Se fossem livres de escolher a duração da sua semana de trabalho, e tendo em consideração a necessidade de ganhar a vida, 46,1% dos homens e 43% das mulheres portuguesas, trabalhariam o mesmo número de horas que trabalham atualmente. A conclusão resulta do estudo “Os usos do tempo de homens e mulheres em Portugal”, realizado pelo Centro de Estudos para a Intervenção Social (CESIS), no âmbito do Projeto INUT, e esta semana divulgado.
As conclusões do estudo apontam para uma significativa valorização do trabalho pago, quer por parte dos homens, quer por parte das mulheres. Mas ainda assim, os dados demonstram que “quase quatro em cada dez pessoas (38,5% das mulheres e 36,9% dos homens) consideram que o seu horário de trabalho não se adapta muito bem, ou mesmo nada bem, aos compromissos familiares, pessoais e sociais que têm fora do se trabalho”.
Em Portugal, o trabalho a tempo inteiro constitui o regime de organização do trabalho da maioria (92,2%) dos profissionais. O recurso ao trabalho a tempo parcial é mais frequente entre as mulheres: 10,4% afirmam trabalhar neste regime, contra apenas 4,8% dos homens. Em contrapartida, são eles quem trabalha por períodos mais longos. Os horários de trabalho acima das 40 horas semanais abrangem quase um em cada três trabalhadores, 34,4% são homens. O estudo realça que “em termos médios, os homens afetam por semana, 42 horas e 55 minutos, à sua atividade profissional principal remunerada. As mulheres, 40 horas e 47 minutos”.
O horário de trabalho fixo é a forma predominante de organização dos tempos de trabalho, tanto para os homens (68,2%) como para as mulheres (74,1%). Merece contudo destaque, como a segunda forma mais referida de organização do tempo, o trabalho por turnos (sobretudo rotativos). “Outras formas de organização do tempo de trabalho, tidas como mais facilitadoras da articulação com a vida familiar e pessoal, tais como a jornada contínua ou a flexibilidade de horário, têm uma expressão muito diminuta, tanto entre as mulheres como os homens”, conclui o estudo que deixa claro que, apesar disso, a maioria dos profissionais trabalharia o mesmo que hoje, se pudesse escolher. O estudo do CESIS teve por base um inquérito nacional realizado junto de 10.146 portugueses com idade igual ou superior a 15 anos, entre 9 de abril e 18 de novembro de 2015.