O número de profissionais portugueses que assumem a prática de discutir regularmente com os empregadores as suas possibilidades de evolução na carreira é reduzido, segundo o estudo conduzido anualmente pela empresa de recrutamento Kelly Services, o Kelly Global Workforce Index 2014. Menos de um terço (31%) dos profissionais inquiridos em Portugal admite ter debatido com as sua chefias o seu plano de carreira no último ano, face a uma média global de 38%. Apenas os profissionais húngaros ficam abaixo dos portugueses neste ranking, com uma média de 18%.
Afonso Carvalho, diretor-geral da Kelly Services, reconhece que “as discussões sobre oportunidades e evolução de carreira devem constituir uma parte integrante e rotineira de uma eficaz gestão de pessoas, mas frequentemente não têm lugar nas empresas”. Na base desta ausência de debate e definição de estratégia estão, segundo o especialista, factores como “a hesitação da gestão em modificar o status quo presente da organização, o receio dos profissionais em apresentar propostas que possam ser entendidas como críticas ou exigências”.
Uma opção que para o diretor da Kelly Services acaba por não se revelar certeira já que para o especialista, a maioria dos profissionais que tomaram a iniciativa de debater as suas hipóteses de progressão profissional com o seu empregador, acabou por admitir que o processo foi benéfico para potenciar a aquisição de competências. “Esta cultura de discussão e de abertura é algo que pode, obviamente, ser trabalhado e que constitui parte integrante das estratégias de gestão de recursos humanos de diversas organizações em Portugal”, explica Afonso Carvalho.
Orientado para auxiliar os colaboradores a conquistar novas aptidões e capacidades apropriadas para o próximo passo das suas carreiras, este tipo de discussão é mais visível entre os inquiridos que operam nas áreas do Marketing, Comercial e Tecnologias de Informação. Entre os profissionais portugueses que desenvolveram esta discussão com os seus empregadores, 60% concordam que ela proporcionou a oportunidade para adquirirem novas competências e em 54% dos casos ajudou mesmo a potenciar a evolução profissional.
De resto, como esclarece Afonso Carvalho, “a aquisição de novas competências surge como uma preocupação fundamental para os profissionais em Portugal, contatada pelo facto de 72% dos inquiridos confirmarem que estariam dispostos a sacrificar um salário mais elevado e a oportunidade de evolução na carreira, pela possibilidade de adquirir novas habilitações”.