Sorrir com alegria para conquistar
A alegria é o valor da Jazztel e, Isabel
Viegas - directora de RH - "veste a camisola". Fala entre sorrisos,
com emoção e com gosto pelo que faz. Diz que tem facilidade
em comunicar e isso é perceptível, durante a nossa conversa.
Acima de tudo, nota-se que se preocupa com as pessoas, o que é
essencial para se ser um bom RH.
Como é que tudo começou?
Eu tenho um percurso profissional, se calhar, um bocadinho divergente
relativamente às pessoas que trabalham em recursos humanos. Eu
licenciei-me em Psicologia e, na altura, com os meus 22 anos, fui trabalhar
para um centro de educação especial com crianças
deficientes.
Depois aquelas crianças foram crescendo e, quando já eram
jovens, percebeu-se que precisavam de outras respostas que não
estarem sentados numa cadeira a aprender a ler e a escrever. Então
comecei a "mexer-me" e a procurar outras soluções.
Acabei por abrir dois centros de formação profissional para
jovens deficientes.
Isto trouxe-me o "bichinho" pela gestão das pessoas porque
tive de recrutar os formadores, ver as logísticas, métodos
de avaliação e formação, etc. Tudo isso acabou
por me dar um gostinho por esta gestão e pela gestão das
equipas. Nessa altura, fiz uma pós-graduação já
em Gestão de Recursos Humanos.
Esse gosto foi crescendo até se tornar directora
de Recursos Humanos da Jazztel...
Exacto. Não sei se as carreiras se fazem um bocadinho por sorte,
por estarmos no sítio certo à hora certa. Naquela altura
dos centros, fiz muita dinamização e muitas acções.
Num daqueles eventos, organizados pelos centros de formação
profissional que eu dirigia, houve uma pessoa que me perguntou se eu não
gostava de fazer o que fazia ali, mas dentro de uma empresa. Na altura,
achei que a minha carreira até ali tinha sido feita no sector da
educação, mas achei que devia experimentar.
E pode dizer-se que foi positiva?
Foi. Entrei para a Marconi que, na altura, estava a fazer um processo
de recomposição dos seus próprios recursos humanos.
Estava a reformar pessoas e a recrutar jovens. O que eles precisavam era
de alguém que trabalhasse esta camada jovem que estava a entrar
e que lhes encontrassem meios de se sentirem muito bem na empresa.
No fundo, foi isto que agarrei e estive na Marconi durante dez anos. Aí
sim, aprendi muito; estava mesmo na área dos recursos humanos e
tive de aprender.
Até agora, acha que esse foi o seu maior
desafio profissional?
Diria que, talvez, a Marconi tenha sido a minha escola. Houve duas coisas
que me marcaram. Primeiro, esta minha ascendência ligada a projectos
de fazer com que as coisas aconteçam. Isto deu-me uma dinâmica
e uma visão de que gerir pessoas e gerir equipas não é
administrativo - não é estar sentada numa cadeira.
Isso qualquer pessoa faz. É muito mais do que isso. É pôr
as pessoas satisfeitas e isso é de uma complexidade imensa. Eu
acho que esta minha ascendência me ajudou muito a perceber as pessoas.
Sei que uma sorri com cinco escudos e outra, até com, quinhentos
mil escudos se mantém ténue.
A Marconi foi um desafio porque o que me foi exigido não foi para
dar continuidade ao trabalho que estava a ser feito, mas para fazer uma
"reviravolta". Lembro-me de me dizerem, quando entrei, que a
Marconi era uma empresa que estava "sentada" e era preciso dar
a volta a isso. Este foi um desafio.
E houve outros?
Sim. Por exemplo, a minha passagem pelo ISCTE. Quando estava na Marconi,
a dada altura, achei que devia ir complementar a minha formação.
Já tinha a tal pós-graduação, mas queria aprender
mais e saber o que diziam agora os professores sobre as organizações.
Voltei para escola e fiz um mestrado em Políticas e Gestão
de Recursos Humanos. Isto funcionou quase como um "solavanco"
porque tudo o que eu tinha aprendido antes já estava ultrapassado.
E quando surge a Jazztel?
A Jazztel surge numa fase em que a Marconi teve de "parar" a
sua dinâmica por causa do processo de integração na
Portugal Telecom (PT). Era preciso que a Marconi "parasse" para
que a PT subisse.
A Jazztel surgiu num dia em estava na Marconi e o telefone tocou. Do outro
lado era um espanhol que me dizia que iam montar uma empresa em Portugal
e queriam que fosse eu a constituir a equipa, colocar de pé uma
cultura da empresa e manter motivada e interessada a equipa à volta
desse projecto. Na altura, achei muito estranho, mas acabei por aceitar
em conversar com ele. Essa conversa foi quase como um acordar outra vez
para a dinamização e animação de uma empresa.
Fui conhecer a Jazztel em Madrid e senti-me realmente muito bem e muito
acarinhada. E pediram-me para fazer uma coisa assim em Portugal. Percebi
que ia ter uma margem de manobra forte, mas também uma enorme responsabilidade.
E pronto, acabei por aceitar.
Tem alguma estratégia pessoal para gerir
as pessoas?
Eu acho que acredito nas coisas e transmito muito essa crença relativamente
às coisas. Noto muito na minha equipa quando alguém está
mais cansado ou desanimado eu "puxo" por essa pessoa e, talvez,
seja essa a minha estratégia.
Depois, tenho uma facilidade de comunicação grande e noto
que quando faço formação que as pessoas estão
a olhar para mim e não dormem. Tenho essa comunicação,
também, com toda a empresa. Através de um email eu estou
sempre em contacto com todos a apoiá-los, dar-lhes os parabéns
ou a dizer o que está errado.
Sou, ainda, uma pessoa muito simples a fazer as coisas - acho que as organizações
percebem a simplicidade. Tenho de perceber qual é a mais-valia
que os recursos humanos podem trazer à organização
e traduzir isto em simplicidade.
Além disso, também ajuda o valor da Jazztel - a alegria.
Este foi o primeiro valor que nós descrevemos, um dia, quando nos
sentámos todos juntos.
Perspectivas para o futuro?
Gostava de continuar a colaborar com a Jazztel e depois, a partir dos
45 anos, gostava de abrandar. É um ritmo muito interessante e gratificante,
mas também é violento e cansativo. O meu sonho é,
um dia, dar aulas na universidade e construir com uma das minhas filhas
um colégio.
TP