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Tecnológicas aumentam contratações

Tecnológicas aumentam contratações

Programadores, consultores de sistemas de informação e tecnologias de informação, técnicos de hardware e software, técnicos de helpdesk, gestores de projeto e comerciais, serão os alvos de contratação das tecnológicas portuguesas nos próximos três anos. A radiografia é traçada por um estudo da Associação Nacional das Empresas de Tecnologias de Informação e Eletrónica. 

14.11.2014 | Por Cátia Mateus


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Nos próximos três anos, as contratações no sector nacional das tecnologias de informação deverão aumentar 30%, a um ritmo de crescimento de 10% ao ano. A notícia é avançada por Vítor Rodrigues, novo presidente da Associação Nacional das Empresas de Tecnologias de Informação e Eletrónica (ANETIE) e tem por base as conclusões de uma investigação conduzida junto dos recrutadores tecnológicos nacionais e esta semana divulgada. O estudo “Necessidades Específicas de Recursos Humanos para o sector das TI – Reconversão e Desempregados” dá ainda conta dos perfis que as tecnológicas mais vão recrutar nos próximos anos.

Programadores, consultores de sistemas de informação e tecnologias de informação, técnicos de hardware e software, técnicos de helpdesk, gestores de projeto e comerciais representam, juntos, mais de 86% do número de profissionais que as tecnológicas estimam contratar nos próximos anos. Um cenário que para Vítor Rodrigues pode representar um problema para as empresas, tendo em conta o reconhecido gap entre as suas necessidades e as competências dos profissionais disponíveis no mercado. “Este estudo surge, por um lado, da consciência da ANETIE sobre aquela que é a realidade do mercado laboral português e, por outro, daquele que é o potencial de crescimento das TIC”, explica o presidente enfatizando que “com a manutenção dos níveis de desemprego atuais, constatamos que há uma oferta crescente de recursos disponíveis, que urge qualificar à medida das necessidades das empresas”. Para o especialista, “uma das restrições que se tem imposto ao crescimento do setor das TIC é a escassez persistente de profissionais com um perfil de competências correspondente ao dos postos de trabalho disponíveis”.

Com uma taxa de crescimento de oportunidades profissionais que à luz das conclusões do estudo se fará, sobretudo, impulsionada pela crescente dinâmica das pequenas empresas, Vítor Rodrigues destaca algumas funções específicas – como os programadores – que têm vindo a registar forte procura no mercado. Segundo o estudo da ANETIE, “cerca de 78% das empresas possuem programadores e 51% destacam estes recursos nas intenções de contratação”. Aos programadores seguem-se nos objetivos de contratação dos recrutadores tecnológicos, os consultores de SI/TI, técnico de hardware/software e helpdesk e outros profissionais.

No que concerne às atividades identificadas como as mais relevantes pelas empresas, é de sublinhar, relativamente aos programadores, o desenvolvimento de aplicações móveis (73,7%) e a integração de plataformas (71,1%). Já em matéria de competências técnicas dos programadores, as empresas dão especial destaque ao sistema operativo Android, a par do SQL, assinalados por 60,5% das empresas, seguidos das linguagens Java, HTML/CSS, Java script e.net. “Os consultores de SI/TI são valorizados pela generalidade das suas atividades, visto que todas elas são muito assinaladas, embora se destaque, com 93,3%, a avaliação e recomendação de soluções tecnológicas. A competência técnica mais valorizada é CRM e a menos valorizada SCM”, explica.

Para colmatar a falta destes profissionais, a associação propõe um plano de reconversão desempregados que privilegia a integração profissional de professores, psicólogos e engenheiros. “Este diagnóstico, muito focado nas reais necessidades e prioridades do tecido empresarial, permite lançar um plano de ação com vista à qualificação e ao emprego”, defende Vítor Rodrigues, enfatizando a sua relevância para a população desempregada que tem aqui identificados sectores de oportunidades. “A ANETIE acredita que a aposta na competitividade daquele que é um dos setores mais dinâmicos do nosso país e afirmação do seu contributo para a dinamização da economia nacional, deve fazer-se por via da especialização do capital humano”, explica adiandando o compromisso da associação na requalificação profissional para esta área, ainda que considere “crucial que decisores públicos e instituições de formação tomem em consideração os resultados do diagnóstico agora lançado”.

