Ruben Eiras
OS PORTUGUESES estão entre os trabalhadores mais insatisfeitos
da Europa, em conjunto com a Grécia, Itália e Espanha. Os factores responsáveis
por esta situação no mercado de trabalho português são os baixos incentivos
remuneratórios e a falta de participação em sistemas de trabalho flexíveis.
Estes são os principais resultados do estudo "High Performance Workplace
Practices and Job Satisfaction: Evidence from Europe", publicado recentemente
pelo Instituto de Estudo do Trabalho, em Bona.
O objectivo da investigação era identificar o impacto das práticas inovadoras
de gestão laboral na satisfação dos trabalhadores. Os autores do estudo
concluíram que as organizações que investem em práticas avançadas na
gestão de pessoas são mais comuns nos países escandinavos, na Irlanda,
Reino Unido, Holanda, Áustria e Luxemburgo. A região onde existem menos
organizações com este perfil é no Sul da Europa.
A análise também revela que um maior nível de comunicação e de autonomia
no trabalho tem um efeito positivo no grau de satisfação laboral em
todos os países. Segundo o estudo, as organizações que praticam uma
gestão de recursos humanos de ponta caracterizam-se por níveis elevados
de lucro, de produtividade, do valor dos salários auferidos e de satisfação
laboral.
O seu perfil assenta numa estrutura hierárquica pouco burocrática, na
rotação nos postos de trabalho, na existência de equipas autónomas e
num grande envolvimento dos empregados no processo de decisão. Esta
participação é remunerada através de um esquema de incentivos salariais
e de formação providenciada pelo empregador.