Cátia Mateus
Adaptação é a palavra que inspira uma jovem empresa nascida e criada nos bancos da Universidade do Minho, em finais do ano passado. De Braga para o mundo, tendo a Internet como veículo de difusão e comercialização, a WeAdapt promete facilitar a vida às pessoas com necessidades especiais colocando no mercado roupa própria e outros instrumentos de reconstituição física para portadores de deficiência. A empresa dá agora os primeiros pessoas mas as suas ambições já estão bem definidas.
Miguel Ângelo Carvalho, Fernando Duarte, António Souto, Daiane Heinrich e Carla Lopes formam a equipa multidisciplinar que conduz a WeAdatp. Uma mistura que contempla formações tão diversas como a engenharia têxtil, a engenharia de produção, a química, a tecnologia de moda e estilo ou a engenharia de polímeros, mas todas elas essenciais a este projecto empresarial que teve as suas raízes em 2005 a partir de uma tese de mestrado.
Anos mais tarde e depois de muita investigação, a WeAdapt arranca com a meta de “desenvolver e comercializar, através da Internet produtos inclusivos, tendo como principal objectivo a melhoria da qualidade de vida de pessoas com necessidades especiais (PCNE)”, explica Miguel Carvalho. O mérito da ideia foi tal que a jovem empresa arrecadou no ano passado o Prémio Start.
Nesta fase, o principal enfoque do projecto vai para a área da ergonomia do vestuário, segmento escolhido para a entrada no mercado ainda que o projecto vá além da adaptação de peças de vestuário.
“Verificamos, até através da estreita colaboração que temos com a Associação Portuguesa de Deficientes — Delegação de Braga, que este é um nicho de mercado com fortes carências e que constitui uma boa oportunidade de negócio em Portugal e no estrangeiro”, explica o empreendedor. Na primeira fase de vida da WeAdapt a equipa está a desenvolver e a colocar no mercado peças de vestuário e acessórios “mas a ambição é alargar a actividade da empresa a áreas como o calçado, a higiene pessoal, o entretenimento, entre outros”, argumenta,
Os produtos desenvolvidos pela empresa estão segmentados em três marcas complementares: FashionMe (que contempla, não só, uma colecção de pronto-a-vestir inovadora e adaptada a pessoas de mobilidade reduzida, nomeadamente as que se deslocam de cadeira de rodas, como também uma linha de vestuário desenvolvido à medida de cada utilizador e da sua limitação específica, a Made2Measure); a BodyMe — Dispositivos de reconstituição física para equilibrar os volumes corporais e a Sense4Me, que consiste na utilização de têxteis electrónicos e interactivos que permitem a monitorização de sinais vitais e electro-estimulação de membros com atrofia.
Na criação da empresa, a equipa investiu cerca de 250 mil euros. Um investimento que ainda não recuperou até porque só agora a primeira colecção entrará no mercado. E se pensa que Portugal é a única aspiração desta jovem equipa, desengane-se. “Após a validação desta primeira colecção, pretendemos entrar no mercado americano com uma estrutura local, processo que já se encontra em fase de estudo e apoio”, explica Miguel Carvalho. A equipa quer ainda fazer parcerias com marcas internacionais e designers de cada país alvo e anuncia que “numa primeira fase queremos ter colaboradores locais em nove países e alargar a oferta a outros produtos além do vestuário”.
Para os mentores da WeAdapt, “só com internacionalização será possível viabilizar um projecto deste tipo, dirigido a um nicho de mercado muito específico”. Miguel Carvalho adianta que “o projecto WeAdapt é inovador pela sua multidisciplinaridade”.
Paralelamente, “as peças da colecção são desenvolvidas com base em questões de ergonomia e antropometria que cada situação exige de modo a priorizar o conforto e a estética” adianta o empreendedor enfatizando que “todo o processo de modelação é específico à realidade do mercado-alvo, existindo acabamentos especiais que permitem facilitar a tarefa de vestir/despir, contribuindo para uma maior autonomia do utilizador, bem como acabamentos funcionais ao nível do tratamento dos tecidos”.
Miguel Carvalho estima atingir resultados positivos daqui a três anos, até porque “ainda há muito investimento a fazer, nomeadamente em equipamentos que nos permitirão desenvolver soluções cujo know-how ficará apenas na WeAdapt”, concluí.
BI EMPRESARIAL
Nome: WeAdapt - Inclusive Design and Engineering Solutions, Lda
Fundadores: Miguel Ângelo Fernandes Carvalho (39 anos), Fernando Moura Duarte (41 anos), António Pedro Souto (44 anos), Daiane Heinrich (29 anos) e Carla Lopes (38 anos).
Sede: Braga
Área de Actividade: Desenvolvimento e comercialização de produtos inclusivos que visam a melhoria da qualidade de vida das pessoas com necessidades especiais
Início de actividade: Novembro de 2008, depois de vários anos de investigação
Investimento inicial: Cerca de 250 mil euros
Empregos criados: Sete