Mais de metade dos profissionais profissionais portugueses (55,5%) estão diariamente sujeito a situações de pressão na sua atividade profissional e para 1,5 milhões de trabalhadores a conciliação entre o trabalho e as exigências familiares é assumidamente um problema pela dificuldade crescente em delimitar o tempo dedicado a cada uma das esferas. O Instituto Nacional de Estatística (INE) estudou a forma como trabalham os portugueses no inquérito “Organização do trabalho e do tempo do trabalho”, realizado em conjunto com o Inquérito ao Emprego no segundo trimestre de 2015 e agora divulgado. O objetivo foi medir os níveis de flexibilidade e autonomia concedidos ao trabalhadores portugueses e resulta numa radiografia sobre os principais desafios que os profissionais enfrentam diariamente no campo da gestão do tempo nas empresas nacionais.
A análise do INE parte de um universo de 4 580,8 mil profissionais, com 15 ou mais anos, residentes em Portugal e que se encontravam profissionalmente ativos no último trimestre do ano passado. A análise que acompanha o inquérito - da autoria de Sónia Torres, Daniela Ramos e Ana Luísa Neves - revela que “a população empregada afirma sentir-se pressionada mo seu local de trabalho, principalmente as mulheres”. Segundo o estudo, no conjunto das pessoas empregadas que assumem trabalhar sob níveis de pressão grandes ou moderados há diferenças, ainda que residuais, associadas ao género. As mulheres (56%) sentem mais a pressão do que os homens (55,1%).
A ditadura do tempo
Além das diferenças associadas ao género, há outros factores a influenciar os níveis de pressão laboral. Segundo as autoras, “o sentimento de maior pressão para terminar tarefas ou tomar decisões dentro de prazos considerados insuficientes é mais frequentemente reportado por aqueles que completaram o ensino superior (75,9%), quando comparado com os/as que completaram, no máximo o terceiro ciclo do ensino básico (42,%), muito provavelmente devido às funções profissionais exercidas por cada grupo.
Em matéria de gestão do tempo, são vários os cenários que contribuem para tornar mais difícil a conciliação carreira/família para os trabalhadores portugueses. São já 33% (cerca de 1,5 milhões de trabalhadores em Portugal) aqueles que admitem que o trabalho que desenvolvem afeta significativamente a sua vida pessoal. Na base deste argumento está, por exemplo, o facto da maioria dos profissionais (66,8%) não terem influência no modo como o seu horário de trabalho é determinado, a dificuldade que 28,9% dos profissionais admitem ter para se ausentar do local de trabalho, por uma ou duas horas por motivos pessoais (ainda que a maioria não sinta esta dificuldade), ou até o facto de 48,4% dos profissionais indicarem ser difícil, ou mesmo muito difícil, gozar um ou dois dias de férias planeadas com pouca antecedência.