Carreiras

Mário Neves



01.01.2000



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Lidar com as pessoas

"Criar uma empatia fácil com as pessoas" deve ser o segredo para um bom Gestor de Recursos Humanos. A dica é de Mário Neves, Administrador da New Value People, Recursos em T.I., que conversou connosco e provou a sua empatia.

Tirou o curso de Engenharia Informática e veio parar aos Recursos Humanos. Como é que explica esta mudança?
Quando acabei o curso comecei a programar e a fazer toda aquela parte técnica. Depois dediquei-me um pouco à formação, ao contacto com as pessoas e a perceber o problema das pessoas. O meu percurso antes de chegar aos Recursos Humanos passou por esta área de Formação.
Aí, comecei a perceber que gostava mais de trabalhar com pessoas do que, propriamente, com máquinas ou computadores.

De onde é que surgiu esse investimento na formação?
Foi por iniciativa própria deixar a parte da programação e dedicar-me a 100% à formação. Foram dois anos bons a nível de formação, em 92 e 93. Depois, as coisas começaram a diminuir em termos de quantidade. Essa diminuição teve reflexo no mercado de formação e os formadores decidiram sair e voltar, quase todos, às antigas profissões.
Eu, na altura, saí da formação e voltei às máquinas, mas foi uma experiência muito curta na Novabase. Comecei como programador e passado algum tempo já era analista/programador e já estava em contacto com os clientes e não tanto com as máquinas. Depois, na Novabase surgiu a oportunidade de me dedicar a esta área dos Recursos Humanos, onde estive durante um ano e aprendi bastante.

E como é que isso aconteceu?
A oportunidade da Novabase surgiu quando, uma vez, abri o jornal Expresso e vi um anúncio da empresa que dizia: "Novabase procura gestor de recursos humanos com o perfil xyz". Pensei logo que o meu perfil encaixava ali perfeitamente. Recortei o anúncio e cheguei ao pé do administrador e perguntei-lhe porque é que ele andava à procura de uma pessoa se eu estava ali.

Acha que teve sorte para construir a sua carreira actual?
É assim, as coisas foram aparecendo, mas eu também as procurei... há aqui um equilíbrio. Não sei, se calhar tive um bocadinho de sorte porque as coisas apareceram na altura certa. Às vezes não aparecem mesmo que estejamos à procura delas.
Mas foi um pouco a conjugação das duas coisas: aparecerem as oportunidades e eu agarrá-las no momento certo.

Até agora, quais foram as maiores dificuldades que teve na profissão?
As coisas técnicas dos Recursos Humanos que eu tive de aprender foram o que me deu mais dificuldade.
Do resto, aquilo que é o mais importante, como o contacto com as pessoas, não tive dificuldades porque gosto muito de estar com as pessoas e resolver os problemas. Preocupo-me com cada uma das pessoas que trabalha connosco. Acho que esta parte é muito interessante nos Recursos Humanos.
Depois há a tal dos ordenados, férias, processos legais, gestão... esta parte foi mais difícil e chata de aprender, mas fui sempre compensado com a outra.

Quais são os "ingredientes" principais para se ser um bom RH?
Um RH tem de ser uma pessoa suficientemente aberta para os outros e que saiba ouvir. Basicamente, tem de ser capaz de criar uma empatia fácil com as pessoas, ser aberto e saber ouvir.
Dentro da medida do possível, tem de resolver os problemas e não ser ele parte do problema. As pessoas quando têm problemas, seja a que nível for, sabem que podem ir falar com aquela pessoa que está ali para os ouvir e resolver o problema. Mesmo que não consiga resolver, o facto de, às vezes, as pessoas desabafarem e falarem já ajuda.

Como é que se pode investir numa carreira em Recursos Humanos?
Convém sempre tirar um curso e, por exemplo, fazer uma pós-graduação. Quem não é gestor de Recursos Humanos deve tirar um curso que esteja relacionado com a gestão, mas mais virado para aquelas partes técnicas e não na parte pessoal que é inerente à pessoa. É também importante ir a seminários e aos congressos dos chamados gurus da área.

Em Portugal, o que é que está bem e mal nos Recursos Humanos?
Isso depende muito das empresas. As grandes empresas estão a perceber que os Recursos Humanos são uma parte fundamental e que a gestão e acompanhamento das pessoas é importante para qualquer instituição.
Estão a fazer-se algumas alterações, mesmo a nível dos grandes grupos que tinham apenas uma parte administrativa e o resto não existia. Mas é claro que, ainda, há coisas que estão mal e a administração pública nisso é uma desgraça porque simplesmente não há gestão dos recursos humanos.

E como é que se pode melhorar?
Passa um pouco pela mentalização das pessoas. Mentalizar os gestores de topo de que a área de recursos humanos é um investimento e não um gasto.

Qual é que foi o seu maior desafio profissional?
Foi a criação da New Value. Na Novabase também foi importante porque quando vamos para uma área onde nunca estivemos, temos que pedalar muito mais e provar muito mais do que as outras pessoas.
A New Value foi a criação de uma coisa a partir do zero, onde eu já não era uma pessoa da organização que tinha alguém para disparar os problemas que existissem, mas era quem estava à frente do barco.

Perspectivas para o futuro...
É complicado... mas vejo a minha carreira sempre como empreender qualquer coisa, quer seja na New Value ou em paralelo à New Value.
Aquilo que eu gosto de fazer é criar coisas novas e que tenham a ver com as pessoas.

TP














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