A Aspirina soma mais de 100 anos e a pílula contracetiva celebra este ano cinquenta. Ambas têm a chancela do grupo Bayer que cem anos depois de dar o primeiro passo em território nacional continua a nortear a sua expansão utilizando três matérias primas: ciência, tecnologia e inovação. João Barroca, diretor-geral da Bayer Portugal, é o líder de uma empresa que assegura emprego a três centenas de trabalhadores. A precariedade fica à porta, mesmo perante uma conjuntura económica adversa. Apenas cinco dos colaboradores da Bayer Portugal têm contrato a termo e em 2010, a organização que lidera perdeu apenas dois trabalhadores que saíram voluntariamente. Um retrato que para João Barroca deixa claro o valor da política de recursos humanos adotada, fator que sustenta o sucesso da marca.
As equipas de Marketing & Vendas representam cerca de 50% do universo de colaboradores da Bayer em Portugal, mas nem só de comerciais vive a empresa. As áreas técnicas e de middle management representam, segundo João Barroca, 25% dos colaboradores, sendo maioritariamente composta por profissionais licenciados nas áreas das Ciências da Vida, com uma média etária de 38 anos.
Inovação e competência são para João Barroca os grandes trunfos que a Bayer tem utilizado para se expandir com sucesso. Assumindo-se como uma empresa com competências centrais nas áreas da saúde, alimentação e materiais de alta tecnologia, a Bayer assume como missão prestar um serviço de utilidade à comunidade, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida ao mesmo tempo que gera valor pela via da inovação. Science for a better life é o lema da Bayer que prevê realizar até ao final do ano, a nível mundial, investimentos superiores a três mil milhões de euros em investigação e desenvolvimento.
Mas por detrás deste investimento estão pessoas. Estão os colaboradores certos, no lugar certo. Em 100 anos de presença em Portugal muito mudou na Bayer em termos de política organizacional para que a empresa continuasse a conseguir cumprir as exigências de um mercado cada vez mais competitivo e global. “No passado os nossos recrutamentos privilegiavam mais as competências técnicas. Hoje, não só elevámos a fasquia das competências técnicas como procuramos e desenvolvemos outras competências”, diz João Barroca. Colaboradores voltados para uma visão global do mundo, exímios no relacionamento inter-pessoal aptos a analisarem e integrarem as perspetivas dos diversos players do mercado em que se movimenta a empresa são requisitos-chave para qualquer novo recrutamento na Bayer. “Cada um dos colaboradores que recrutamos pode, e deve, ser um líder independentemente de ter ou não uma equipa a reportar-lhe. O que queremos é estimular um forte sentido de liderança e um espírito empreendedor que é essencial para que empresa obtenha êxito no médio e longo prazo”, enfatiza o diretor-geral acrescentando que foi com esta fórmula que a empresa alcançou a sua atual posição no mercado.
Mas, alimentar este novo paradigma exigiu que o departamento de recursos humanos da Bayer se transformasse. A empresa abandonou um papel mais reativo e passou a centrar a sua atenção menos nas responsabilidades de caráter administrativo e mais no seu papel de parceiro de negócio. “Hoje, a missão do Departamento de RH é, trabalhando em conjunto com o management , desenvolver os colaboradores para além das valências técnicas aumentando o seu comprometimento com a empresa, potenciando ao máximo o seu talento e, em última instância, fomentar uma verdadeira cultura de meritocracia dentro da empresa”, refere o líder.
A formação e a progressão na carreira são pontos-chave na política de RH desta empresa. Em termos médios, durante o ano de 2009, a Bayer Portugal investiu cerca de 600 euros e 60 horas de formação por cada um dos seus 300 colaboradores. E no que toca à processão na carreira, João Barroca diz privilegiar claramente as promoções internas em detrimento do recrutamento externo. “O nosso objetivo é ser sempre em casa quadros prontos para assumir funções de maior responsabilidade”, frisa.
É com esta estratégia que a Bayer Portugal se tem posicionado nos momentos de crise económica. Tudo complementado com uma elevada dose de otimismo. “Não reduzimos os investimentos em formação, nem diminuímos as oportunidades de desenvolvimento, muito pelo contrário. Em contra-ciclo, apostámos no talento dos nossos quadros, desafiámo-los a abraçar novas funções, algumas além-fronteiras e a serem ainda mais polivalentes”, explica o diretor-geral acrescentando que “como resultado disto, tivemos apenas duas saídas voluntárias da empresa em 2010, monstrando que estamos no caminho certo com esta política de recursos humanos”.
A empresa não tem neste momento em curso numa grande ação de recrutamento, até porque reforçou há pouco algumas das suas áreas estratégicas com novos colaboradores. Ainda assim, João Barroca adianta que a ligação às universidades e aos recém-licenciados estão constantemente na mira da empresa. A empresa detém protocolos e parcerias com diversas associações e instituições de ensino (como a Universidade de Aveiro, a Associação Portuguesa de Gestores e Técnicos de Recursos Humanos, entre outras) no sentido de aproximar a Bayer do meio universitário e contribuir para a integração de jovens estudantes no mundo empresarial. Os alvos tanto podem ser na área da biomedicina e farmácia, como na área das ciências sociais, mostrando que nesta empresa de onde até já saiu um Prémio Nobel (Prof. Gerhard Domagk, distinguido pelo seu trabalho de pesquisa sobre os efeitos anti-bacterianos das sulfonamidas), não há visões restritivas, apenas uma premissa comum viver melhor pela via da ciência. Seja em casa ou no local de trabalho.
Bayer em números
. 300 colaboradores
. Apenas 5 contratos a termo
. 3 mil milhões de euros investidos em I&D, em 2010
. 600 euros de formação (60 horas) investidos por ano em cada um dos colaboradores
. Apenas duas saídas voluntárias da empresa em 2010