O Instituto de Empreendedorismo Social (IES) partiu à procura de iniciativas que promovem maior bem-estar social no distrito de Vila Real. Com a colaboração de docentes da Universidade Católica Portuguesa, ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, Universidade de Lancaster e o INSEAD – Business School, foi aplicada a metodologia pioneira ES+ de identificação de projetos inovadores na resolução de problemas sociais e ambientais, com elevado potencial de transformação social e escalabilidade. A pesquisa identificou cinco ações que foram apresentadas publicamente no final de dezembro.
“Foi uma oportunidade de reconhecer boas ideias, iniciativas e ótimos resultados” , refere Miguel Alves Martins, diretor executivo do IES, em relação ao trabalho efetuado. A oficina agrícola, que promove a autonomia de pessoas com deficiência através da atividade agrícola de uma forma continuada, levada a cabo pelo centro de Apoio a Deficientes do Alto Tâmega, em Boticas, foi uma das iniciativas de empreendedorismo social encontradas no distrito de Vila Real. A motivação e acompanhamento pessoal de crianças através da prática de atletismo; o aproveitamento e realocação de equipamento médico especializado através de um sistema de empréstimo; a existência de uma bolsa de voluntariado e por último a loja eco, de valorização da identidade local através do apoio à comercialização da produção de artesãos regionais, são os restantes projetos identificados. Foram também reconhecidas três projetos de empreendedorismo de desenvolvimento local, relacionadas com a produção de vinho, a prática de atividades lúdicas e desportos de aventura na natureza e um museu.
Após a realização deste trabalho o IES assinou um protocolo de colaboração com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Em conjunto com esta instituição vai ser feito o diagnóstico das necessidades no domínio da gestão nos projetos encontrados, serão desenvolvidos estudos académicos na área dos problemas identificados e numa terceira etapa, algumas empresas poderão vir a prestar auxílio técnico, não financeiro, às iniciativas. “O objetivo é aumentar a eficiência das ações, com o intuito que cresçam e tenham a capacidade de ensinar outros a fazer o mesmo” , explica Miguel Alves Martins.
Na ótica do IES o empreendedorismo social “adapta ferramentas de gestão para, através de empreendedores com uma forte missão social, satisfazer necessidades concretas das comunidades, procurando inovação, sustentabilidade, impacto e replicabilidade” . Este organismo defende que é essencial envolver e capacitar as comunidades locais para a resolução dos seus problemas e na prossecução do desenvolvimento. Criado em 2008, o instituto tem como missão trabalhar com organizações e indivíduos para identificar, apoiar, promover e relacionar iniciativas, inspirando e potenciando um mundo melhor. Focado numa missão social, pretende a partir do conhecimento local ter um elevado impacto a nível global. Quer ainda facilitar a emergência de novos empreendedores sociais e potenciar o seu impacto enquanto catalisadores de mudança. No prosseguimento dos seus objetivos criou uma metodologia, a ES+, devidamente certificada, que reconhece as ações de empreendedorismo social, de elevado potencial.
A primeira região escrutinada pelo IES foi Cascais, com o apoio da autarquia local, onde também identificou cinco iniciativas. Seguiu-se Vila Real, onde o instituto contou com o apoio do Governo Civil do distrito, da Fundação EDP e das câmaras municipais de Alijó, Boticas, Mondim de Basto, Montalegre, Murça, Ribeira de Pena e Sabrosa. “Depois de Cascais a ida para Vila Real teve como intuito testar a metodologia numa região com densidade populacional e economia completamente diferente” , salienta Miguel Alves Martins. Com atuação na Grande Lisboa e em Trás-os-Montes e Alto Douro, o Porto será a próxima zona a estar submetida à inspeção do IES.