As empresas que encaram os colaboradores como meras “máquinas” são organizações que, simplesmente, não têm futuro. O alerta vem de Pascual Olmos, o diretor executivo da Repsol e co-autor da obra “A Vida que Tu Mereces”, recentemente publicada em parceria com Aléx Rovira. Para os autores, “o mundo enfrenta uma crise que não é apenas económica, mas também de valores, institucional, política, de justiça e de padrões de comportamento”. Um contexto que para os economistas, deu lugar ao desemprego, ao aumento dos níveis de corrupção e à falta de confiança. No seu mais recente livro, Aléx Rovira e Pascual Olmos desmistificam estas questões e demonstram como é possível harmonizar o trabalho e a competitividade com a realização pessoal de cada um.
Pascual Olmos reconhece que o atual cenário europeu em matéria de empregabilidade é “difícil, mas não dramático”. O especialista está convicto de que “as competências dos trabalhadores terão de ser cada vez mais técnicas e de maior valor acrescentado” pois esta, reforça, “é a única maneira de competir com os países asiáticos e emergentes, onde a mão-de-obra é barata”. A recuperação económica é certa e a criação de emprego também deverá aumentar, mas “o que teremos será um mercado dual, onde empregos antigos com condições de estabilidade que ainda conhecemos atualmente vão conviver com novos empregos temporários, a tempo parcial, mais desvalorizados e mais precários”, explica.
Uma visão também corroborada por Aléx Rovira para quem a diferenciação passa pela capacidade de gerar valor, o que implica “encontrar nichos de mercado estratégicos onde nos possamos diferenciar”. O autor dá como exemplo a Mercadona, em Espanha. Um caso de eficiência na distribuição comercial e na gestão. Mas outros exemplos abundam, mesmo quando a tendência é “um mercado laboral onde profissionais altamente qualificados convivem com mão-de-obra pouco qualificada”. Para Aléx Rovira, parte da estratégia para abordar com sucesso a recuperação do mercado de trabalho futuro, passa por levar os organismos competentes a “recuperar e relançar a formação profissional”.
Para os autores, a evolução positiva da empregabilidade passa também por pensar as causas que conduziram ao atual cenário e “e encontrar um modelo alternativo de gestão baseado no valor, que integre a economia, a espiritualidade e a psicologia. Uma nova via que nos permita atingir, a cada um de nós, a realização pessoal”, explicam enfatizando que “é possível ser-se feliz no trabalho, criar motivação no trabalhador quando este já não tem esperança e promover uma harmonização entre o trabalho e a vida pessoal e familiar de cada um”. Uma estratégia, que garantem, já é seguida pelas empresas de sucesso.
A par com a felicidade que deve destacar-se nas políticas de gestão empresarial, a competência mais determinante para o sucesso profissional é a atitude continua de evolução, qualificação e melhoria. Contrariar a crise e aumentar a competitividade passa, segundo Pascual Olmos, pela capacidade das empresas motivarem os seus quadros e levá-los a alcançar a felicidade. “Uma empresa com trabalhadores motivados é, pelo menos, 40% mais produtiva que as suas concorrentes”, concluí Olmos.
Da tecnologia à componente emocional
Para Pascual Olmos, a tecnologia será o grande motor de crescimento e de recuperação do mercado de trabalho nos próximos dez anos. Comunicação, engenharias, robótica e telemedicina, novos materiais, mas também serviços, turismo e lazer vão liderar o potencial de criação de emprego. Sectores a que Aléx Rovira acrescenta as energias limpas e renováveis, a indústria da reciclagem, a nanotecnologia aplicada à medicina e muitas outras. O economista diz que mais do que apenas formação técnica, os profissionais do futuro devem explorar competências-chave, determinantes para a sua evolução e competitividade no mercado laboral: inteligência emocional e social; inteligência lógico-racional; inteligência prático-operativa; inteligência espiritual; inteligência criativa e não menos importante, “inteligência ética para evitar novas crises como a que estamos a viver hoje”. Para Rovira, “a miséria moral de quem lidera é que deu origem à miséria económica que vivemos”.