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01.01.2000



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Dossier Especial

Portais… Redes… e Recursos Humanos

Autor: Jorge Marques
Presidente da APG

 



Um dos graves problemas com que ainda se confrontam as organizações de hoje, é a predominância da utilização de uma linguagem máquina em todas as suas relações. Isso leva a um entendimento baseado no sentido do poder, de que servem objectivos de alguém, são rígidas, estáticas, mudam se alguém as mudar, os actos são irresponsáveis, as decisões pertencem a um grupo restrito, os seus membros são vistos como recursos em reserva á espera de serem utilizados, aprende-se com a soma da aprendizagem individual.

A alternativa a esta visão, tem a ver com uma nova perspectiva, onde a organização é olhada como um ser vivo. Nesse novo entendimento, as organizações pertencem aos seus membros, não possuem controlo, criam os seus próprios processos, tal como o corpo humano fabrica as suas células, articulam os seus órgãos e sistemas, evoluem por si e naturalmente, tem identidade própria, os seus objectivos, a sua autonomia, a sua capacidade ilimitada, aprende-se colectivamente a partir do todo.

Temos por isso de encarar, com um sentido muito profundo, esta diferença de perspectivas e que se resume no essencial, ao aparecimento de vida e de inteligência, onde antes predominava apenas a tal linguagem máquina.
Estas mudanças, ocorrem obrigatoriamente quando assumimos, com todas as consequências, que queremos vida e inteligência nas nossas organizações e que elas se comportem como verdadeiros seres vivos. Confesso também, que nesta altura do campeonato, não sei se existirão outro tipo de alternativas.

Nesse sentido, o sistema nervoso desse tipo de organizações, só pode ter uma lógica que é a Rede.
Neste tipo de análise, não foi, nem é a Net que determina o seu aparecimento, nem esta nova lógica, mas ela surge como uma consequência natural de vários tipos de necessidades, de vários tipos de pressões do mundo real.

Suzanne Langer, já tinha razão quando previa que a evolução se daria da coisa para o símbolo, do símbolo para a linguagem, da linguagem para a comunicação e da comunicação para a rede. A Rede surge assim como inevitável ! É assim, porque ela é a única estrutura que aceita falhas e erros de pequena dimensão para evitar erros maiores, é o campo ideal para a aprendizagem, para a adaptação, para a evolução.
A Rede é a única estrutura capaz de crescimento e aprendizagem sem limites. Todas as restantes estruturas são limitadas e funcionam segundo processos anti-naturais.

Há quem defenda, que algumas das muitas razões, porque falhou esta primeira onda da Nova Economia, foi exactamente porque esta incapacidade de mudar o paradigma comportamental da empresa máquina para a empresa inteligente e tudo isso, apenas por uma espécie de neurose do poder. Um outro facto adicional, teria também a ver com o esquecimento, de que a nova dinâmica biológica não gosta de revoluções e vai requerendo, á medida que cresce, doses acrescidas de confiança ( trust ), o que também não aconteceu.

A nova lógica da Rede, nesta segunda vaga, deve por isso ser progressiva e sem o preconceito da causa/efeito. É preciso aprender, porque só se vão obter resultados através de uma lógica de construção, passo a passo.
Ninguém pode ignorar também, que uma das principais características da Rede é a sua ausência de controlo, uma vez que a inteligência é distribuída, as ligações são flexíveis, com grandes graus de liberdade e onde se formam campos de experimentação total.

É neste ponto do campo experimental, que reside um dos aspectos mais importantes, quando falamos em gestão de recursos humanos dentro desta nova lógica.
Devemos ter consciência, de que a verdadeira e grande mudança, pode situar-se á volta da alteração de um tipo de linguagem, que por si só, vai mudar completamente o quadro das relações existentes. Estamos a sair de uma linguagem escrita, falada, ou mesmo audiovisual, mas relativamente passiva, para uma linguagem que é intensamente emocional e mais humana, porque resulta de uma relação que se baseia na experiência e nas vivências das pessoas.

Ao contrário do que se vem dizendo, as relações na Rede são mais humanizadas do que as relações interpessoais actualmente existentes dentro das organizações, porque acontecem num espaço de liberdade, sem medo de erros, sem censura e são experimentadas, vividas, sentidas, por isso são emocionais.
Isto não acontece nas relações existentes nas empresas máquina, onde como se disse, a neurose do poder domina todo o ambiente.

A nova lógica, quer com os produtos, quer com os serviços, quer com os restantes conteúdos, terá assim uma linguagem que é experienciada, que ocorrerá num espaço e num tempo de relação, eles mesmo se traduzirão numa relação, onde tudo são atitudes e não discursos.

A compra de um serviço, ou qualquer outra decisão, vai basear-se muito mais na percepção do valor que cada um sente ganhar, do que em qualquer outra variável. Mas essa percepção do valor, será sempre o resultado do conjunto das relações que se vierem a operar, entre, por exemplo, este Portal do Expresso e o universo dos seus utilizadores.

A primeira grande vantagem do Expresso, é o seu actual activo de confiança, adivinhando-se por isso um bom começo. Mas o sucesso futuro, vai basear-se mais no tipo de relações emocionais e de vivências gratificantes que venha a proporcionar ao mundo dos seus clientes.

Parabéns ao Expresso e muitas felicidades…

Jorge Marques
Presidente da APG

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