Ruben Eiras
A ESCASSEZ de empregos para toda a vida e a maior facilidade de entrada
no mercado laboral são os principais factores que levam a mão-de-obra
da UE a escolher o trabalho temporário (TT).
Segundo o estudo sobre aquela modalidade laboral elaborado pela Confederação
Internacional das Empresas de Trabalho Temporário (CIETT) e a consultora
Delloite&Touche, cerca de 67% dos activos europeus escolheram o TT
por este constituir "a primeira oportunidade de trabalho"
que encontraram e devido à indisponibilidade no mercado de contratos
sem termo (30%).
As outras razões que influenciaram a opção por esta
modalidade laboral atípica é a vontade de adquirir experiência
profissional (23%), a possibilidade de trabalhar em diferentes locais
(10%) e a existência de horários de trabalho flexíveis
(10%). "Não há dúvida de que o trabalho temporário
é uma boa oportunidade para tentar entrar nos quadros das empresas
utilizadoras. Da nossa experiência, constatamos que muitos dos nossos
colaboradores acabam por alcançar este objectivo", comenta
Célia Agostinho, consultora da Intelac, uma empresa de TT.
Por outro lado, o inquérito revela que uma fatia de 33% dos trabalhadores
temporários afirmou ter escolhido esta forma de trabalho por "preferência
pessoal".
Seis meses depois do início do inquérito, cerca de 43% dos
respondentes continuavam a laborar em trabalho temporário, mas
já 22% trabalhavam em regime de contrato sem termo. Perto de metade
estava a estudar.
Quanto às empresas utilizadoras, a investigação revela
que 27% recorre ao TT para substituições, gestão
das flutuações sazonais da actividade (23%) e resposta a
picos de trabalho inesperados (21%). Somente 11% optam por este serviço
para efeitos de recrutamento.
A pesquisa vem constatar a força do argumento dos baixos custos
e da flexibilidade para a tendência de crescimento deste regime
laboral atípico.
Se não, vejamos. Mais de 22% das empresas utilizadoras referiram
escolher o TT não só para tornar o trabalho regular mais
barato como também para cortar os custos em determinadas tarefas
especializadas. Além disso, embora o estudo não especifique,
cerca de 17% das empresas mencionam que não conseguiriam executar
certas funções sem recorrer ao trabalho temporário.
No caso de ser vedado às empresas a possibilidade de recorrerem
ao trabalho temporário, estas declararam no inquérito que
"utilizariam estratégias internas ou externas que providenciassem
flexibilidade".