham enquanto apagam sol.
A adversidade não tira férias e, por consequência, Portugal não tem tempo para se bronzear. O cenário de empresas inteiras que encerravam portas e cessavam a sua produção durante o mês de agosto (tão comum em Portugal) deu lugar a escalas de férias repartidas e colaboradores que no seu período de descanso, vão continuar agarrados aos seus smartphones e portáteis a tratar de trabalho. A internacionalização dos negócios a uma escala global contribuiu para este inversão de tendência, mas para alguns especialistas, a crise é que está a ditar as regras não só pela necessidade de assegurar produção e rendimento, como também pelo medo do desemprego que está a fazer disparar o “presentismo laboral”.
A empresa especializada em soluções de local de trabalho, Regus tem vindo a estudar o fenómeno do desempenho profissional nacional. No seu último estudo, a empresa apurou que 57% dos profissionais portugueses vão trabalhar este verão, abdicando parcialmente do seu descanso. A maioria trabalhará cerca de três horas por dia durante as férias, enquanto a família vai à praia ou á piscina. Mas, entre estes profissionais persistentes que simplesmente não conseguem desligar-se do trabalho, há também uma minoria de verdadeiros trabalhadores compulsivos. De acordo com o relatório da Regus, “um em cada dez trabalhadores (8%) trabalhará mais de três horas por dia durante as férias, negligenciando a família para alimentar a sua dependência do trabalho”.
Mas há duas visões sobre esta realidade. Nuno Condinho, country manager da empresa em Portugal e Espanha, defende que “os atuais desenvolvimentos tecnológicos significam que os trabalhadores estão sempre online e é muito fácil sucumbir à tentação de consultar o email e realizar nele as tarefas solicitadas”. O líder enfatiza que “alem de trabalharem muito durante as feras, demasiados trabalhadores portugueses estão dependentes dos seus smartphones e notebooks, sendo que 29% declara mesmo que trabalhará um pouco menos que um dia normal”. Nuno Condinho reforça que a tecnologia não permite aos profissionais realizar a essencial e saudável pausa para descansar e para a família.
Mas para Regina Cruz, diretora da Albenture, uma empresa especializada em serviços de conciliação profissional, o que faz os profissionais abdicar das férias na totalidade ou partilhá-las com o trabalho é o medo do despedimento. Segundo especialista “a incerteza e o receio de perder o emprego são alguns dos factores que propagaram o ‘presentismo laboral’”. Regina Cruz explica que nos últimos cinco anos, “a crise acrescentou ao panorama laboral um fenómeno curioso, desconhecido para grande parte dos cidadãos e do muitos padecem sem que, na maioria dos casos se apercebam: a tendência de alargar a jornal laboral de modo a aparentar um maior volume de trabalho, devido ao receio de uma possível perda de emprego”.
Os especialistas enquadram a nova tendência no conceito de “presentismo laboral” e garantem que em Portugal se vive não só um menor absentismo laboral, como também uma diminuição das faltas injustificadas e uma mudança de atitude dos colaboradores que, muitas vezes chegam a predispor-se para ir trabalhar mesmo quando não há razões para esse esforço adicional. Para Cristina Cruz o fenómeno gera razões de preocupação. Por um lado porque “viver debaixo desta pressão além de colocar em risco a saúde dos colaboradores, provoca uma degradação do ambiente de trabalho que não ajuda nada na melhoria de resultados”, explica. Por outro, porque “o colaborador que ultrapassa o seu horário de trabalho, com o objetivo de que se note a sua presença na empresa, não é propriamente o mais produtivo”, explica acrescentando que “esse esforço adicional desnecessário pode ter repercussões negativas no âmbito pessoal que mais cedo ou mais tarde se vão notar, piorando o ambiente de trabalho”.
Quer Regina Cruz quer Nuno Condinho reconhecem que as empresas precisam de encontrar formas de controlar os horários produtivos de modo a garantir o equilíbrio dos seus profissionais a todos os níveis, incluindo o familiar. Ambos os especialistas concordam que a flexibilidade pode permitir bons resultados e a diretora-geral da Albenture acrescenta até que muitas empresas estão já a fazer reestruturações profundas. “É fundamental não fomentar o medo mas sim a confiança, mostrar ao funcionário a importância que tem o seu trabalho para a organização”, enfatiza. Até porque, como explica, “não é a quantidade de horas que importa mas sim a qualidade das horas que o funcionário trabalha”.