O estudo da ANETIE disponibiliza planos de formação com vista à reconversão de desempregados licenciados e de outras áreas de formação de menor empregabilidade. A ANETIE propõe neste levantamento um conjunto de sete cursos de reconversão, que têm por base os profissionais mais necessários na área das TIC. “Para cada curso, é identificado o tipo de profissão de origem, fundamentado nas possibilidades efetivas de reconversão e nos dados estatísticos do desemprego”, revela. Os professores de diferentes níveis de ensino, os psicólogos e os engenheiros civis foram os destacados, tendo em conta estes dois critérios. No caso específico dos professores, a associação considerou viável criar programas de formação para reconverter profissionalmente professores de 3º ciclo e ensino secundário, em particular dos grupos de docência das áreas de Economia e Contabilidade, Matemática, Física, Química, Biologia, Geologia, Eletrónica e Informática. Entre os seis cursos propostos pela ANETIE estão: Comercial; Gestão de projeto; Programação de aplicações móveis; Programação de Websites; Integração de plataformas; Programação de aplicações desktop; Técnico de HW/SW; e Técnico de helpdesk. Para Vítor Rodrigues, “não temos a solução para resolver por completo o problema, mas sabemos que esta será a chave para dar início à sua resolução”.

Vítor Rodrigues, presidente da ANETIE
"A questão não é a quantidade de profissionais formados, mas a sua qualidade"

Que balanço faz da evolução nacional do sector das TI, em matéria de criação de emprego?
A evolução nacional é positiva e traz perspetivas otimistas. A verdade é que são cada vez mais as empresas a contratar, tal como comprova o estudo agora divulgado. Esta evolução é particularmente notória nas pequenas e médias empresas. No inquérito que efetuamos 69,4% das empresas têm, no máximo, 50 empregados e apenas 12,4% acima de 100. Ou seja, hoje há mais emprego e este crescimento não é exclusivo das grandes tecnológicas, como nos parece ser mais expectável para a classe desempregada. A perspetiva menos positiva neste domínio é o desfasamento entre a oferta e a procura, na medida em que o incremento da qualificação dos recursos não acompanha as necessidades específicas do mercado.

Muitas empresas do sector queixam-se de dificuldades na contratação de perfis muito específicos...
Sim, o desfasamento entre a qualificação dos nossos recursos humanos e as necessidades das empresas era um dos pressupostos do estudo que efetuamos, que acabou por ser confirmado. Há todo um conjunto de fatores a conspirar para acentuar esta realidade: as diferentes áreas de negócio estão cada vez mais dependentes das TI, a inovação é hoje mais rápida, os ciclos de vida dos produtos batem recordes, a concorrência nunca foi tão intensa e os consumidores consomem mais recursos, de forma mais inteligente e informada. Neste contexto, as empresas são forçadas a dar resposta às exigências no mercado, com base na expertise dos seus colaboradores. A desadequação acontece não apenas porque os candidatos não acompanham esta célere evolução, mas também, e sobretudo, porque os próprios planos curriculares dos cursos tecnológicos também tardam em adaptar-se. 

A requalificação de profissionais para esta areas é a solução?
Essa é a proposta da ANETIE. O projeto agora apresentada inclui não apenas um estudo de diagnóstico das necessidades empresariais, como um plano de ação em matéria de qualificação. O know-how da ANETIE, a rede de empresas que representamos e a proximidade que detemos relativamente aos diversos players empresariais permitem-nos assegurar um contributo determinante nesta matéria. Na verdade, os cursos que propomos foram desenhados de acordo com a oferta de recursos humanos existente no país e à medida das carências específicas das empresas. Não estamos empenhados na atribuição de graus académicos, mas sim no desenvolvimento de competências técnicas adaptadas aos serviços, produtos e projetos das empresas portuguesas.

Portugal está a formar especialistas suficientes para fazer face às necessidades das empresas?
A questão não é a quantidade dos profissionais formados, mas sim a sua qualidade, o grau de especialização, a adaptação ao mercado, tal como tive oportunidade de referir em questões anteriores. Porém, apesar da carência existente, é incontornável referir o crescente dinamismo do sistema de I&DI nacional e a gradual aproximação entre o mundo académico e empresarial, sinais que esperamos canalizar em favor da redução deste desfasamento entre a oferta e a procura de recursos humanos tecnológicos.

Que perspetivas futuras traça para a evolução deste sector em Portugal?
A ANETIE acredita que estamos, atualmente, a traçar um caminho rumo à afirmação do nosso País no mapa mundial dos negócios tecnológicos. Um País capaz de fazer a ponte entre a Europa e outros continentes, especialmente com os mercados da América Latina e dos PALOP. É inevitável reconhecer que Portugal já conquistou um posicionamento internacional enquanto polo de negócios tecnológicos. O mercado nacional das tecnologias de informação e comunicação tem dado sinais positivos ao nível da sua capacidade de inovação, facto que é já reconhecido fora de portas. É preciso explorar este potencial de uma forma estratégica e concertada.



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