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Salários aumentam, mas para os chefes

Salários aumentam, mas para os chefes

Depois de vários anos de perdas, os salários nacionais voltaram a traçar uma curva ascendente, registando aumentos reais nos níveis de remuneração. Mas esta tendência não se generaliza a todos os grupos profissionais. Segundo o último estudo salarial da consultora Mercer, os aumentos atingem apenas os grupos funcionais de maior responsabilidade: as chefias.

05.09.2014 | Por Cátia Mateus


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O nível salarial dos profissionais com funções ligadas à gestão e direção está a registar, em 2014, aumentos que podem chegar aos 3,31%. A tendência marca uma inversão do que foi a realidade nacional dos últimos anos, mas não beneficia todos os trabalhadores portugueses. É que entre os trabalhadores menos qualificados verifica-se até uma perda efetiva de remuneração. A nova conjuntura salarial nacional é avançada pela consultora Mercer, com base nos resultados do Mercer Total Compensation Portugal 2014, esta semana divulgado.

Um diretor geral ou administrador de uma empresa a operar em Portugal registou desde o início deste ano um incremento salarial na ordem dos 3,31%. Um diretor de primeira linha terá registado, segundo a Mercer, um aumento a rondar os 1,64%. A exceção nacional para este quadro favorável vai para as funções ligadas à área comercial e de vendas e também para os operários fabris que registaram este ano variações salariais negativas de 0,14% e de 1,41%, respetivamente.

Tiago Borges, responsável pela área de estudos de mercado da Mercer, reconhece que “os incrementos salariais por níveis funcionais em Portugal (quadros de direção, chefias intermédias, quadros técnicos e administrativos) tendem a tornar-se cada vez mais uniformes”. O responsável reconhece, contudo, que se verifica uma “tendência para uma maior penalização dos níveis funcionais com maior responsabilidade em períodos de crise, bem como aumentos mais acentuados em períodos de recuperação da atividade económica”.

A análise da Mercer destaca também aumentos salariais nas chefias intermédias e nos quadros superiores, onde os aumentos efetivos rondaram os 1,64% e 0,97%, respetivamente. Para 2015, a Mercer estima que a tendência de recuperação nos salários de perfis com maiores níveis de responsabilidade prossiga.

Novas entradas geram quebras salariais
Segundo a consultora, as quebras salariais verificadas em funções de menor grau de decisão - as funções comerciais e de vendas, por exemplo, que além das perdas de 0,14% registadas este ano, tinham já sido penalizadas com reduções na ordem dos 1,48% em  2013 - podem, em parte, justificar-se com “o efeito de novas entradas de colaboradores, a níveis salariais mais baixos”.

Tiago Borges enfatiza que esta diminuição em termos absolutos dos níveis salariais de algumas funções e níveis funcionais, não foi um fenómeno tão evidente este ano, “mas continua a ser válido para grupos funcionais com menor nível de responsabilidade, como operários ou trabalhadores das áreas comerciais e de vendas”. Pela primeira vez também, o número de empresas com intenções de reforçar as suas equipas e contratar (19%), é em 2014 superior ao das organizações com intenção de despedir e reduzir efetivos (8%). Uma tendência que deverá manter-se em 2015, segundo a consultora.

Neste estudo, a Mercer analisou as políticas salariais praticadas em 106.445 postos de trabalho de 302 empresas presentes no mercado português. A amostra do Total Compensation 2014 integra empresas multinacionais (60%), empresas nacionais privadas (39%) e uma minoria de empresas públicas (1%), com atuação em diversos sectores de atividade.

Remunerações e benefícios
Em 73% das empresas analisadas na edição 2014 do estudo da Mercer, a opção é manter o número efetivo de trabalhadores e são, pela primeira vez nos últimos anos, mais as empresas que perspetivam novas contratações do que as que ponderam realizar despedimentos. Mas opções de controlo de gastos não deixam de estar em cima da mesa.

Segundo a Mercer, “cerca de 20% das empresas em Portugal optou por congelar os salários”. Quando ocorrem incrementos, estes são atribuídos aos colaboradores mediante as políticas gerais de cada empresa e na sua determinação pesam fatores como os resultados da organização, os resultados individuais de cada colaborador, o posicionamento face ao mercado, a equidade interna, diretrizes da casa-mãe e acordos coletivos de trabalho e orçamentos aprovados. “A antiguidade e o nível funcional são os factores que menos influenciam a atribuição do incremento salarial”, adianta o estudo que refere que os incentivos a curto prazo (como bónus anuais ou bónus de incentivo de vendas mensais ou trimestrais aos profissionais da área comercial) são ainda os mais utilizados nas empresas portuguesas. “A atribuição de incentivos a longo prazo ainda não constitui uma prática generalizada, sendo apenas utilizada em 28% das empresas”, explica a Mercer.

O estudo analisou pela primeira vez os níveis salariais praticados entre os recém-licenciados e concluiu que em média, o salário-base anual para este grupo profissional varia entre os €12.600 e os €18.075. Entre os principais benefícios atribuídos pelas empresas em Portugal estão os complementos de subsídio de doença, planos médicos, seguros de acidentes pessoais e devida, planos de pensões, férias e benefícios para a educação ou empréstimos e adiantamentos.



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