OUTRAS NOTÍCIAS
São os “condimentos” que dão cor e textura ao projeto de Sara Domingos: o Sabão Olivia, uma marca de sabão artesanal cujos tons, cheiros e texturas estão a encantar quem passa no atelier da artista pl...
“A ideia de lançarmos estes cursos deve-se a termos sido contactados por muitas pessoas que gostavam de entrar nesta profissão”, conta Maria João Caldeira, coordenadora de formação da ACPP. Todos os c...
O fenómeno está a ganhar adeptos e até já há sites que podem auxiliá-lo na difícil tarefa de dar o primeiro passo.
O número de trabalhadores portugueses que aufere o salário mínimo nacional duplico...
DEIXE O SEU COMENTÁRIO
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
17.01.2024
24-26 de fevereiro de 2024Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
O BEST Porto volta este ano a organizar a EBEC (Empowered BEST Engineering Competition), uma competição de engenharia, creditada pela Universidade do Porto com...
24-26 de fevereiro de 2024Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
O BEST Porto volta este ano a organizar a EBEC (Empowered BEST Engineering Competition), uma competição de engenharia, creditada pela Universidade do Porto com...
03.10.2023
A Adecco Portugal sugere-lhe a forma mais correta de responder às perguntas que lhe forem colocadas com recurso à técnica STAR.
A Adecco Portugal sugere-lhe a forma mais correta de responder às perguntas que lhe forem colocadas com recurso à técnica STAR.
03.10.2023
A Adecco Portugal faz uma lista dos erros mais comuns e que podem levar os recrutadores a descartar o currículo no processo de seleção. Um CV bem preparado é um bom começo para encontrar uma oferta de trabalho.
A Adecco Portugal faz uma lista dos erros mais comuns e que podem levar os recrutadores a descartar o currículo no processo de seleção. Um CV bem preparado é um bom começo para encontrar uma oferta de trabalho.
14.06.2023
Lei faz disparar regulamentação do teletrabalho na negociação coletiva. Menos de metade dos acordos focam despesas
Nos primeiros três meses do ano o número de profissionais em teletrabalho aumentou 5,5%, mais 46 ...
Lei faz disparar regulamentação do teletrabalho na negociação coletiva. Menos de metade dos acordos focam despesas
Nos primeiros três meses do ano o número de profissionais em teletrabalho aumentou 5,5%, mais 46 ...
25.05.2023
Contratos coletivos Em 2023 foram publicados 170 instrumentos de contratação coletiva, 128 com revisão salarial. Maioria aplica os 5,1% do acordo de rendimentos
Contratos coletivos Em 2023 foram publicados 170 instrumentos de contratação coletiva, 128 com revisão salarial. Maioria aplica os 5,1% do acordo de rendimentos
ÚLTIMOS EMPREGOS
Grupo Egor
13.10.2024 |
| Referência: 2199171
A SynchroTech, recruta .NET Developer para uma empresa especializada no Desenvolvimento de software à medida e serviços de garantia de qualidade de software, para posição Remota;
FUNÇÃO
Projetar, desenvolver e manter aplicativos...
PARTILHAR
HAYS
13.10.2024 | Famalicão
| Referência: 2221547
The company where you will be workingYou will be a part of the Hays tech team working for a global leader in industrial machinery and equipment, renowned for its technological innovation and customized solutions.Your tasksDevelop and maintain efficient ...
PARTILHAR
HAYS
13.10.2024 | Lisboa
| Referência: 2224530
The companyWe're looking for a Executive Account with experience in B2B sales and a passion for driving growth in SaaS Software, that speak one of the following languages on a professional level German/Italian/Dutch.Your new roleDrive revenue growth: by...
PARTILHAR
ÚLTIMAS FORMAÇÕES
APCER
02.10.2024|online
| Referência: 19117
Data da formação: 28 outubro 2024
Faça a sua inscrição aqui.
PARTILHAR
APCER
02.10.2024|online
| Referência: 19116
Data da formação: 28 outubro 2024
Faça a sua inscrição aqui.
PARTILHAR
APCER
02.10.2024|online
| Referência: 19115
Data da formação: 28 outubro 2024
Faça a sua inscrição aqui.
PARTILHAR