Em dez anos, algumas das profissões que conhece poderão já não existir. Tal como já sucedeu no passado, a evolução tecnológica continuará a colocar em causa a continuidade de algumas profissões e, por mais estranho que lhe possa parecer, funções como a de contabilista, auditor, agente de seguros, operador de telemarketing ou caixa de supermercado podem estar ameaçadas. O cenário é traçado pelos investigadores da Universidade de Oxford, Carl Benedikt Frey e Michael A. Osborne, um economista e um engenheiro, que se dedicaram identificar o futuro de 702 profissões.
O estudo “The future of employment: how susceptible are jobs to computerisation?” que analisa a permeabilidade de algumas profissões a evolução tecnológica, traça o futuro de um conjunto de atividades num horizonte de dez anos, além de avaliar em detalhe a relação história entre a tecnologia e a evolução do desemprego. Segundo as conclusões do estudo, mais de 45% das 702 profissões analisadas correm o risco de desaparecer ou de ver drasticamente diminuída sua relevância económica, no espaço de duas décadas, cedendo espaço à inovação tecnológica.
A investigação realizada pelos autores coloca no topo do ranking das profissões mais ameaçadas os operadores de telemarketing que registaram uma taxa de exposição à tecnologia (possibilidade de substituição do homem pela máquina) de 99%. ?Mas há outras funções com a mesma proporção de riscos. É o caso dos agentes de seguros (99%), agentes de crédito (98%), analistas de crédito (98%), funcionários de correios (97%), secretárias (97%), operários agrícolas (97%), caixas de supermercado (97%), administrativos (96%) ou operários fabris (95%). Desta lista de profissões em risco fazem ainda parte outros perfis, a um primeiro olhar, menos óbvios, como os pasteleiros que registam, segundo os autores, uma probabilidade substituição pela tecnologia de 89%.
?No outro prato desta balança estão as profissões que a evolução tecnológica nunca colocará em causa, ainda que possa ajudar a melhorar. É o caso dos professores que para os autores não podem ser substituídos pela tecnologia e registam uma taxa de exposição à substituição de 0%. Na mesma linha surgem os médicos, cirurgiões e enfermeiros (todos com 0%), os assistentes sociais, os padres, gestores de marketing, treinadores desportivos (1%), os advogados com 4% e os bombeiros, com 17%.
É nas profissões que envolvem maior grau de rotina, sem grandes necessidades de especialização ou qualificação e que estão hoje expostas a níveis salariais mais baixos que, segundo Benedikt Frey e Michael A. Osborne, residem os maiores risco de extinção. Para os autores do estudo, o levantamento realizado é relevante para que os profissionais possam analisar a evolução futura da sua função, mas também para as camadas mais jovens que se encontrem perante a necessidade de decidir o seu futuro e escolher uma área de especialização profissional.