A maioria das instituições financeiras aumentou o valor do salário-base dos seus gestores, tendo porém diminuído o montante anual dos prémios de compensação dos seus colaboradores e o peso dos incentivos a longo prazo. A conclusão é avançada pela consultora Mercer no estudo Executive Incentive Plan Snapshot Survey , agora divulgado.
Cerca de 70% dos profissionais inquiridos no estudo confirmam ter visto subir o valor do seu salário base e diminuído o seu prémio anual em dinheiro. A Mercer revela ainda que o peso dos incentivos a longo-prazo também aumentou para 56% dos profissionais e que 38% das empresas reduziram a proporção entre as stock options e os incentivos a longo-prazo. Paralelamente, mais de 65% das empresas assume ter programas obrigatórios de prémios diferidos, mas apenas 40% introduziram normas que permitem recuperar parte do prémio, caso o desempenho não seja o desejado.
Medidas que decorrem, segundo a Mercer, da preocupação das entidades reguladoras com o facto da cultura de bónus de curto-prazo, utilizada habitualmente neste setor, encorajar a tomada de riscos excessivos para a crise financeira atual. Contudo, e apesar das mudanças implantadas por grande parte das organizações financeiras, “espera-se que a legislação lançada pela União Europeia no início de 2011 seja ainda mais severa. Esta legislação deverá limitar o prémio em dinheiro aos trabalhadores do setor a um máximo de 30%, devendo o bónus remanescente ser entregue em pagamentos diferidos e ligado a fatores de desempenho a longo termo, com 50% pago em ações”, faz saber a Mercer.
Segundo Diogo Alarcão, partner da Mercer, “este estudo demonstra que tem existido um progresso significativo, a nível global, na resposta às orientações provenientes de organismos reguladores. No entanto, ainda há muito a fazer para ir totalmente ao encontro do que os reguladores pretendem, sobretudo no que toca a garantir que a avaliação de desempenho esteja alinhada com a natureza e horizonte temporal dos riscos”.
O responsável destaca ainda que “80% das organizações têm já um plano de incentivos a longo-prazo e 10% planeiam a sua implementação”. Os planos
shared-based são os mais frequentes (78%), sendo que 52% das empresas oferecem
stock options e 48% planos baseados em pagamentos em dinheiro. “A maioria das instituições tem vindo a introduzir métricas não financeiras para aferir o desempenho, como sejam o nível de satisfação dos clientes ou a gestão de risco”, explica Diogo Alarcão que revela ainda que “há uma preocupação crescente com a sustentabilidade a longo-prazo ainda que a maior parte das empresas não alinhe os benefícios dos seus executivos de topo com os das equipas que lideram”.