Portugal tem 95 novos desempregados a cada dia que passa. Os dados foram esta semana avançados pelo organismo oficial de estatística da União Europeia, Eurostat, que reviu em alta a taxa de desemprego nacional. Segundo o Eurostat, há muito que o país ultrapassou a fasquia psicológica dos 600 mil desempregados. O Governo contesta estes números.
Desde o início do ano mais de 20 mil portugueses já perderam o emprego e, contra as taxas de desemprego que tinha avançado em Maio e Junho, o Eurostat anunciou agora que o número dos 600 mil desempregados em território nacional (o mais elevado de sempre para o país) foi afinal alcançado em Maio. O órgão oficial de estatísticas da UE fez uma revisão em alta das taxas de desemprego e anunciou que estes números correspondem na realidade a uma taxa de 11% quando antes tinha apontado para os 10,9% em Maio e 10,8% em Junho. Recorde-se que o país só conheceu uma taxa de desemprego semelhante na década de oitenta. O desemprego continua assim em níveis históricos para o país o que deverá colocar entraves aos aumentos salariais esperados para 2011.
À luz destes dados, a taxa média de desemprego apurada para a EU foi de 9,6%. A vizinha Espanha foi o estado-membro a registar o pior desempenho, com 20,3%. No lado oposto da balança está a Áustria com o melhor desempenho e uma taxa que não excede os 3,8%. Numa análise global dos 27 estados-membros, em Julho, a Europa somava 23,05 milhões de desempregados. A taxa de jovens europeus sem ocupação laboral foi estimada pelo Eurostat em 20,2%. Apesar deste panorama, o Eurostat não nega que o desemprego nacional pode estar a traçar uma curva descendente.
Quem não gostou destes números foi o Governo português que perante a análise do Eurostat reagiu, através do secretário de Estado do Emprego, Valter Lemos, referindo que “a taxa oficial de desemprego no segundo trimestre de 2010 é de 10,6%. Esse é o número oficial do desemprego em Portugal”. Apesar de rejeitar esta taxa, o responsável negou qualquer crítica direta ao órgão de estatística europeu, acentuando contudo que “os números que o Eurostat tem avançado para o desemprego nacional tem vindo a mudar todos os meses. Todos os meses o Eurostat tem corrigido as estimativas que tem apresentado e estas oscilações constantes nos dados devem ser questionadas ao Eurostat”.
Valter Lemos argumentou ainda nos dados de Junho, o Eurostat havia concluído que o desemprego tinha registado uma subida em Abril, alcançando os 10,8%. Percentagem que Valter Lemos questionou uma vez que o Instituto Nacional de Estatística (INE) apontava para uma taxa de 10,6% no primeiro trimestre e o Instituto de Emprego e Formação Profissional anunciava uma tímida descida mensal de 0,2% no mês de Abril. Logo, para o secretário de Estado tal percentagem não era possível. E quando Valter Lemos esperava uma revisão em baixa desta taxa por parte do Eurostat, o organismo de europeu estatística efetua correções na sua estimativa, mas para pior, atribuindo a Portugal um índice histórico de desemprego.
Recorde-se que em Dezembro de 2009 o Primeiro Ministro, José Sócrates, mostrava-se certo de que o desemprego iniciaria em 2010 a recuperação. Certo é que à luz do Eurostat, em Maio Portugal tinha 605 mil profissionais em busca de um lugar no mercado de trabalho e em termos europeus há 23 milhões de pessoas sem emprego.