Uma das principais razões que leva um profissional a tomar a opção de deixar o seu emprego é a desmotivação gerada pelo facto de não sentir o seu valor reconhecido. Tanto ou mais do que um salário justo ao final do mês, os profissionais valorizam uma organização e um líder que os faça sentir como um elemento chave para o sucesso da empresa e não como uma peça do puzzle que pode, a qualquer momento, ser considerada dispensável. Pode parecer estranho que depois de investir tanto tempo e recursos na identificação e contratação dos melhores profissionais, um líder negligencie o seu desenvolvimento, mas para Jacquelyn Smith, especialista em carreiras da Business Insider, a situação é na verdade muito comum e há até indícios claros que podem ajudar um profissional a avaliar até que ponto a sua empresa, e o seu líder, se preocupam com ele, com a sua carreira e motivação. Em suma, até onde estão dispostos a ir para o apoiar no seu percurso.
São inúmeros os especialistas a teorizar sobre o custo de um mau recrutamento para a empresa e o impacto que a escolha do profissional errado pode ter para o negócio. Mas e se o recrutamento foi eficaz, certeiro e o profissional foi de excelência e o líder deitar todo esse trabalho por terra com o seu modelo de liderança? Pode um mau líder afastar um bom profissional? Pode. Para Jacquelyn Smith, o que qualquer profissional quer da empresa onde trabalha é sentir que o seu trabalho contribui efetivamente para fazer a diferença nos resultados do negócio. Por isso, o compromisso dos profissionais tende a ser maior se sentirem da parte dos seus líderes o reconhecimento pelo seu empenho e uma preocupação com a sua motivação e desenvolvimento de carreira.
Organizações como o Google ou Facebook reconhecem de tal forma o impacto crítico que as lideranças têm no desenvolvimento do talento, que regularmente realizam inquéritos aos seus profissionais para identificar o que procura um profissional de excelência no seu líder. Nas últimas análises realizadas as conclusões foram, invariavelmente, as mesmas: os profissionais querem que as suas chefias mostrem interesse em cada um dos elementos da sua equipa. Por outras palavras, para um profissional é determinante sentir que o seu chefe não só se preocupa como está empenhado no seu sucesso e motivação profissional.
Sem o apoio de um líder, argumenta a especialista, é muito difícil a um profissional que se sente “abandonado na sua missão e irrelevante para a empresa”, permanecer motivado, sentir-se parte da equipa e do seu sucesso e, consequentemente, dar o seu melhor. É uma espiral descendente que pode levar o melhor dos profissionais a um processo de estagnação na carreira, se não souber a tempo identificar os sinais de desinvestimento das chefias e procurar novos desafios e fontes de valorização.
6 indícios de que precisa de mudar de chefe ... ou de empresa
Michael Kerr, coach em gestão de carreira e liderança e autor do livro “The Humor Advantage” elenca seis questões-chave que devem merecer por parte dos profissionais uma reflexão regular. Na resposta a estas perguntar, argumenta o especialista, pode residir a salvação de uma carreira.
1. Tem um líder que não lhe demonstra apoio, orientação ou sequer feedback?
Se a resposta é sim e se no seu quotidiano profissional se sente frequentemente sem orientação, objetivos ou apoio para atingir metas, ou se o seu chefe parece mais preocupado com os aspectos tácticos da sua função do que com a evolução e competências que está a capitalizar com o desempenho das suas funções, então ele não estará propriamente preocupado com a sua progressão e sucesso, e muito menos com a sua motivação. O impacto de uma destas chefias na sua carreira pode ser danoso.
2. A sua chefia nunca lhe pede opiniões ou ideias, nem demonstra abertura para o ouvir?
Se tem um líder que manifesta pouca abertura a ouvir as suas ideias, é porque não está preocupado com a sua evolução e muito menos em perceber até que ponto você pode, ou não, contribuir para o sucesso da empresa. E este será provavelmente um dos primeiros indícios de que as perspetivas de evolução, sob a alçada daquela chefia, são nulas.
3. Não se sente justamente recompensado ao nível da remuneração e o seu chefe não demonstra preocupação em ultrapassar esse constrangimento?
É uma das métricas mais importantes para testar a relevância que a sua chefia lhe atribui. Um líder que não se preocupa em remunerar de forma justa os seus colaboradores, não está disposto a valorizá-los ou reconhecer o seu mérito.
4. Foi preterido numa promoção que merecia?
Se está a fazer um ótimo trabalho – por vezes até superando colegas mais experientes nos resultados alcançados – e mesmo assim alguém menos produtivo ou relevante para os resultados do negócio é promovido e você não, é um sinal de que o culto da meritocracia esta a falhar na sua empresa.
5. Sempre que solicita ajuda na resolução de um problema ou mera questão burocrática é ignorado?
Uma empresa que não se preocupa com o seu bem estar, em coisas práticas, ignorando o seu pedido de ajuda ou de intervenção na resolução de um problema, não está preocupada em dar-lhe as ferramentas necessárias para que desempenhe a sua função o melhor possível.
6. Sente que há uma desconfiança latente?
Se tem um chefe que questiona todas as suas justificações, com desconfiança, é um sinal concreto de que não está no lugar certo.