Carlos Santos, diretor institucional do IIF, reconhece que este modelo de negócio não está imune ao clima económico, mas na altura em que decorre 18ª edição da Expofranchise, mostramos-lhe os projetos que estão a fintar a adversidade e a gerar bons negócios, para além da adversidade.
Em pleno cenário de austeridade e instabilidade económica, o sector do Franchising ganhou, no ano passado, 42 novas marcas em território nacional, segundo dados do Censo do Franchising, realizado anualmente pelo Instituto de Informação em Franchising (IIF), com dados para o mercado nacional. Carlos Santos, diretor institucional do IIF, reconhece que o balanço geral desta análise sectorial aponta para um “abrandamento do número de redes de franchising e também no número de unidades a operar no mercado nacional”. Mas ainda assim, o franchising assegurou em 2012 cerca de 64 mil empregos no país e um volume de negócio na ordem dos 4.950 milhões de euros, cerca de 3% do Produto Interno Bruto nacional.
Carlos Santos recusa falar de imunidade à crise, preferindo destacar que “o franchising tem uma dinâmica muito própria, que permite explorar as oportunidades de negócio que surgem mesmo em momentos de crise”. Uma dinâmica que, como refere, poderá explicar o surgimento de novos conceitos num ano economicamente complicado, como foi 2012, e a presença de um elevado número de marcas na 18ª edição da Expofranchise, a mostra de oportunidades de negócio, que decorre ainda hoje até ao final do dia, no Centro Congressos do Estoril, sob o lema “As oportunidades de negócio criam-se”.
O mote, não mais é do que um espelho do que se tem assistido em Portugal neste sector. Com um total de 558 marcas, representadas por 11.018 unidades, o franchising nacional assegura já 1,4% do emprego nacional e 3% do PIB. Segundo os dados do Censo do Franchising 2012, mais de 62% das marcas presentes no mercado nacional são conceitos made in Portugal, demonstrando que o franchising reúne um número crescente de adeptos entre os empreendedores portugueses.
Menor investimento e aposta na internacionalização
E 2012, marcou uma viragem deste sector de atividade em muitas áreas. Fruto da conjuntura económica e da realidade de um país a braços com ajuda externa, cresceu significativamente o número de negócios low cost. Segundo Carlos Santos, “67% das marcas implicam investimentos até 50 mil euros e, dentro destas, 41% referem-se a negócios com investimento até 25 mil euros”. Para o responsável do IIF, “cada vez mais as redes têm procurado ajustar os seus conceitos ao mercado e à conjuntura, criando novas modalidades de baixo investimento”. O diretor acrescenta ainda que “estão a crescer os negócios orientados para o autoemprego”. Uma aposta que classifica como “inteligente” já que permite contornar a dificuldade de acesso ao crédito, permitindo a expansão das redes. O estudo demontra que os empresários nacionais continuam a acreditar neste modelo de negócio e no seu potencial enquanto gerador de emprego e autoemprego. Das 42 novas marcas que entraram no mercado durante o último ano, 76% são conceitos que surgiram da mente de portugueses e se desenvolveram no país.
Mas não se pense que têm fronteiras meramente nacionais. Um dos factores de destaque do último censo tem exatamente que ver com a tendência crescente de expansão internacional das marcas portuguesas. “Em 2012 existiam cerca de 910 unidades no exterior, um crescimento de 17,3% face a 2011”, salienta Carlos Santos. O sector dos serviços foi o que mais se destacou em 2012, seguido do comércio e da restauração. Uma hierarquia que o diretor institucional do IIF justifica com “as oportunidades que oferecem e o facto de na maioria dos casos implicarem um menor investimento, justificarem este domínio dos negócios de franchising na área dos serviços”.
Desde 1998 que o IIF aposta na realização desta radiografia ao mercado nacional do franchising. Os dados recolhidos ao longo dos anos têm permitido consolidar uma base de dados que espelha a evolução histórica em Portugal de um sector de atividade que tem crescido e inspirado um número crescente de empresário. O sistema minimiza o risco associado ao arranque um projeto empresarial, mas para empreender em franchising é necessário mais do que tem investimento inicial. O facto de se tratar de um modelo de negócio já testado e do franchisado contar em permanência com o apoio e conheciment do master, facilita mas não é tudo. Neste modelo de negócio, como noutros, mais importante do que a capacidade financeira é que o potencial franchisado tenha visão empresarial, capacidade de gestão e esteja disposto a dedicar-se ao conceito diariamente. O sucesso da rede depende dos franchisados e em momentos de crise, a sua escolha é cada vez mais rigorosa e cuidada.