Em 2013, 59% dos trabalhadores portugueses do sector público demonstravam vontade em mudar de emprego. Em 2008, a percentagem era de apenas 17%. Os números são avançados pela Associação Portuguesa de Psicologia da Saúde Ocupacional (APPSO) e resultam de um estudo conduzido pela associação sobre os riscos psicossociais associados ao trabalho que dá também conta que no sector privado, a percentagem de profissionais que ambiciona a mudança tem vindo a diminuir, fixando-se no ano passado nos 24%. O desgaste dos profissionais é apontado pela APPSO como uma das razões para este cenário.
Entre 2008 e 2013, a APPSO avaliou 38791 trabalhadores dos setores público e privado, em Portugal. Segundo a associação, nove em cada dez profissionais apresentam sinais de fadiga. Uma sintomatologia que surge associada aos sentimentos de sobrecarga de trabalho, perda de energia e também a uma diminuição acentuada da perceção de que as empresas onde trabalham são justas. Embora a deterioração do bem-estar laboral seja generalizada, os seus índices assumem maior relevância no sector público. Em 2013, 15% dos profissionais deste sector avaliados no estudo registaram diagnósticos de esgotamento (burnout).
A vontade de mudar de emprego foi um dos fatores analisados no estudo. A este propósito a APPSO concluiu que a intenção de abandonar o emprego num horizonte de cinco anos aumentou significativamente: em 2008 o valor rondava os 35% dos profissionais que participaram no estudo e em 2013, a percentagem totalizava os 78%. Também aqui, o sentimento de insatisfação é maior no sector público.