Com a “geração à rasca” na ordem do dia, a Futurália vai abrir as suas portas na próxima semana para dar a conhecer centenas de opções de carreira e de formação para quem está ainda a preparar-se para entrar na vida ativa. Na atual conjuntura, joga-se o tudo por tudo no momento de decidir o futuro. Ajudar os jovens a delinear nessa decisão estratégica faz parte dos objetivos finais deste evento. Do ensino profissionalizante ao superior, passando pela formação avançada e até estágios e ofertas de emprego, a oferta é alargada para quem tem de escolher, e escolher bem tendo em a atual conjuntura. O principal desafio deste evento é precisamente contribuir para que os jovens que visitam a Futurália façam escolhas informadas que lhes permitam sair mais e melhor esclarecidos, com ferramentas que lhes permitam construir vidas profissionais e pessoais de sucesso.
Nesta procura, o ExpressoEmprego deixa aqui algumas dicas a ponderar. Para quem está a pensar seguir a via universitária é preciso ir além da vocação ou apetência por determinada área. As expectativas no final do curso poderão sair completamente goradas e a probabilidade de se arranjar emprego na área de eleição são, na verdade, muito reduzidas quando se pensa em determinadas licenciaturas.
Um estudo elaborado pelo economista Eugénio Rosa, a partir de estatísticas do Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Ensino Superior, dá conta que a maioria (53%) dos licenciados inscritos nos Centros de Emprego vêm de áreas específicas de estudo. A saber: Formação de professores; artes; humanidades; informação e jornalismo; ciências sociais e comportamentais; direito; serviços sociais. Cursos que há muito estavam saturados e que continuam em crescendo na sua espiral de estagnação. “São áreas que representaram 38,9% dos diplomados saídos das universidades portuguesas no ano letivo de 2008/2009. Esta distorção parece evidenciar a continuação da falta da adequação das saídas das universidades portuguesas às necessidades reais do País”, realça o economista Eugénio Rosa.
Numa outra área de ensino, desta vez na via profissionalizante, o cenário muda de figura. “Os jovens portugueses já estão a assimilar a ideia de que a ter um canudo não basta”, como refere o presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), Francisco Madelino. Uma realidade confirmada pelos números. No último ano, cerca de 50% dos alunos do ensino secundário estavam a frequentar o ensino profissional. Um cenário que já se aproxima da média comunitária.
“Nos últimos dez anos, a situação tem vindo a alterar-se muito e os jovens já procuram as áreas profissionais. Quem abandonava os estudos percebeu que agora, com a atual conjuntura, tem muita dificuldade em entrar no mercado de trabalho não tendo qualificações. Isto levou muitos jovens para os cursos profissionais. Também a dupla certificação que os cursos profissionais passaram a ter, levou a que as pessoas não receassem seguir esta opção pois a equivalência ao 12º ano garante também uma passadeira para o ensino superior”, aponta o responsável do IEFP.
O próximo passo será, acentua Francisco Madelino, estreitar a ligação entre estes cursos profissionais e as empresas. “Há ainda muito a fazer neste sentido. Em países como a Alemanha ou a Suécia existe uma componente muito forte ao nível da alternância entre a formação dada em aula e aquela que é dada a partir das próprias empresas. E essa é a situação ideal”. Apesar dos números estarem ainda muito áquem do desejado, o IEFP tem já 25 mil alunos em sistemas de aprendizagem e formação em alternância nas escolas profissionais e em contexto empresarial. Planificadas ao milímetro ou com escolhas adiadas até ao último minuto, com enfoque no mundo académico ou mais viradas para as áreas mais técnicas, as opções dos jovens vivem agora novas realidades. Um cenário que obriga a um permanente esforço de atualização, uma aposta contínua no desenvolvimento das carreiras.