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TT aumenta em época de calor

16.05.2003


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Cátia Mateus e Fernanda Pedro

Temporários precisam-se em tempo de Verão. São os jovens estudantes quem mais procura os trabalhos temporários nesta época do ano.


O TRABALHO temporário (TT) tem verificado nos últimos tempos um acréscimo na procura. A explicação para esse facto deve-se, na opinião dos especialistas deste segmento de mercado, ao crescimento do desemprego no nosso país. Mas o TT esteve quase sempre associado à época de Verão, uma altura do ano em que o recurso aos temporários é em número mais significativo.

Com o calor à "porta", o EXPRESSO decidiu ouvir os responsáveis envolvidos neste regime de trabalho e saber o que esperam neste meses que se aproximam.

De acordo com Marcelino Pena Costa, presidente da Manpower em Portugal e da Associação Portuguesa de Empresas de Trabalho Temporário (APETT) mesmo com o aumento do desemprego há um número significativo de trabalhadores que sabem que os empregos de Verão correspondem a situações normalmente melhor remuneradas e capazes de lhes dar um valor acrescentado ao currículo, para colocações futuras.

"Surgem novas oportunidades, sobretudo aos jovens do interior ou zonas suburbanas que deste modo contactam com outras regiões, outros modos de viver. Alcançam assim um enriquecimento profissional",
salienta o presidente da APETT.

Este responsável assegura ainda que existe um número significativo de estudantes que procuram este período para trabalhos de curta duração, porque "lhes proporciona um acréscimo de dinheiro para 'comprar' as férias. Este grupo normalmente é pouco qualificado para as exigentes tarefas de sazonalidade".

Substituir quadros

De uma maneira geral, os temporários neste período do ano vão substituir os trabalhadores das empresas que gozam o seu período de férias. Mas também são procurados pelo acréscimo de actividades das empresas ligadas ao turismo de lazer. Segundo Carlos Manuel Horta, director comercial da Intelac, empresa de Recursos Humanos que actua na área de TT, as funções com mais procura são de recepcionistas, telefonistas, administrativos e empregados de armazém.

Mas Marcelino Pena Costa acrescenta ainda os profissionais de hotelaria e restauração, actividades de lazer e ocupação de tempos livres. Segundo este responsável, o sector alimentar também regista uma subida sobretudo nas zonas do litoral ou destinos de férias, assim como o comércio tradicional, roupas e artigos de desporto. As zonas com mais oferta de trabalho registam-se no Algarve e no litoral alentejano e isso repercute-se no acréscimo de actividade das empresas de TT.

Para a Intelac, a sazonalidade depende muito das áreas de trabalho e "consideramos que o Verão não é uma época com grandes piques de trabalho, é apenas uma altura do ano em que as empresas necessitam de substituir os seus trabalhadores", refere Carlos Horta.

Uma opinião contrária à de Marcelino Pena Costa que reconhece um aumento da actividade nesta altura do ano, não só pela substituição do pessoal que vai de férias como também pelo aumento de produção das actividades económicas. "Apesar da crise, temos sinais na empresa de que a sazonalidade vai ter efeito, menos do que em anos anteriores mas, de qualquer maneira, vai fazer-se sentir positivamente", admite o responsável.

Inês Lameiras é estudante universitária. Frequenta o terceiro ano do curso de Relações Internacionais mas há muito que decidiu não deixar a sua experiência profissional ao abandono. "Nos dias que correm, um curso superior é garantia para conseguir emprego por isso acho que se procurarmos ter uma experiência profissional é um bom trunfo na altura de procurar emprego na nossa área", explica.

Adquirir experiência

Inês sabe que não será fácil conseguir emprego, mas avança que "a experiência profissional que tenho tido já me permite ver outras opções". Uma experiência conseguida essencialmente através de empresas de TT.

Todos os anos, por altura do Verão aproveita para tentar angariar outras experiências e há três anos que ocupa as suas férias em empregos de regime temporário, "e alguns foram bastante agradáveis e permitiram-me até alargar conhecimentos em áreas distintas da minha formação, mas que sempre me cativaram".

Para Inês Lameiras este regime de trabalho é uma excelente oportunidade para jovens que queiram aproveitar o Verão para ganhar experiência profissional e angariar algum dinheiro. A jovem explica ainda que "embora nem sempre se possa contar muito com isso, nunca se sabe de não será numa das empresas onde somos colocados que estará o nosso futuro emprego".

A prová-lo, lembra a história de uma amiga que foi colocada numa empresa durante o Verão a substituir uma funcionária e "gostaram tanto do seu desempenho que acabaram por recrutá-la".

Também para Marta Novais, estudante de Ciências da Comunicação, o TT é uma boa forma de "entrar no mercado". A jovem está consciente das dificuldades que encontrará no próximo ano quando tentar arranjar emprego, mas acredita que a experiência que tem alcançado com os trabalhos de Verão, será um ponto a seu favor.

"Já desempenhei várias funções desde apoio de secretariado, administrativos, até já num hotel trabalhei. Acho que a capacidade de adaptação é importante nos dias que correm e nesse campo trabalhar em regime temporário tem também um aspecto pedagógico já que nos ensina a gerir a resistência à mudança", explica.

Diz Marta que se não conseguir emprego na sua área vai continuar a trabalhar em regime temporário, "quem sabe não será esta a saída". É que para Marta Novais, "o futuro do emprego não passará aparentemente pela estabilidade e assim, o melhor é que nos comecemos a adaptar o mais rapidamente possível".

Luís Gonzaga Ribeiro, director comercial da Select revela que "muitos jovens estudantes continuam com a opção dos empregos de 'Verão' uma vez que os horários normais não permitem estudar e trabalhar simultaneamente".





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