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Trabalhar além-fronteiras

Uma boa formação, mérito, a capacidade de entender a cultura local e de se adaptar à mesma, humildade e perseverança, são qualidades fundamentais para desenvolver um percurso profissional fora de Portugal.
29.12.2010 | Por Maribela Freitas


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Angola, Estados Unidos da América, Espanha, Reino Unido e Brasil, são apenas alguns dos países onde antigos alunos da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica do Porto ( FEG - UCP ) desenvolvem as suas carreiras. No final deste mês, cerca de 70 ex-alunos desta instituição reuniram-se no Porto para trocarem experiências e ouvirem colegas falar dos seus percursos construídos fora de Portugal. O evento foi organizado pela associação de antigos alunos da FEG - UCP e o Expresso Emprego falou com alguns dos oradores sobre quais são as condições essenciais para se ter sucesso no estrangeiro.

Tiago Duarte Silva trabalha desde 2007 em consultoria financeira em Boston, na Charles River Associates. “A formação que recebi na católica do Porto é, sem dúvida, de qualidade e nada inferior à recebida no estrangeiro. Receber formação avançada tende a ser recompensada no mercado de trabalho com desafios atrativos” , refere Tiago Duarte Silva. Acrescenta que os portugueses não devem ter receio de seguir uma carreira no estrangeiro em economias desenvolvidas, porque as diferenças profissionais e culturais não são grandes. “O trabalho e mérito são recompensados tanto lá como cá” , salienta. Os principiais desafios são “a existirem, a língua e as diferenças culturais. Há que possuir adaptabilidade e flexibilidade para as apreender o mais rapidamente possível” , explica Tiago Duarte Silva.

Dos Estados Unidos da América passamos para Angola, país onde Luís Folhadela lidera a unidade de business development África do Banco de Fomento Angola. “A necessidade de criarmos rotinas – logísticas e sociais que nos permitam concentrar no trabalho -, a postura de humildade e, particularmente em realidades menos desenvolvidas a perseverança, são fundamentais para o sucesso quando nos encontramos fora do nosso país e da nossa zona de conforto” , conta. Num país como Angola os recursos humanos com experiência e boa formação são escassos em quase todas as áreas. Luís Folhadela considera que o triângulo Portugal, Brasil e África Lusófona, especialmente Angola e Moçambique, deverá assumir uma importância crescente na economia internacional e deverá ser a principal alavanca de crescimento para a economia portuguesa. “Nesse sentido julgo que as oportunidades, direta ou indiretamente associadas a este triângulo deverão merecer mais possibilidades para a internacionalização de quadros portugueses” , salienta. Na opinião de Luís Folhadela uma carreira internacional oferece normalmente mais alternativas e melhores perspetivas de evolução profissional. “Acaba por ser também um forte desafio pessoal que nos testa e obriga a conhecer melhor as nossas possibilidades e limitações” , aponta.

França, Singapura, Espanha e México, são alguns dos países que constam no currículo de Daniel Brás. Vive em Miami e é sócio da “Football Dream Factory”, sendo responsável da empresa para o continente americano. “Quase todos os países do mundo têm uma oferta de oportunidades suficientemente grande para qualquer português poder considerar que valem a pena a nível profissional” , refere. Dos locais em que trabalhou, destaca dois com mais potencial, nomeadamente “o México, pela dimensão e potencial do mercado e os Estados Unidos da América pela alta produtividade e desenvolvimento tecnológico, o qual nos permite, embora num clima mais exigente e competitivo, aprender mais a nível profissional” .

A experiência e enriquecimento pessoal, o desenvolvimento profissional, a possibilidade de ter um curriculum vitae mais rico, as condições de remuneração e o estabelecimento de uma rede internacional, são algumas das vantagens de ter uma carreira além-fronteiras. Mas tudo tem um reverso e “a distância da família e amigos e a fase de mudança com todas as dores de cabeça logístico-burocráticas a ela associadas, são as desvantagens” .

A associação de antigos alunos da FEG - UCP tem 1100 associados, dos quais cerca de 80 estão a trabalhar no estrangeiro. “No total estão em 26 países espalhados pelos cinco continentes. Espanha, Reino Unido, Estados Unidos da América, Angola e Brasil, são os locais onde mais trabalham” , refere Pedro Ferraz, presidente da associação. O evento realizado no Porto teve como objetivo trocar experiências e criar uma rede entre ex-alunos que estão a trabalhar em Portugal e querem ir para o estrangeiro, com quem já está lá fora. “Estes contactos são importantes como rede de apoio para o futuro, não só para encontrar novas oportunidades de trabalho, como também para as empresas em que operam em Portugal” , finaliza Pedro Ferraz. Estabelecer um percurso internacional não é fácil. Mas quando se encontra alguém que aconselha e mostra que é possível, tudo se torna mais fácil.



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