“Profissionais mais jovens, que cresceram numa Era em que a flexibilidade é a regra, esperam encontrar essa mesma flexibilidade no seu contexto profissional”. Esta é uma das principais conclusões do estudo “Managing the Multigenerational Workforce”, da consultora CompTIA que destaca o desafio que atualmente constitui para as empresas a gestão de equipas multigeracionais dentro das organizações. O estudo recentemente divulgado demonstra uma clara mudança de prioridades com a geração millennial, no momento de procurar emprego e definir prioridades de carreira. O salário conta, naturalmente, mas menos do que o equilíbrio entre a carreira e a vida pessoal. ?O estudo da CompTIA analisa o modo como as diferentes gerações de profissionais, e o que estas assumem como prioritário na gestão da sua carreira, está a mudar as dinâmicas do mercado de trabalho.
“Tal como os Baby Boomers e a Geração X, que os antecederam, os Millennials têm prioridades muito concretas no que toca a definir o emprego ideal”, explica Seth Robinson, diretor senior da CompTIA. A liderar esta lista de prioridades está a flexibilidade. “A geração millennial procura sobretudo empresas com uma clara preocupação de conciliação entre o trabalho e a família e onde a opção de trabalho a partir de casa, por exemplo, seja encarada de forma natural”, diz Robinson. Segundo o especialista, a generalidade dos profissionais desta geração está mesmo disposta a aceitar reduções salariais se isso garantir a possibilidade de trabalhar remotamente e a partir de qualquer local. ?As empresas que não demonstrem abertura a esta possibilidade são vistas como antiquadas pelos millennials e estão longe das suas preferências de carreira.
Segundo o diretor senior da CompTIA, “em quase todos os grupos etários, a maioria dos profissionais procura uma solução de trabalho que contemple a possibilidade de pontualmente desenvolver a sua atividade a partir de casa, assegurando a presença no escritório na maior parte dos dias”. Na Geração Millennial esta possibilidade está na primeira linha de prioridades, mas Seth Robinson esclarece que “o espirito colaborativo, o contacto e a criatividade que resultam da interação presencial com os colegas continuam a ser relevantes para os profissionais, independentemente da sua idade”. ?
Outro aspeto importante é a utilização dos media sociais e da tecnologia, num sentido mais vasto, no contexto profissional. O estudo conduzido pela CompTIA demonstra que os profissionais na faixa etária dos 20/30 anos, têm maior propensão a utilizar ferramentas como o facebook na sua atividade profissional, muito embora uma percentagem elevada de profissionais de todas as idades (64%) reconheçam que o uso das plataformas sociais pode impactar negativamente na sua produtividade. Uma prática que exige da parte das empresas alguma adaptação, tendo em conta que nos últimos anos, a tendência crescente de diluição de fronteiras entre o trabalho e a vida pessoal e a informação partilhada nestas plataformas têm vindo a ser encarada com apreensão e como um potencial problema pelos empregadores. Robinson acrescenta mesmo que “as empresas deveriam equacionar a criação de códigos de prática internos no que diz respeito às redes sociais, como forma de minimizar os riscos decorrentes desta exposição”.
?De resto, a tecnologia é também um elemento-chave no contexto das opções profissionais da Geração Millennial. “Os dados demonstram que os profissionais mais jovens atribuem grande importância á tecnologia que têm disponível e ao investimento que a empresa faz nesta matéria, de modo a dar-lhes boas condições e ferramentas de trabalho”, explica acrescentando que “à medida que o mundo se torna progressivamente mais digital, as empresas com a melhor tecnologia e com um investimento estratégico neste sector, estarão em melhores condições para competir pelos melhores talentos”. Segundo Seth Robinson, “será interessante perceber se estas preferências alcançam o estatuto de norma, à medida que os Millennials vão alcançando posições de liderança nas empresas ou se, pelo contrário, alteram as suas prioridades à medida que assumem cargos de responsabilidade acrescida junto de clientes, trabalhadores, acionistas ou até da própria comunidade”.