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O trunfo da idade

Quanto mais cedo iniciar a aprendizagem de um novo idioma, maiores as suas possibilidades de se tornar um poliglota. As crianças são mesmo os alunos com melhores resultados.
09.09.2010 | Por Cátia Mateus


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É reconhecida a facilidade com que as crianças aprendem novos idiomas de tal ordem que, os especialistas não hesitam mesmo em afirmar que a infância é a melhor idade para iniciar a aprendizagem de uma segunda língua. Ao longo dos anos esta capacidade tem vindo a ser alvo da atenção quer de linguistas, quer de neurologistas que têm estudado as questões ligadas à aquisição da língua e concluíram já que para ser um verdadeiro poliglota há que aproveitar todo o potencial da infância.

A famosa gramática generativa de Noam Chomsky preconizou a teoria de que o ser humano possui um “equipamento” próprio para os idiomas. Chomsky denominou esse equipamento de LAD, defendendo que se trata de uma capacidade de natureza inata e universal que permite a aprendizagem de qualquer língua de forma natural. Os seus seguidores preferem assumir que se adquire uma linguagem e defendem que esta faz parte da dotação genética do homem. Na verdade, esta controvérsia significativa entre os que assumem a linguagem como uma propriedade evolutiva aprendida, fruto da nossa aprendizagem, e os que defendem que responde a uma faculdade do homem predeterminada biologicamente, é alimentada há anos.

Antagonismos à parte, aos poucos a ideia de que temos uma tendência inata para falar conduziu ao desenvolvimento (década de 70 e 80) de uma série de novos procedimentos no ensino de idiomas. Na essência, estes sistemas (presencial, direto, comunicativo, vivencial) determinam que os alunos podem adquirir uma segunda língua de forma natural, tal como o fizeram com a primeira, desde que exista um ambiente educativo apropriado.

Qual é então a melhor idade para aprender um segundo idioma e o melhor método para o fazer? Neurologicamente, a tese defendida é a de quanto mais cedo melhor, pois o cérebro tem uma maior elasticidade e o processo de assimilação é mais célere e eficaz. A linguista Ângela Friederici, do Instituto Max Planck de Neurociências Cognitivas, em Leipzig, que conduziu um estudo sobre esta temática vai até mais longe e argumenta: “existem pessoas que afirmam que só se pode ser completamente bilingue se as línguas tirem sido aprendidas até aos seis anos de idade pois quanto mais avançada é a idade, mais difícil é para as crianças aplicarem corretamente os parâmetros prosódicos e fonológicos”.

A forma mais eficaz de aprender e praticar um novo idioma é o sistema one to one , embora este método em que o aluno está 24 horas diárias com o seu professor não esteja ao alcance de todas as bolsas. Por norma este método aplica-se em estadias curtas e dirige-se quer a jovens, quer a adultos com ambições profissionais. Para além das aulas particulares, as atividades de aprendizagem podem também direcionar-se para áreas específicas relacionadas com as necessidades profissionais do aluno, como sejam economia, direito, marketing, medicina ou incidirem diretamente sobre a preparação de entrevistas de trabalho, reuniões ou conferências.

Outra das opções é a estadia no estrangeiro na casa do professor ou de uma família de acolhimento, onde o estudante participa nas rotinas quotidianas. A maioria dos programas deste tipo ainda incide sobretudo na aprendizagem do inglês nos Estados Unidos, Reino Unido ou Irlanda e convém que o aluno acautele alguns aspetos que podem minar o sucesso da aprendizagem. Antes de rumar ao estrangeiro com este objetivo, é fundamental que o aluno frequente aulas no país de origem para não perder tempo com questões básicas de gramática e vocabulário. Convém também que seja o único aluno naquela casa para assegurar que vai retirar pelo rendimento do investimento que está a fazer e que o professor tenha grau académico que o habilite ao ensino do idioma.

Mas a última grande novidade na aprendizagem de idiomas consiste em promover o contacto, em situações reais, de pessoas de diferentes nacionalidades recorrendo a técnicas motivadoras. A meta é promover e facilitar o desenvolvimento da destreza comunicativa. Nestas sessões o novo idioma é aplicado não só na comunicação natural, mas também na análise de documentos (mapas, horários, menus, etc). Inequívoco parece ser que quanto mais cedo iniciar a aprendizagem de um novo idioma, maiores serão as suas possibilidades de se tornar um exímio praticante.



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